miércoles, 16 de abril de 2003

E A BÍBLIA TINHA RAZÃO

E A BÍBLIA TINHA RAZÃO
 De novo é levantado um argumento que muitos anos atrás gerou grande controvérsia: a credibilidade da Bíblia. Entretanto, escavações arqueológicas efetuadas em numerosos locais da Palestina, da Síria e de outras terras bíblicas têm trazido à superfície muitas evidências que tem feito contribuições para uma melhor compreensão ou averiguação dos relatos bíblicos. O professor W. F. Albringht, uma autoridade no assunto, faz a seguinte observação sobre a arqueologia bíblica:
 “Graças às pesquisas modernas, reconhecemos agora a historicidade essencial dela (A Bíblia). As Narrativas acerca dos Patriarcas, de Moisés, do Êxodo, da conquista de Canaã, dos Juízes, da monarquia, do exílio e da restauração foram todas confirmadas e ilustradas a um ponto que, quarenta anos (ou mais) atrás, seria considerado uma impossibilidade”.[1]
 Apesar de tantas evidências a favor da Bíblia, a Revista Super Interessante do mês de julho trouxe como tema de capa o assunto: Bíblia o que é verdade e o que é lenda. Nesta matéria seu autor afirma que religião e a ciência disputam a posse da verdade há tempo. Utilizando-se da filologia (estudo da língua e dos documentos escritos), da arqueologia e da história chegou à conclusão que a Bíblia é “uma coleção de mitos, lendas e propaganda religiosa”.
Para o autor desta matéria a Bíblia contém 73 livros (pelo que entendemos ele incluiu os apócrifos que são no total 7 livros: Tobias após o livro canônico de Neemias, Judite após o livro de Tobias, Sabedoria de Salomão após o livro canônico de Cantares, Eclesiástico após o livro de Sabedoria, Baruque após o livro canônico de Lamentações, 1 Macabeu e 2 Macabeu após o livro canônico de Ester). A igreja Romana aprovou os apócrifos em 18 de abril de 1546, para combater o movimento da reforma protestante, que se iniciava. Nessa época, os protestantes combatiam violentamente as novas doutrinas romanistas: do purgatório, da oração pelos mortos, da salvação mediante obras, entre outras. A igreja Romana via nos apócrifos bases para essas doutrinas, e, apelava para eles, aprovando-os como canônicos. Estes livros foram por um bom tempo ainda sendo publicado nas Bíblias, não porque fossem inspirados, mas por conter valor literário e histórico. Somente em 1629 os evangélicos os omitiram de vez nas Bíblias editadas, para evitar confusão entre o povo simples que muitas vezes não conseguia discernir entre um livro inspirado por Deus e um apócrifo (não inspirado).
MERECE CONFIANÇA O ANTIGO TESTAMENTO?
 O autor da matéria ainda diz: “O Velho Testamento, aceito como sagrado por judeus, cristãos e mulçumanos, é composto de 46 livros que pretendem resumir a história do povo hebreu....”. Pelo que sabemos; os apócrifos somente são aceitos pela igreja Católica Romana e pela igreja Ortodoxa Grega como canônicos, para os judeus em qualquer época da história, a tanach (Antigo Testamento) era composto de 24 livros sendo 5 livros da Lei, 8 livros dos profetas, 11 escritos. Isto acontecia porque 1 e 2 Samuel eram um só livro, 1 e 2 Reis eram um só livro, 1 e 2 Crônicas eram um só livro, Esdras e Neemias eram um só livro, os Doze profetas menores eram um só livro, sendo que este 24 são os mesmo 39 que temos hoje. Flávio Josefo, historiador judeu os reduziu posteriormente a 22 livros, em correspondência às 22 letras do alfabeto hebraico, combinando Rute com Juizes e Lamentações com Jeremias.
Afirmar que os judeus aceitavam os apócrifos como regra de fé e conduta é chamar Jesus de mentiroso, pois ele citou a crença corrente entre seus conterrâneos ao afirmar: “convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos” (Lc 24.44). Se houve algo em que os judeus foram fieis até a morte, foi em preservar os oráculos divino como temos hoje nos 39 livros do Antigo Testamento. 
A VERACIDADE DA HISTÓRIA DO DILÚVIO 
A revista começa questionando o dilúvio. Pelos numerosos relatos e narrativas mitológicas da Babilônia temos vários paralelos com os primeiros onze capítulos do livro de Gênesis. Afirmar que “a narrativa do Gênesis é uma apropriação do mito mesopotâmico” é desconhecer a causa. Não encontramos nenhum paralelo na Mesopotâmia, nem no Egito, com as descrições do Jardim do Éden, nem sobre a tentação e queda do homem a não ser na Bíblia. Um dos achados mais importantes da arqueologia é a décima primeira tábua da famosa Epopéia de Gilgamés. Nela e no mito de Atrahasis encontramos várias semelhanças com os relatos bíblicos, veja:
ÉPICO DE GILGAMÉS
“Outro achado importante que vem das escavações de Henry Layard foi um velho conto babilônico do dilúvio chamado Épico de Gilgamés. Quando o Épico de Gilgamés foi publicado pela primeira vez na Europa em 1872, ele causou uma sensação que rivalizava com as teorias de Darwin. Algumas pessoas o declaravam uma prova histórica do dilúvio do Gênesis, enquanto outros ainda desdenhavam da asseveração de que a Bíblia é singular e autentica. Em toda a literatura mesopotâmica, o conto do dilúvio no tablete 11 representa a principal correlação com o texto bíblico. Na história recontada aqui, Gilgamés é avisado sobre o dilúvio por Utnapishtim, um homem que ganhou a imortalidade, e como o Noé bíblico, também passou salvo pelas águas do dilúvio. Em seu relato do dilúvio, ele diz que o deus criador Ea favoreceu-o avisando-o sobre o dilúvio e ordenando-lhe que construísse um barco (cf. Gn 6.13-17). Neste barco ele levou sua família, tesouros e todas as criaturas vivas (cf. Gn 6.18-22; 7.1-16), escapando assim da tempestade enviada pelos céus que destruiu o restante da humanidade (cf. Gn 7.17-23). De acordo com seus cálculos, a tempestade acabou no sétimo dia, e a terra seca apareceu no décimo segundo dia (cf. Gn 7.24) quando o barco veio repousar sobre o monte Nisir, no Curdistão (ao invés do bíblico monte Ararate, na Turquia)”.[2]
O ÉPICO DE ATRAHASIS
“A descoberta do mais antigo texto mesopotâmico com paralelos com o Gênesis foi feito no século passado e chamado Épico de Atrahasis (Atrahasis é o principal personagem da narrativa). Apesar de ter sido primeiro publicado em 1876 por George Smith, do museu britânico, descobriu-se em 1956 que ele tinha erroneamente ordenado a destruição dos fragmentos do texto, e em 1965 que tinha somente um quinto do próprio texto! Foi então que o erudito inglês Alan Millard, assistente interino do Departamento de Antiguidade da Ásia Ocidental no Museu Britânico, pôde restaurar outros três quintos de texto dos fragmentos armazenados no porão do museu. Enquanto analisava um texto que tinha sido desenterrado mais de um século antes, ele notou que os escritos pareciam estranhamente como os do livro de Gênesis. Esta história épica estava preservada num tablete de mais de 1.200 linhas. O tablete em si provavelmente datava do século XVII a.C., mas a história que ele recontava remonta a séculos do período babilônico mais antigo. A história, apesar de apresentada de uma perspectiva teológica dos babilônicos, contém muitos detalhes que são semelhantes aos relatos bíblicos da criação e do dilúvio. No conto babilônico os deuses governavam a terra (cf. Gn 1.1). Eles fazem o homem do pó da terra misturado com sangue (cf. Gn 2.7; 3.19; Lv 17.11). Para tomar dos deuses inferiores a responsabilidade de cuidar da terra (cf. Gn 2.15). Quando os homens se multiplicam sobre a terra e se torna muito barulhento, um dilúvio é enviado (depois de uma série de pragas) para destruir a humanidade (cf. Gn 2.15). Um homem chamado Atrahasis, é avisado sobre o dilúvio e recebe ordens para construir um barco (cf. Gn 6.14). Ele constrói um barco e enche-o de comida, animais e pássaros. Por este meio ele é salvo enquanto o resto do mundo perece (cf. Gn 6.17-22). Muito do texto é destruído neste ponto, portanto não há registro da atracagem do barco. Contudo, como na conclusão do relato bíblico, a história termina com atrahasis oferecendo um sacrifício aos deuses e o deus principal aceitando a continuação da existência humana (cf. Gn 8.20-22)”.[3]
 Além de a arqueologia confirmar o dilúvio, temos ainda a confirmação deste evento pela boca de ninguém menos que Jesus que o comparou com a sua segunda vinda: “E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca. E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.37-39). Veja que Jesus admitiu o dilúvio, então para nós é questão resolvida, pois duvidar de suas palavras é duvidar de Deus.
ABRAÃO, A ROTA E OS CAMELOS.
Ainda o autor cita um arqueólogo israelita, diretor do Instituto de Arqueologia da Universidade de Tel-aviv para confirmar seu artigo. Pode até parecer estranho, mas não é de hoje que alguns judeus se juntam aos seus colegas gentios para negarem a existência dos patriarcas. Outros também já se levantaram para elaborar teorias que provasse que a narrativa dos patriarcas no livro de Gênesis era historicamente impossível. A Arqueologia verificou a existência de quase todas as cidades mencionadas em conexão com as peregrinações de Abraão. Já ficou provada a existência das cidades de Siquém, Betel, Ai, Jerusalém, Gerar, Dotã e Berseba no tempo de Abraão. Além disso, se Abraão é apenas um fato histórico, a prática da circuncisão que os judeus praticam até o dia de hoje seria uma farsa. Mas este ato testifica para a comunidade judaica sua identificação com os patriarcas bíblicos; negar Abraão é negar a fé de milhares de judeus que ao nascerem seus pais os submetem a Aliança que o Eterno firmou com este hebreu. No Novo Testamento ele é chamado de “Pai de todos nós” (Rm 4.16) e os crentes em Cristo Jesus são chamados de “filhos” e descendentes dele “segundo a promessa” (Gl 3.7,29). Ainda vemos que Jesus e os apóstolos ratificam a historicidade dos patriarcas (Mt 1.1-2; 3.9; 8.11; Lc 13.28; 16.22-30; 20.37-38; Jo 8.39-58; At 3.13,25; 7.16-17; Hb 2.16; 7.1-9; 1 Pe 3.6).
Na revista ainda lemos: “Vejamos agora o caso de Abraão, o patriarca dos judeus. ...Na viagem, ele e seus filhos comerciavam em caravanas de camelos... e, naquela época, os camelos ainda não haviam sido domesticados” (Página 43). Como estudante de história, tenho certeza de uma coisa, é impossível, historicamente datar precisamente quando o homem passou a domesticar os animais. Entretanto, o autor da revista quer dar entender que os camelos não eram domesticados por volta de 1850 a.C., mas há outros historiadores que pensam diferente dele. Observou Kenneth Kitchen: “Com freqüência tem sido afirmado que a menção a camelos e sua utilização é um anacronismo no livro de Gênesis. Tal acusação simplesmente não esta ao lado da verdade, visto que existem evidências tanto filológicas quanto arqueológicas no tocante ao conhecimento e à utilização desse animal nos começos do segundo milênio a.C., e mesmo antes”. Prosseguiu ele em sua explanação: “Apesar de uma possível referência a camelos, em uma lista de rações de Alalakh (cerca do século 18 a.C.), ter sido disputada, as grandes listas léxicas mesopotâmicas, que se originaram no antigo período babilônico, mostram que o camelo era conhecido desde cerca de 2000 — 1700 a.C., incluindo sua domesticação. Outrossim, um texto sumério de Nipur, pertencente ao mesmo antigo período, fornece-nos uma clara evidência da domesticação do camelo nesse tempo, através de suas alusões a leite de camela. Ossos desse animal têm sido encontrados nas ruínas de casas em Mari, pertencente ao período anterior ao rei Sargão - séculos 25 e 24 a.C. Essas e uma grande variedade de evidências não podem ser descartadas levianamente. Quanto aos começos e aos meados do segundo milênio a.C., um uso limitado do camelo é pressuposto tanto por evidências bíblicas quanto evidências externas, até o século 12 a.C.”.[4]
Torna-se secundário esse questionamento sobre a domesticação do camelo, mesmo que não tivéssemos a opinião contrária de um outro pesquisador, a problemática em datar esses fatos já seria um ponto a favor da veracidade Bíblia. 

O ÊXODO
A páscoa judaica comemora a saída da nação israelita do Egito. Nesta cerimônia os israelitas celebram por quase 3500 anos a saída da escravidão. Este evento foi o marco inicial da nação judaica, sendo até o dia de hoje lembrado entre os hebreus através da Seder (refeição tradicional) e da Hagaddah (história da saída do Egito). Mesmo assim existem vários eruditos judeus e cristãos que acreditam que o êxodo nunca aconteceu. Citarei alguns arqueólogos para solução das dúvidas levantadas:
O arqueólogo W. F. Albright ainda comenta acerca da exatidão das Escrituras: “Os dados do Pentateuco são, em geral, muito mais antigos do que a época em que foram finalmente copilados; novas descobertas continuam a confirmar a precisão histórica ou a antiguidade do texto em um detalhe após outro...Dessa maneira, é uma atitude exageradamente critica negar o caráter substancialmente mosaico da tradição do Pentateuco”.[5]
Sir Frederic Kenyon diz: “Portanto, é legitimo afirmar que, em relação àquela parte do Antigo Testamento contra a qual diretamente se voltou à crítica destruidora da segunda metade do século dezenove, as provas arqueológicas têm restabelecido a autoridade do Antigo Testamento e, mais, têm aumentado o seu valor ao torná-lo mais inteligível através de um conhecimento mais completo de seu contexto e ambiente. A arqueologia ainda não se pronunciou definitivamente a respeito, mas os resultados já alcançados confirmam aquilo que a fé sugere, que a Bíblia só tem a ganhar com o aprofundar do conhecimento”.[6]
Foi um estudioso e administrador britânico. Foi depositário-assistente de manuscritos do Museu Britânico (1898-1909). Tornou-se diretor do museu, cargo que ocupou até 1930. Publicou numerosas obras, inclusive: a Paleografia dos Papiros Gregos, Nossa Bíblia e os Manuscritos Antigos, Manual da Critica Textual do Novo Testamento e a Bíblia e a Arqueologia.
 Nelson Glueck, o renomado arqueólogo judeu, escreveu: “Pode-se afirmar categoricamente que até hoje nenhuma descoberta arqueológica contradisse qualquer informação dada pela Bíblia”. E prossegue comentando a “incrível fidelidade da memória histórica da Bíblia, especialmente quando corroborada pelas descobertas arqueológicas”.[7]
 Merril Unger faz um resumo: “A arqueologia do Antigo Testamento tem redescoberto nações inteiras, tem ressurgido povos importantes e, de um modo bem surpreendente, tem preenchido vazios históricos, aumentando imensuravelmente o conhecimento do contexto histórico, social e cultural da Bíblia”.[8]
Bacharel em Ciências Humanas e Doutorado em Filosofia pela Universidade Johns Hopkins, e o Mestrado em Teologia e em Divindade pelo Dallas Theological Seminary.
  Millar Burrows, da Universidade de Yale (nos Estados Unidos), comenta: “Em muitos casos a arqueologia tem refutado as opiniões de críticos modernos. Ela tem demonstrado em vários casos que essas opiniões repousam sobre pressuposições falsas e esquemas irreais e artificiais de desenvolvimento da história. Essa é uma contribuição real, que não deve ser minimizada”.[9]
 São infrutíferos os esforços de ridicularizar a Bíblia em detrimento de novas descobertas afloradas pela ciência moderna, porque a Bíblia leva na sua mensagem a sua própria defesa. Quando novos fatos científicos afloram de maneira criteriosa e exata, sempre vem a corroborar com as Escrituras Sagradas.

A CIÊNCIA E AS QUESTÕES BÍBLICAS
“O Gênesis, a história do dilúvio é uma das poucas que ainda alimenta o interesse dos cientistas, depois que os físicos substituíram a criação do mundo pelo Big Bang e Darwin substituiu Adão pelos macacos”(P.42). Sobre o gênesis e o dilúvio, isto é uma realidade, pois quando a ciência[10], chega à conclusão de suas pesquisas não há mais o que buscar a não ser trocar o certo pelo duvidoso. Vejamos um pouco mais sobre os assuntos citados.

SOBRE O BIG BANG
O ilustre divulgador da teoria do Big Bang, Doutor Hawking afirma o seguinte sobre tal tese: “Se encontrarmos a resposta para isso teremos o triunfo definitivo da razão humana; porque, então, teremos atingido o conhecimento da mente de Deus”.[11] Ou seja, um dos mais brilhantes cientistas, defensor da idéia do Big Bang, teve a humildade de deixar o assunto em aberto, mas o jornalista concluiu o que nem os cientistas ainda concluíram QUE O BIG BANG É FATO! As revistas, de modo geral, argumentam a favor e contra essa teoria, ainda não há um consenso.
 O site www.ChristianAnswers.Net/portuguese relata alguns fatos interessantes a respeito do tema, vejam: Os Criacionistas sustentam que no princípio Deus falou e a Terra surgiu -- ele ordenou e os céus se firmaram (Sl. 33.9)! Todas as milhares de estrelas apareceram repentinamente e sobrenaturalmente no espaço. As Escrituras não indicam uma explosão, embora o universo deva ter experimentado uma entrada repentina, "explosiva" de energia ordenada. Talvez alguns dados astronômicos que pareçam apoiar a teoria do big bang, tais como radiações infravermelhas e residuais, precisem, pelo contrário, ser encarados como evidências de uma criação rápida. Uma primeira variação secular da teoria do big bang fazia referência a um big bang "inflacionário", sugerindo que o universo teria se desenvolvido e amadurecido muito rapidamente em seus primeiros instantes. Nessa teoria particular, a ciência secular parece ter tomado um passo na direção criacionista. Maiores progressos devem ser de interesse nessa área de teoria e pesquisa. O big bang como é entendido hoje é uma teoria inadequada. Há muitos problemas fundamentais que raramente são mencionados na literatura popular. Alguns dos "elos perdidos" na teoria são:
Origem Perdida: A teoria do big bang supõe uma concentração original de energia. De onde veio essa energia? Os astrônomos algumas vezes falam de uma origem a partir de uma "flutuação mecânica quântica dentro de um vácuo". No entanto, na teoria do big bang, não existia nenhum vácuo antes da explosão. De fato, não há nenhuma teoria secular consistente para a origem, desde que cada idéia é baseada na preexistência de matéria ou energia.
Detonador Perdido:O que acendeu a grande explosão? A concentração de massa proposta nessa teoria iria permanecer unida para sempre como um buraco negro universal. A gravidade iria impedi-la de se expandir ao redor.
 Formação dos Astros Perdida: Nenhum modo natural foi encontrado para explicar a formação dos planetas, estrelas e galáxias. Uma explosão teria produzido, na melhor das hipóteses, uma pulverização de gás e radiação para o exterior. Este gás deveria continuar se expandindo, e não formar intrincados planetas, estrelas e galáxias inteiras.
 Antimatéria Perdida: Algumas versões da teoria do big bang requerem igual produção de matéria e antimatéria. Contudo, apenas pequenos traços de antimatéria - positrons e antiprótons, por exemplo - são encontrados no espaço.
 Tempo Perdido: Alguns experimentos indicam que o universo pode ser jovem, da ordem de 10 mil anos de idade. Se for verdade, então não há tempo suficiente para o desdobramento das conseqüências da teoria do big bang. Um curto espaço de tempo não levará em conta a evolução gradual das estrelas ou da vida na Terra.
 Massa Perdida: Muitos cientistas assumem que o universo eventualmente irá parar de se expandir e começar a se contrair novamente. Então ele irá novamente explodir e repetir seu tipo oscilatório de movimento perpétuo. Esta idéia é um esforço para escapar de uma origem e um destino para o universo. Para que a oscilação ocorra, entretanto, o universo deve ter uma certa densidade ou distribuição de massa. Até agora, medições da densidade da massa são 100 vezes menores do que o esperado. De fato há indicações de que o universo está acelerando para fora em vez de diminuir a velocidade. O universo não parece estar oscilando. A massa necessária ou "matéria escura" está "desaparecida".
 Vida Perdida: Em um universo em evolução, a vida deveria ter se desenvolvido em toda parte. O espaço deveria estar cheio de sinais de rádio de formas de vida inteligentes. Onde estão todos?
 Neutrinos Perdidos: Essas pequenas partículas deveriam inundar a Terra a partir do processo de fusão do Sol. O pequeno número detectado levanta questões acerca da fonte de energia do Sol e do entendimento global do homem sobre o universo. Como então a ciência pode falar com alguma autoridade sobre as "origens"?
 O Darwinismo já se tornou obsoleto e tão superado que em muitas faculdades dos EUA nem ensinar sobre esta teoria é permitido, mas o escritor do referido artigo vem tentar trazer como novidade, “as mais recentes descobertas”, teorias nem aceitas mais pela própria ciência! Sobre a questão “Teoria da Evolução” recomendo aos leitores que verifiquem a revista Defesa da Fé número 44.
UMA DAS CIDADES MAIS ANTIGA DA PALESTINA - JERICÓ
Sobre as muralhas de Jericó o artigo diz: “...na entrada de Jericó, o exército hebreu toca suas trombetas e as muralhas desabam, por milagre. Mas a ciência diz que Jericó nem tinha muralhas nessa época” (Página 46). Conhecendo os métodos de datação e como são cheios de falhas, fiquei pensando; quem foi o arqueólogo ou cientista que deduziu que a Muralha de Jericó não existia nessa época? Alguns séculos, dentro do contexto da historiografia, podem ser irrelevantes para a história de maneira geral. Por exemplo, quando queremos datar o segundo império Babilônico, temos grandes diferenças de ordem cronológica. Alguns historiadores corroboram com a Bíblia que seria sete séculos antes de Cristo. Entretanto, outros datam nove ou dez séculos antes de Cristo. A problemática é assim em toda a história, tudo pode ser possível, ou não, mas certas afirmativas, usadas pelo autor da matéria, são tendenciosas querendo arvorar um desfecho contrário a bibliologia. Gostaríamos de saber a fonte de tal informação, pois a matéria deixa muita coisa a desejar na bibliografia. Diferentemente da revista Super Interessante, a Barsa 2001 corrobora com os escritos bíblicos sobre Jericó. Vejamos:
“Segundo a tradição bíblica, depois que os hebreus deram sete voltas em torno de Jericó e os sacerdotes tocaram suas trombetas, os muros da cidade tombaram e ela foi ocupada pelas tribos de Josué. Jericó, cidade da Cisjordânia (margem ocidental do rio Jordão), é um dos agrupamentos urbanos mais antigos do mundo, pois remonta provavelmente ao nono milênio anterior à era cristã. Diversas expedições arqueológicas empreendidas a partir de 1950 localizaram os restos da cidade no monte Tall al-Sultan. Durante o neolítico, Jericó tinha construções em adobe e uma muralha defensiva de pedra. Seus habitantes dedicavam-se à agricultura e à pecuária. Os primeiros restos de cerâmica encontrados datam de 5000 a.C. Por volta de 2300 a.C., desenvolveu-se um poderoso núcleo urbano, habitado inicialmente pelos amorritas e logo em seguida pelos cananeus. Acredita-se que a chegada dos hebreus de Josué tenha ocorrido entre 1400 e 1260 a.C.”.
 Arqueologia e a Bíblia.
 Resolvemos, nessa continuação da matéria de refutação a Revista Super Interessante, iniciar o assunto falando sobre a arqueologia. Veremos o que significa e como pode ser útil na pesquisa Histórica.
O leitor precisa entender que quando um historiador faz um levantamento de um dado ou de vários dados históricos ele precisa utilizar várias ciências, Exemplo: Numismática (Estudos das Moedas), Paleografia (Estudo de manuscritos antigos), Heráldica (Estudo dos Brasões), Psicologia (Estudo do comportamento humano), Antropologia (estuda e classifica os diversos grupos em que se distribui o gênero humano, sob os aspectos biológico e cultural), Filologia (Ciência que tem por objeto o estudo da língua em toda a sua amplitude e a partir de todos os documentos escritos disponíveis)... Enfim, para que tenhamos uma razoável perspectiva da história, nós precisamos usar todas as ferramentas que a erudição nos disponibiliza. Entre essas ferramentas está a Arqueologia. A nossa abordagem tentara mostrar que o importante é o conjunto em prol de uma solução.
 Definindo o Termo:
 Arqueologia Do gr. archaiología. S. f. 1. O estudo científico do passado da humanidade, mediante os testemunhos materiais que dele subsistem.  2. O conjunto das técnicas de pesquisa e da interpretação do que resulta da arqueologia. (Dicionário Aurélio, Século 21 em CD Rom).
 A Não Evidëncia Como Evidëncia
Uma coisa que muitos pesquisadores e arqueólogos tem feito é colocar a não evidëncia como evidëncia. Ou seja, se não se acha a ruína de uma torre de quatro mil anos, então ela não existiu. Erroneamente assim têm procedido alguns cientistas. Em minha humilde opinião, agir dessa maneira é falta de responsabilidade.
- “Não há registros arqueológicos ou históricos da existência de Moisés ou dos fatos descritos no Êxodo...” (Página 43). Aqui a revista Super Interessante fala sobre Moisés e o Êxodo, colocando o personagem e os fatos dos relatos bíblicos como inexistentes devido à falta de evidëncia, (embora elas existam), ou seja, o autor está usando o princípio da falta de evidëncia para evidenciar alguma coisa. É essa gafe sem tamanho que quero que os leitores observem, pois falta de evidëncia arqueológica é apenas um ponto, precisamos perguntar as outras ciências para tirarmos todas as dúvidas – Por exemplo, o que nós diz a Numismática, a Paleografia, a Diplomática e a Filologia? Sem contar que as picaretas dos arqueólogos ainda não cessaram o seu labor, pode-se, a qualquer momento, mais evidëncias serem precipitadas corroborando com as escrituras.
Informa-nos o seguinte o Arqueólogo Price: “Deve ser lembrado que na arqueologia a ausência de evidëncia não é evidëncia de ausência. Como a história demonstrou, dando-se tempo, no fim a evidëncia dará apoio ao texto bíblico” (Price, R., Pedras que Clamam, Editora CPAD, 2001, São Paulo, página 290).
Se relevarmos a questão da Paleografia, Heráldica, Filologia... Em relação à Bíblia, descobriremos que os manuscritos bíblicos são fartos e bastante confiáveis pelos parâmetros historiográficos. Os manuscritos do Mar Morto, com varias partes do Velho Testamento vieram à tona corroborando com os já existentes, detalhe, alguns manuscritos datam do I e II século antes de Cristo. O Novo testamento possui milhares de manuscritos, inclusive cópias do primeiro século, da época dos apóstolos. De acordo com o Dr. Metzger (Ph. D.) há do Novo Testamento 5.664 manuscritos em grego, milhares de outros manuscritos antigos em outras línguas, no total de 24 mil manuscritos. (Vide: Strobel, L., Em Defesa de Cristo, Editora Vida, 2001, São Paulo, Página 81).
Bem, já que temos um grande arsenal documental sobre a Bíblia, para que serve a arqueologia?
Contundentemente poderíamos afirmar que a arqueologia não serve para comprovar a Bíblia, mas para corroborar com os seus fatos históricos e geográficos. Digo isso, por que os acontecimentos miraculosos nunca poderão ser entendidos plenamente pela mente humana, colocando a arqueologia em deficiência nesse aspecto. No geral, entretanto, a arqueologia tem servido propositalmente à elevação da Bíblia como um documento histórico de alta confiabilidade!
“Muitas pessoas têm a idéia de que a arqueologia pode comprovar a Bíblia. Até certo ponto isso é verdade. A arqueologia pode ajudar a verificar certos eventos históricos que aconteceram no passado, mas a arqueologia só pode ir até onde aquela arqueologia talvez possa demonstrar a verdade de algum evento histórico, mas certamente não pode verificar o miraculoso” (Price, R., Pedras que Clamam, Editora CPAD, 2001, São Paulo, página 297).

SAUL, DAVI E SALOMÃO

A matéria não nega a existência de Davi e Salomão, mas ofusca a realidade bíblica em relação ao que realmente foram esses dois grandes reis – “Há pouca dúvida de que Davi e Salomão existiram... Na verdade, Davi não teria sido o grande líder que a Bíblia afirma... Davi e Salomão teriam sido apenas líderes tribais de Judá...” (página 46).
Davi e Salomão foram e são os pilares históricos da Nação Israelita. A existência desses dois Reis se confunde com a própria existência da nação Judaica. Tirar Davi e Salomão da história apenas por que há poucas fontes seculares, é um “crime historiográfico” sem precedência, pois se acompanharmos essa linha de raciocínio, o que será do resto da nossa história? Homero, Heródoto, Sócrates, Heráclito, Pitágoras... Se o documento mais notório da história da humanidade – a Bíblia, não servir para termos noção historiográfica de homens como Davi e Salomão, o que pensarmos dos outros documentos históricos bem menos fiéis do que a Bíblia que preenchem as lacunas históricas? Esse radicalismo “científico/histórico” pode nos precipitar em uma grande crise de identidade histórica!
DAVI E A ARQUEOLOGIA
“Quanto a David, há pelo menos um achado arqueológico importante: em 1993 foi encontrada uma pedra de basalto datada do século IX a.C. com escritos mencionando um Rei David” (Revista Super Interessante, Página 46).
“Outrossim, enquanto que os documentos em papiro (que falavam sobre Davi) são perecíveis, os selos que outrora estavam colados nestes documentos ainda existem. Escavações na Cidade de Davi revelaram numerosos destes selos (ou bulas) de barro nas ruínas de casas que foram queimadas pelo exército invasor babilônico no fim do período do primeiro templo. Além disso, há excelentes exemplos de inscrições mais duráveis desde o início da monarquia e o período do Primeiro Templo... Em Deir Alá, localizado no vale do Jordão, foi descoberta uma inscrição aramaica de meados do século VIII, mencionando o profeta bíblico Balaão (Nm. 22-24)... Estas descobertas, entre outras, embora escassas e singelas, mostram os tipos de achados que podem ser esperados e indicam certamente há mais a ser encontrado...Os críticos estão sendo obrigados a rever suas considerações céticas sobre o Rei Davi devido as descobertas de 1993... Inscrições num monumento de quase 3.000 anos, escrito em basalto preto por dois inimigos estrangeiros de Israel. Descoberto no sítio de Tel Dã, norte de Israel, esta inscrição surpreendentemente traz as palavras CASA DE DAVI... O termo Casa de Davi é um título que implica que, se havia uma Casa de Davi, deveria ter havido um Rei Davi... Sob esta consideração, CASA DE DAVI implica que durante esse período os reinos de Israel e Judá eram, como a Bíblia descreve, tremenda ameaça tanto política quanto militar para as nações circunvizinhas. Os revisionistas, porém, concederam que Israel e Judá eram cidades-estados insignificantes na época de Davi e Salomão. Mas um poder estrangeiro dominante como a Síria teria erigido um monumento comemorativo da derrota de inimigos sem importância? ... Até esse dia, os pequenos fragmentos que temos já são suficientes para admoestar os céticos à não mitificar os personagens bíblicos, como Davi” (Adaptado de: Price, R., Pedras que Clamam, Editora CPAD, 2001, São Paulo, Tópico “O Rei Davi” da Página 140 à 152).

 EVIDÊNCIAS DO REINADO DE SAUL E O GOVERNO SALOMONICO
 A Revista diz o seguinte: Sobre Saul: “Não há registros históricos ou arqueológicos da existência de Saul...” (Página 46). Sobre o período Salomonico: “Na verdade, o grande momento da história hebraica teria acontecido não no período salomonico, mas cerca de um século mais tarde...” (Página 46).
Ambas as questões são resolvidas de maneira objetiva pelo Dr. Josh Mcdowell. Sobre Saul, é comentada a escavação do seu palácio. Quanto a Salomão não ter sido o grande Rei que foi, os registros da invasão do Rei Sisaque, após a morte do monarca hebreu mostra a falácia dos argumentos de que ele não teria sido um poderoso imperador. Muitíssimos outros exemplos poderiam ser oferecidos sobre como as evidências arqueológicas têm projetado luz sobre os detalhes da narrativa bíblica. O despretensioso castelo de Gibeá, a residência do rei Saul, têm sido reencontrada... Os documentos assírios, em escrita cuneiforme, mencionam nove dos trinta e seis monarcas hebreus que reinaram durante o período do império assírio, oferecendo-nos muita informação valiosa sobre a história do reinado dividido de Israel e Judá. O Egito tem produzido uma bem acolhida cópia de evidências históricas, sob a forma tanto de documentos como de outro material. Há registros a respeito da invasão de Judá e de Israel pelo exército do rei Sisaque, após a morte de Salomão, registrada em dois livros do Antigo Testamento. Um vasto arquivo até hoje existente, que consiste em vintenas de documentos escritos em papiros, pelos judeus do período pós-exílio, tem esclarecido muitos pontos obscuros acerca daquele interessante período histórico sobre o qual colhemos alguns vislumbres nos livros de Esdras e de Neemias. A pá e a picareta dos arqueólogos têm produzido, em favor dos estudiosos da Bíblia, uma grande abundância de material auxiliar que capacita-nos a compreender e defender, muito melhor do que antes, as narrativas históricas das escrituras.
 Teria o Pentateuco Sido Escrito e Manipulado no Século VII a.C. e Não Escrito no Século XV a. C. ?
A Revista Super Interessante, em uma argumentação falaciosa, argumenta que o Pentateuco teria sido manipulado no século VII a.C. e não elaborado por Moisés no século XV a. C. – “...A libertação dos hebreus, escravizados por um faraó Egípcio, foi incluída no Torá provavelmente no século VII a. C...” (Página 43).
“Grabriel Barkay descobriu em 1979, numa tumba do vale de Hinom, em Jerusalém, pequenos rolos de prata contendo um texto do Pentateuco – a benção de Arão (Nm. 6:24-26), datado de antes do exílio de Judá. O achado criou um problema para os eruditos que defendiam a autoria do Pentateuco como sendo de sacerdotes de época posterior ao exílio. Como resultado, suas teorias deverão ser abandonadas” (Price, R., Pedras que Clamam, Editora CPAD, 2001, São Paulo, Página 36).
Ainda nos informa o Historiador Jaguaribe: “O mais antigo documento escrito da Tohah, o chamado Documento J, data do décimo século a. C. A Torah, ou Pentateuco,  contém cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio ...” (Jaguaribe, H., Um Estudo Crítico da História, Vol. 1, Editora Paz e Terra, 2001, São Paulo, Página 217).
Se há documentos com datas anteriores ao século VII a. C., a pergunta é óbvia, como então os sacerdotes judaicos teriam manipulado  algo que já existia?
É importante também relevarmos nesse caso o respeito que os sacerdotes e escribas tinham pela Torá e sua mensagem, desrespeitar a ordenanças de Deus seria trazer sobre si maldição de morte, veja:
“Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá” (Dt. 18:20).
Será que os zelosos sacerdotes e escribas, conhecendo a maldição aos que inventassem palavras que Deus não havia dito, teriam ainda assim coragem de acrescer algo ao Torá de Deus? Presumir dessa maneira é, sem dúvida, desconhecer a exegese dos tempos bíblicos e desprezar a dedicação de um povo que preserva sua religião e fé até hoje!
Sinceramente, segundo pesquisas, concluímos que é totalmente descabida a idéia do Pentateuco ter sido elaborado ou acrescido na data proposta pela Revista Super Interessante.
Infâmias Contra Jesus Cristo
Pior do que as incongruências arqueológicas, que são até toleráveis, foram às infâmias proferidas contra a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Questionar eventos históricos e arqueológicos é obrigação dos pesquisadores da área, mas duvidar da fé alheia é outro assunto que foge da alçada de quem não tem o mínimo de preparo teológico. O autor da matéria afrontou e desrespeitou a fé de milhares de pessoas e, para piorar, com argumentos da pior qualidade científica e arqueológica.
A Onde Jesus Nasceu, Belém ou Nazaré?
A Revista, contrariamente ao que diz a Bíblia (Lc. 2), tentando argumentar que o nascimento de Cristo em Belém não passou de uma manobra para encaixá-lo na profecia real messiânica, arvora: ... é praticamente certo que Jesus nasceu em Nazaré e não em Belém. A explicação que o texto de Lucas dá para a viagem de Jesus até Belém seria falsa. Os registros romanos mostram que Quirino (Aquele que teria feito o censo que obrigou a viagem a Belém) só assumiu no ano de 6 d. C. – 12 anos depois do ano de nascimento de Jesus...(Página 47).
O Dr. Hanegraaf nos informa: Na verdade, o censo de César Augusto é famoso – tão famoso, de fato, que os historiadores de crédito nem mesmo debatem a questão. O historiador Judeu Flávio Josefo, por exemplo, se refere a um censo Romano em 6 A.D. Considerando o alcance do censo, é lógico assumir que custou muito a ser completado. É razoável se inferir que começou com César Augusto por volta de 5 A.C., e que foi completado aproximadamente uma década depois. Lucas, um historiador meticuloso, nota que o censo foi primeiro completado quando Quirino era governador da Síria. De fato, como o historiador Paul Maier explicou – “Os Romanos demoraram 40 anos para completar o censo na Gália. Se considerarmos uma província na Palestina, a 1.500 milhas de Roma, se tomou uma década foi muito rápido. E visto que aquele censo finalmente veio até a administração de Quirino, Lucas pöde corretamente chamá-lo de seu censo”. (Extraído da Revista Defesa da Fé, n 41, página 37).
Jesus, Filho de um Relacionamento Espúrio?
Corroboramos com a afirmação da Revista Super Interessante de que Maria teve outros filhos após o nascimento de Jesus, mas afirmar que Ele é fruto de um relacionamento da jovem virgem com um soldado Romano, é faltar com a verdade dos fatos. Não podemos obrigar os sapientes jactanciosos da vida a acreditarem em milagres, agora inventar em detrimento do seu ceticismo, é faltar com a ética científica e historiográfica. Vejam o que diz a revista: Alguns textos apócrifos dos séculos II e III sugerem que Jesus é fruto de uma relação de Maria com um soldado romano. (Página 47).
O próprio Senhor Jesus insistiu que não foi gerado por José ou por qualquer homem, mas por Deus – Filho Unigênito de Deus (Jo. 1:18). Observe que Jesus não afirma ser simplesmente alguém que foi gerado por Deus. Antes, afirma ser a única pessoa nascida que foi gerada de tal maneira. Ele é o único Filho gerado de Deus. Ninguém mais chegou a nascer de uma virgem.
A Igreja Apostólica nunca teve dúvida sobre a questão de Jesus ter sido concebido por uma virgem. Os primeiros líderes da Igreja cristã, chamados de Pais da Igreja, corroboraram positivamente com os ensinos dos apóstolos. Em 110 A.D. Inácio escreveu: Pois nosso Deus Jesus Cristo... foi concebido no ventre de Maria... pelo Espírito Santo. Pois a virgindade de Maria e Aquele que dela nasceu... são os mistérios mais comentados em todo o mundo... Inácio recebeu a informação de seu mestre, o apóstolo João.
Um outro dos escritores pós-apostólicos, Aristides, em 125 A.D., fala dos nascimento virginal de Jesus: “Ele é o próprio Filho do Deus excelso que se manifestou pelo Espírito Santo, desceu dos céus e, nascido de uma virgem hebréia, se encarnou a partir da virgem...”
Em 150 A.D. Justino oferece muitas provas a favor da idéia do nascimento milagroso do Senhor: “Nosso mestre Jesus Cristo, que é o primogênito de Deus Pai, não nasceu como resultado de relações sexuais... O poder de Deus, descendo sobre a virgem, cobriu-a com sua sombra e fez com que, embora ainda virgem, concebesse...” (Apologia 1:21-33; Diálogo com Trifo, o Judeu).
O primeiro grande Cristão de fala latina foi o advogado convertido, Tertuliano. Ele nos informa que, em seus dias, (200 A.D.) existia não apenas um credo cristão estabelecido, sobre o qual todas as igrejas concordavam... Ele cita esse credo quatro vezes, o qual inclui as palavras ex virgine Maria,que significa – da Virgem Maria, dando a entender claramente que Cristo nascerá de uma mulher virgem. (Adaptado do Livro: Evidëncias Que Exigem um Veredicto, Vol.1)
As citações acima não são apenas de ordem teológica, mas, dentro de um contexto historiográfico, são documentos e evidëncias históricas mostrando que os cristãos sempre creram no nascimento virginal de Jesus Cristo. Agora, ter nesse fato um dogma de fé, é outra coisa, mas negar as provas documentais que giram em torno do nascimento virginal de Cristo, é desonestidade.
Quero que o leitor observe que a Revista Super Interessante alega que a idéia de Jesus ter sido gerado de um relacionamento espúrio é de uma fonte apócrifa. Seria uma fonte apócrifa confiável? O Dicionário Aurélio informa-nos o seguinte: [Do gr. apókryphos, pelo lat. tard. apocryphu.] Adj. - Diz-se de obra ou fato sem autenticidade, ou cuja autenticidade não se provou. Ou seja, a revista usou uma obra sem autenticidade para querer comprovar fatos históricos contra as evidëncias fidedignas já existentes. Ainda declarou serem “novas” as questões ali apresentadas, embora todas já foram muito bem refutadas.
A BÍBLIA OU A SUPERINTERESSANTE?
A arqueologia como ciência moderna, estuda as coisas antigas das civilizações passadas a fim de entender o progresso cultural da humanidade. Quando se trata de arqueologia bíblica, seu interesse se relaciona direta ou indiretamente com a Bíblia e a sua mensagem. Devido às descobertas recentes estão sendo fundados institutos e escolas especialmente preparadas para este tipo de pesquisa. Os grandes museus do mundo já conta em seus acervos vários artefatos que saíram das pás dos arqueólogos em testemunhos dos povos que estiveram aqui antes de nós. Muito mais do que isto veja a nação de Israel, que sobreviveu até hoje tendo passado por várias guerras e lutas, apesar de tudo esta pequena nação permaneceu, embora subjugada por nações sucessivas como o Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma, enquanto as nações contemporâneas já haviam desaparecido. Os conquistadores com seus magníficos palácios e monumentos ficaram sepultados no túmulo de esquecimento, enquanto as obras dos humildes profetas de Israel foram conservadas e falam poderosamente até os dias de hoje. Se o povo do Livro como são conhecidos os judeus não tivessem preservado os escritos proféticos será que estaríamos hoje questionando estes fatos? Colocaríamos a Bíblia no banco dos réus? Tudo isso acontece porque ela é infalível na sua composição original e completamente digna de confiança em quaisquer áreas que venha se expressar, sendo também autoridade final e suprema de fé e conduta. Terminamos este artigo com as palavras de um filósofo: “em caso de dúvida, deve-se favorecer o próprio documento, e não a posição questionadora do crítico” (Aristóteles).
 Boxe/boxe/boxe ( no mito Gigamés e atharasis)
 Sem dúvida, a arqueologia fascina. Sepultura antigas, inscrições crípticas gravadas em pedras ou escritas em papiros, casos de cerâmica, moedas desgastadas – são pistas tentadoras para qualquer investigador inveterado.[12]                                               
Randall Price – mestre em Teologia do Antigo Testamento e em línguas Semíticas, pelo Dallas Theological Seminary e Doutor em Estudos do Oriente Médio, pela Universidade do Texas, tem feito estudos de pós-graduação em Arqueologia na Universidade Hebraica de Jerusalém e ensinado Arqueologia Bíblica na Universidade do Texas.
 

[1] The Christian Century. Pág. 1329.
[2] Extraído do livro: Pedras que Clamam. Randall Price. Editora CPAD. Pág. 56.
[3] O mesmo livro citado. Pág. 56.
[4] Evidências que Exigem um Veredicto. Josh Mcdowell.  Vol. 2. Editora Candeia.
[5] Evidências que Exigem um Veredicto. Josh Mcdowell.  Vol. 2. Editora Candeia. Pág. 83-84.
[6] O mesmo livro citado. Pág. 83.
[7] O mesmo livro citado. Pág. 83.
[8] O mesmo livro citado. Pág. 83.
[9] O mesmo livro citado. Pág. 84.
[10] Dicionário Aurélio – “Saber que se adquire pela leitura e meditação; instrução, erudição, sabedoria”.
[11] Uma Breve História do Tempo. S. W. Hawking. 14o edição. Editora Rocco. 1989. Pág. 238.
[12] Em Defesa de Cristo. Lee Strobel. Editora Vida.
   
Referências bibliográficas:
Manual Bíblico Halley. Editora Vida.
Revista Superinteressante, julho de 2002.

jueves, 3 de abril de 2003

O Antigo e O Novo Concerto

O Antigo e O Novo Concerto



Hb 8.6 "Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente,
quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em
melhores promessas".

Os capítulos 8-10 descrevem numerosos aspectos do antigo concerto
tais como o culto, as leis e o ritual dos sacrifícios no
tabernáculo; descrevem os vários cômodos e móveis desse centro de
adoração do AT. É duplo o propósito do autor: (1) contrastar o
serviço do sumo sacerdote no santuário terrestre, segundo o antigo
concerto, com o ministério de Cristo como sumo sacerdote no
santuário celestial segundo o novo concerto; e (2) demonstrar como
esses vários aspectos do antigo concerto prenunciam ou tipificam o
ministério de Cristo que estabeleceu o novo concerto. O presente
estudo sintetiza o relacionamento entre esses dois concertos.


(1) Segundo o antigo concerto, a salvação e o relacionamento correto
com Deus provinham de um relacionamento com Ele à base da fé
expressa pela obediência à sua lei e ao sistema sacrificial desta
(ver o estudo O CONCERTO DE DEUS COM OS ISRAELITAS). Os sacrifícios
do AT tinham três propósitos principais. (a) Ensinar ao povo de Deus
a gravidade do pecado. O pecado separava os pecadores de um Deus
santo, e somente através do derramamento de sangue poderiam
reconciliar-se com Deus e encontrar perdão (Êx 12.3-14; Lv 16;
17.11; Hb 9.22; ver Lv 1.2,3 notas; 4.3 nota; 9.8 nota). (b) Prover
um meio para Israel chegar-se a Deus mediante a fé, a obediência e o
amor (cf. 4.16; 7.25; 10.1). (c) Indicar de antemão ou prenunciar
(8.5; 10.1) o sacrifício perfeito de Cristo pelos pecados da raça
humana (cf. Jo 1.29; 1Pe 1.18,19; Êx 12.3-14; Lv 16; Gl 3.19 nota;
ver o estudo O DIA DA EXPIACÃO).

(2) Jeremias profetizou que, num tempo futuro, Deus faria um novo
concerto, um melhor concerto, com o seu povo (ver Jr 31.31-34 notas;
cf. Hb 8.8-12). É melhor concerto do que o antigo (cf. Rm 7) porque
perdoa totalmente os pecados dos que se arrependem (8.12),
transforma-os em filhos de Deus (Rm 8.15,16), dá-lhes novo coração e
nova natureza para que possam, espontaneamente, amar e obedecer a
Deus (8.10; cf. Ez 11.19,20), os conduz a um estreito relacionamento
pessoal com Jesus Cristo e o Pai (8.11) e provê uma experiência
maior em relação ao Espírito Santo (Jl 2.28; At 1.5,8; 2.16,17, 33,
38,39; Rm 8.14,15,26).

(3) Jesus é quem instituiu o novo concerto ou o novo testamento
(ambas as idéias estão contidas na palavra grega diatheke —
testamento), e seu ministério celestial é incomparavelmente superior
ao dos sacerdotes terrenos do AT. O novo concerto é um acordo,
promessa, última vontade e testamento, e uma declaração do propósito
divino em outorgar graça e bênção àqueles que se chegam a Deus
mediante a fé obediente. De modo específico, trata-se de um concerto
de promessa para aqueles que, por fé, aceitam a Cristo como o Filho
de Deus, recebem suas promessas e se dedicam pessoalmente a Ele e
aos preceitos do novo concerto.(a) O ofício de Jesus Cristo como
mediador do novo concerto (8.6; 9.15; 12.24) baseia-se na sua morte
expiatória (Mt 26.28; Mc 14.24; Hb 9.14,15; 10.29; 12.24). As
promessas e os preceitos desse novo concerto são expressos em todo o
NT. Seu propósito é: (i) salvar da culpa e da condenação da lei
todos que crêem em Jesus Cristo e dedicam suas vidas às verdades e
deveres do seu concerto (9.16,17; cf. Mc 14.24; 1Co 11.25); e (ii)
fazê-lo um povo que seja a possessão de Deus (8.10; cf. Ez 11.19,20;
1Pe 2.9).(b) O sacrifício de Jesus é melhor que os do antigo
concerto por ser um sacrifício voluntário e obediente de uma pessoa
justa (Jesus Cristo), e não um sacrifício involuntário de um animal.
O sacrifício de Jesus e o seu cumprimento da vontade de Deus foram
perfeitos, e, portanto, proveu um caminho para o pleno perdão,
reconciliação com Deus e santificação (10.10, 15-17; ver Lv 9.8
nota).(c) O novo concerto pode ser chamado o novo concerto do
Espírito, porque é o Espírito Santo quem outorga a vida e o poder
àqueles que aceitam o concerto de Deus (2Co 3.1-6; ver Jo 17.3 nota;
ver os estudos TERMOS BÍBLICOS PARA SALVAÇÃO e FÉ E GRAÇA).

(4) Todos os que pertencem ao novo cncerto por Jesus Cristo recebem
as bênçãos e a salvação oriundas desse concerto mediante sua
perseverança na fé e na obediência (ver 3.6 nota). Os infiéis são
excluídos dessas bênçãos (ver 3.18,19 nota; ver o estudo A APOSTASIA
PESSOAL).

(5) Estabelecido o novo concerto em Cristo, o antigo concerto se
tornou obsoleto (8.13). Não obstante, o novo concerto não invalida a
totalidade das Escrituras do AT, mas apenas as do pacto mosaico,
pelo qual a salvação era obtida mediante a obediência à Lei e ao seu
sistema de sacrifícios. O AT não está abolido; boa parte da sua
revelação aponta para Cristo (ver o estudo CRISTO NO ANTIGO
TESTAMENTO), e por ser a inspirada Palavra de Deus, é útil para
ensinar, repreender, corrigir e instruir na retidão (ver o estudo A
INSPIRAÇÃO E A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS).

A Bíblica ou a Tradição ?

A Bíblica ou a Tradição ???




O Fundamento Da Teologia Católica.

Mesmo de relance poder-se-á constatar ser a maior parte das
doutrinas da dogmática católica procedente de fonte diversa da
Bíblia.

Suas informações relativas aos sacramentos, a mariologia, a sucessão
e colegialidade dos bispos, a infalibilidade e primado do papa, à
sua organização eclesiástica, ao purgatório e sufrágio dos mortos,
ao culto dos santos, alicerçada, aliás, na pretendida sucessão
apostólica dos seus bispos?

Essa fonte diferente é chamada de TRADIÇÃO.

E o que seria do catolicismo sem os sacramentos? Sem a mariologia?
Sem a sua organização eclesiástica alicerçada, aliás, na pretendida
sucessão apostólica dos seus bispos?

O que seria do catolicismo sem o purgatório e o sufrágio dos mortos?

O que seria do catolicismo sem o culto dos santos?

O que seria, enfim, do catolicismo sem a TRADIÇÃO que invalida a
Palavra de Deus?

Em conseqüência, é impossível conhecer-se a dogmática católica sem o
esclarecimento do conceito de sua TRADIÇÃO, vocábulo retirado
etimologicamente do verbo latino TRANSDO, que quer dizer: entrego ou
trans­mito qualquer coisa. Ë a transmissão de suas doutrinas de
geração em geração, ou a própria doutrina recebida por esta via.

Os Teólogos católicos, na esteira do Concilio Tridentino, definem a
TRADIÇÃO COMO O CONJUNTO DE DOUTRINAS REVELADAS REFERENTES À FÉ E À
MORAL, NÃO CONSIGNADAS NAS ESCRITURAS SA­GRADAS, MAS ORALMENTE
TRANSMITIDAS POR DEUS À IGREJA (Sessão IV, de 8 de Abril de 1546,
sob o pontificado de Paulo III).

Pelo próprio fato de haver o catolicismo engendrado outra fonte de
Revelação Divina que não a Bíblia, demonstra o seu menosprezo a
esta. Conseqüentemente, se ele quisesse agora aceitá-la com todo o
seu valor de único e exclusivo depósito de fé, deveria, alto e bom
som, proclamar sua repulsa à Tradição, pantanal da congérie de suas
aberrações.

O Concilio Vaticano II, porém, e em que pesem suas propostas
ecumenistas, «seguindo as pegadas dos Concílios Tridentino e
Vaticano 1!» (Constituição Dogmática «Dei Verbum>>, promulgada na
sessão IV do Concílio Vaticano II, em 18 de Novembro de 1965, sob o
pontificado de Paulo VI - § 1), deliberou confirmar a atitude
católica perante o alicerce de suas doutrinas.

Realmente no § 9 dessa sua Constituição promulga­da nas vésperas do
seu encerramento, se lê: «... A SA­GRADA TRADIÇÃO.., transmite
integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra de Deus
confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos para
que, sob a luz do Espírito de Verdade, eles em sua pregação,
fielmente, a conservem, exponham e difundam».

Por conseguinte, a Tradição se apresenta como outro manancial de
informes dentro da própria Revelação Divina. Manancial anterior,
mais completo, mais claro três mais seguro do que as Escrituras.

E sob este aspecto que o Concilio Vaticano II lembra: Pela mesma
Tradição.., as próprias Sagradas Escrituras são nela cada vez melhor
compreendidas e se fazem sem cessar atuantes» (Constituição
Dogmática «Dei Verbum — § 8).

Reconhecem os teólogos católicos haver, às vezes, coincidência em
algum ponto doutrinário entre a Bíblia e a Tradição, no caso,
chamada INESIVA, como por exemplo, a ressurreição de Cristo.

A TRADIÇÃO EXCEDENTE ou CONSTITUTIVA, o verdadeiro arsenal da
dogmática católica, abrange todas as doutrinas não encontradas na
Bíblia e que se constituem em totalidade na dogmática católica.

Ë evidente que esta Revelação Oral, posteriormente pôde conservar-se
e propagar-se por escrito. Essa escrita, distinta das Sagradas
Escrituras, encontra-se, por exemplo, nas obras de escritores
eclesiásticos do catolicismo primitivo.

E julgadas como um mesmo e integro depósito da Revelação, o Concilio
Vaticano II, cumprindo o seu de­sígnio de seguir as pegadas dos
Concílios de Trento e Vaticano 1, exige o mesmo sentimento de
reverência e piedade para a Tradição e para a Bíblia: «ambas
(Escritu­ra e Tradição) devem ser recebidas e veneradas com igual
sentimento de piedade e reverência» (Constituição Dogmática «Dei
Verbum» — § 9).

Destarte, assim como o cristão, reverentemente, se vale das
Escrituras para argumentar as razões de sua fé, o católico
esclarecido — coisa raríssima! — busca os motivos de suas crenças na
Tradição.

Certa feita vi uma discussão entre um pastor evangélico e um
católico, por sinal congregado mariano, sobre a assunção corporal de
Maria. O pastor queria do seu controversista um texto bíblico onde
se pudesse ao menos vislumbrar o dogma debatido. É natural que não
se poderá encontra-lo. Mas, a disputa ficou sem resu1tado porque
cada um se baseava em terreno diferente. E o mesmo ardor do
evangélico pela Bíblia se repetia no mariano pela Tradição.

De maneira alguma, neste último Concilio, o catolicismo abriria mão
desta fonte de suas doutrinas a menos que concordasse em deixar de
ser catolicismo.

Aliás, é fácil depreender-se o porquê do seu maior interesse pela
Tradição considerada por ele como regra de fé mais importante por
ser anterior, mais ampla e mais clara do que a Bíblia.

Ela é elástica, amoldável e acomodatícia. Sacia-lhe melhor a sede de
sofismar!

Se bem que recomende «igual sentimento de piedade e reverência» para
a Escritura e para a Tradição, a verdade é que esta lhe merece mais
atenções porque as próprias Sagradas Escrituras são nela (Tradição)
cada vez melhor compreendidas» (Constituição Dogmática «Dei Verbum» —
§ 8).

Destaque-se a seguinte observação: estas expressões que sobrelevam a
Tradição em desapreço da Bíblia, não são do Concilio de Trento,
realizado no século XVI, que, como movimento de contra-Reforma,
objetivou elevar a& máximo o valor de sua principal fonte
doutrinária. Estas expressões são recentíssimas. São deste último
Concilio Ecumênico de cujos interesses se destacam os acenos de
convites aos "irmãos separados» (?!)

Em favor das Sagradas Escrituras, como depósito de fé, militam
abundantíssimos argumentos. O catolicismo, porém, se vê em. palpos
de aranha para argumentar em defesa de sua tradição.

Sua argumentação no caso é tão raquítica que causa compaixão. Ë mais
fraca do que o café muito fraquinho.

Conta se que foi feito um café muito fraco, mas tão fraquinho que
não tinha ânimo e coragem nem para sair do bule.

Os argumentos em que o catolicismo baseia a sua Tradição são
anêmicos em extremo e pasmam a qualquer pessoa de inteligência
mediana.

Dentre eles vamos considerar o seguinte:

Antes de Moisés nada havia escrito. Deus se revelava lentamente e
sua doutrina foi transmitida oralmente. Só muito mais tarde veio a
Escritura.

Desde a origem do mundo até Moisés, a primitiva revelação de Deus,
verbalmente dada aos homens, foi conservada por sucessão entre os
patriarcas e não em escrituras.

Já se vê, cavilam os teólogos católicos, que o próprio Moisés, ao
escrever o Gênesis precisou abeberar-se na Tradição, esse primeiro e
genuíno canal da Revelação Divina.

Foi na Tradição que o autor do Pentateuco colheu informes sobre a
criação do mundo ex nihilø e a queda do primeiro homem, sobre a
propagação do gênero humano e sua geral corrupção, sobre o dilúvio,
os descendentes de Noé e a confusão das línguas, sobre a vocação de
Abraão e sua empolgante biografia, sobre Isaque e as peripécias dos
filhos de Jacó, sobre José e a ida dos seus irmãos para o Egito.

Para o catolicismo, na conformidade de sua argumentação e esquecido
de que Moisés fora divinamente inspirado e assistido, o primeiro
livro da Bíblia, o Gênesis, nada mais é do que a Tradição estampada
em letras de forma.

A BIBLIA DESDE OS PRIMÓRDIOS.



Todos os acontecimentos relatados em Gênesis se de­ram séculos antes
de serem escritos por Moisés, o Autor divinamente inspirado do
Pentateuco.

A transmissão oral ou escrita de fatos históricos não se constitui
em fonte de Revelação Divina!

Não negamos haver Moisés colhido informes aqui e ali, com uns e
outros. Mas, a esta simples verificação de fatos históricos atribuir-
se uma importância de fonte de Revelação é negar ou pelos menos
depreciar a inspiração divina da primeira parte do Velho Testamento.
O passo é muito grande. Ë um salto mortal de causar arrepios!

A simples leitura de Gênesis demonstra que Deus não confiou na
Tradição Oral.

Abraão é o primeiro dos patriarcas e vocacionado para formar uma
grande nação. <
te-ei fecundo extraordinariamente, de ti farei nações, e reis
procederão de ti» (Gên. 17:6). Foi ao estabelecer este concerto com
o patriarca que Deus lhe mudou o nome de Abrão para Abraão, que quer
dizer pai de muitas nações ou duma multidão. «Dar-te-ei e à tua
descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã,
em possessão perpétua, e serei o seu Deus» (Gên. 17:8).

Da mesma maneira como Deus se revelara, em circunstâncias especiais
diretamente a Adão e Noé, e inter­ferira também diretamente em certos
episódios, como por ocasião da queda do homem, do dilúvio, da
confusão das línguas, agora interfere diretamente e vocaciona
Abraão, estabelecendo um concerto especial, para ser o pai de um
povo peculiar e santo de cujo seio sairia o Redentor.

Isaque é o segundo personagem da estirpe da promessa e tem dois
filhos: Esaú e Jacó, sendo o terceiro elo nessa corrente de formação
do povo eleito.

A Jacó disse o seu pai Isaque, lembrando-se da bênção do
Senhor: «Levanta-te, vai a Padã-Arã, à casa de Betuel, pai de tua
mãe, e toma lã por esposa uma das filhas de Labão, irmão de tua mãe.
Deus Todo-Poderoso te abençoe e te faça fecundo, e te multiplique
para que venhas a ser uma multidão de povos; e te dê a bênção de
Abraão, a ti, e à tua descendência contigo, para que possuas a terra
de tuas peregrinações, concedida por Deus a Abraão (Gên. 18:2-4).

`Acaso não seria suficiente essa tradição oral da promessa e da
bênção? E uma tradição muito curta, apenas entre Abraão e Jacó,
mediando somente Isaque!

O Senhor, porém, não aceita a tradição oral como fonte ou mesmo
sustento de sua Revelação e interfere diretamente. E na visão de
Betel, Jacõ ouve o Senhor:

Eu sou o Senhor, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra
em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência.
A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o
Ocidente, e para o Oriente, para o Norte, e para o Sul. Em ti e na
tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra» (Gên.
18:13-14).

A mesma Promessa agora repetida diretamente pelo Senhor a Jacó e não
através de Tradição alguma! — quase com as mesmas palavras fora dita
ao seu ancestral mais próximo, a Abraão, logo após separar-se de Ló
(Gên. 13:14-16).

E a vida de Jacó é toda pontilhada de interferências diretas de
Deus! Seu nome também é mudado no incidente de Peniel quando lutou
com o anjo até prevalecer e ser abençoado. Passou-se a chamar
Israel, pois como príncipe lutara com Deus e com os homens. E
prevalecera! (Gên. 32:28).

No futuro, Israel seria o nome do povo eleito do Senhor!

Dentre os doze filhos de Israel, destaca-se José, que, em
circunstancias memoráveis, foi para o Egito (Gên. 37:41), onde mais
tarde recebeu seu velho pai e seus ir­mãos acossados pela fome (Gên.
42-50).

Mesmo para esta viagem, o servo do Senhor esperou a Sua manifestação
direta. «Eu sou Deus, o Deus do teu pai; não temas descer para o
Egito porque lã eu farei de ti uma grande nação» (Gên.46:3).

Deus a repetir a mesma Promessa!

Em 1706 antes de Cristo é que, no Egito, se fixou esse povo peculiar
de Deus, cumprindo-se assim a Palavra do Senhor a Abraão (Gên.
15:13).

Não se pense que era um povo grande em número.. Em Gên. 46:1-27 são
relacionados os nomes dos membros desse pequenino povo composto
apenas de setenta pessoas.

Setenta pessoas! Filhos, noras e netos do velho patriarca!

Nos primeiros 126 anos de sua permanência no Egito, esse povo muito
prosperou e cresceu. E ..• os filhos de Israel foram fecundos,
aumentaram muito e se multiplicaram... (Êx. 1:7). Os setentas se
multiplicaram em dois milhões!

Levantando-se, entretanto, uma nova dinastia, mu­dou-se a situação e
esse povo vocacionado para urna incumbência especial, cativo, passou
a sofrer duras peripécias durante mais de um século, quando Deus
promoveu sua libertação suscitando Moisés. Fala-lhe da sarça ardente
o Senhor: «Certamente tenho visto a aflição do meu povo... (Ëx.
3:7). ... Pois o clamor dos filhos de Israel chegou até
Mim... »(Ex.3:9).

Irá Deus permitir o retorno na conformidade de Gên.15:16.

Como a recordar a Sua Promessa, o Senhor se identifica: Eu sou o
Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de
Jacó» (Êx. 3:6,15,16). E aquele povo que é o Seu, Ele chama: «meu
povo» Ëx. 3:9,10,11,13,14,15). Ë a lembrança da Promessa de Deus a
Moisés! Não mandou Moisés consultar os anciãos sobre ela. Mencionou-
a diretamente!

E o argumento da teologia católica em favor de sua Tradição?

Já está por terra!

Prossigamos em nossa consideração grata a Deus por sua maravilhosa
Revelação contida na Bíblia em nosso beneficio.

Nesta conjuntura da História de Israel, o Senhor suscita em Moisés o
grande líder para libertar o Seu povo, levando-o à Canaã Prometida,
a Palestina, o centro geográfico do mundo de então para de lá, como
de centro irradiador, difundir a Sua Palavra e fazer cumprir o Seu
Plano Salvífico.

As peripécias da jornada, os desalentos dos tímidos e as murmurações
dos descontentes não puderam embargar aquela nação de contemplar, na
maior de todas as epopéias da História, as manifestações palpáveis
do Poder de Deus.

As pragas do Egito, a libertação memorável do seu cativeiro, a
passagem espetacular do Mar Vermelho, a abundância de maná, o vôo
razante das codornizes, o jorrar abundante da água no deserto de
Sim, a vitória surpreendente sobre os amalequitas, tudo empolgava os
filhos de Israel, quando, exatamente no instante de seu sucesso na
campanha dos amalequitas, pela primeira vez, Deus ordena a Moisés:
ESCREVE ISTO PARA MEMÓRIA NUM LIVRO» (Ëx. 17:14).



Por que o Senhor não confiou na Tradição Oral?

Se antes, quando se tratava de Sua Promessa não confiou na Tradição
Oral, mas diretamente Ele falou aos patriarcas desde Abraão, não
seria agora ao separar o Seu povo, tirando-o do Egito, que iria
confiar Sua Lei e Sua Revelação à Tradição Oral!

«ESCREVE ISTO PARA MEMÓRIA NUM LIVRO»!!!



Recorde-se à dificuldade imensa que envolvia a arte de escrever
antes da descoberta da imprensa por Gutenberg em meados do século
XV.

Naqueles remotíssimos tempos o instrumento apto para ensinar e
legislar era a palavra oral.

Este veículo do pensamento teve sua ampla aplicação no setor da
religião. Compulsando-se a História das religiões mais antigas,
verifica-se que elas dependiam de um patrimônio doutrinário
transmitido de geração a ge­ração por via meramente oral. Em certos
sistemas religiosos os fiéis se negaram sempre a escrever alguns dos
seus preceitos mais caros.

Ë de se observar, por• exemplo, a fórmula freqüentíssima: «Eu
ouvi... » adotada na primitiva religião chinesa, da qual procedem o
taoísmo e o confucionismo.

Chama a atenção para o nosso caso ainda mais a circunstância assaz
agravante de estar o povo de Israel acampado no deserto, com
dificuldades humanamente instransponíveis para executar a arte da
escrita.

A História das religiões dos homens revela o apreço à Tradição Oral
por ser esta mais fácil em amoldar-se aos seus capricho4s
circunstanciais.

São notáveis os inúmeros pontos de contato do catolicismo com essas
religiões, inclusive o seu apego a esse veiculo de transmissão
doutrinária e depósito dos seus ensinos.

Em condições dignas de nota, surgiu a Escritura Santa!

Anteriormente Deus se revelara a pessoas individuais. A Adão e Eva.
A Noé. A Abraão. A Jacó. Falava-lhes! Interferiu em acontecimentos!
Mas, quando se revelou ao Seu Povo já separado dos egípcios, à
coletividade, mandou escrever.

A marcha triunfante e cheia de percalços continuou.

Acampou-se o povo ao sopé do Monte de Sinai em circunstanciais
solidíssimas. «Todo o Monte do Sinal fumegava, porque o Senhor
descera sobre ele em fogo; a sua fumaça subiu como a fumaça de uma
fornalha, e todo o monte tremia grandemente» (Ëx. 19:18). E «Deus
falou... » Ëx. 20:1). Proferiu o Seu Decálogo. Apresentou as Suas
Leis acerca dos servos, dos homicidas, da propriedade, da
imoralidade, da idolatria, dos que amaldiçoam os pais ou ferem
qualquer pessoa, do testemunho falso e das injustiças, do descanso e
das três festas. Não se limitou Moisés relatá-las ao seu povo (Ex.
24:3), mas, «escreveu todas as palavras do Senhor» (Ëx. 24:4).

«... Erigiu um altar ao pé do monte (Êx. 24:4)... e tornou o livro
da aliança, e o ~eu ao povo, e eles disseram: tudo o que falou o
Senhor, faremos, e obedeceremos» (Êx. 24:7).

Note-se: Moisés ouviu. Em seguida relatou ao povo. E depois
ESCREVEU. E, então, leu ao povo o que ha­via escrito no livro da
aliança.

Por que?

É porque o Senhor não queria TRAIÇÃO ORAL alguma! A Tradição é
traição contra a fidelidade!

ACABEMOS COM OUTRO ARGUMENTO FALSO!



Este segundo arrazoado na pretendida defesa da Tradição católica é
uma repetição do anterior tendo, porém, como cenário outras
circunstâncias episódicas.

Tão raquítica é a sua argumentação que a teologia católica muda
apenas o cenário e a roupagem, enquanto o esqueleto do sofisma
continua o mesmo.

A referida teologia, contudo, é traída no seu próprio desespero à
falta de argumentos.

Alega que Cristo nunca mandou escrever seus ensinos e mandamentos e
nada deixou escrito. Aos Apóstolos apenas determinou pregassem pelo
mundo como testemunhas dele e da doutrina por eles aceita e
proclamada.

Em endosso deste arrazoado e no objetivo de confundir os menos
avisados, invoca as seguintes pericopes:

«... e, a medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos
céus» (Mt. 10:7).

PREGAI! Não mandou escrever!!!.

«Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me
foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo; ensinando­os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado.
E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século»
(Mt. 28:18-20).

ENSINAI! Não mandou escrever!!!

«E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda
criatura» (Mc. 16:15).

PREGAI! Não mandou escrever!!!

Sinto calafrios de compaixão por ver esse pobre argumento tão
tísico.

Coitados dos católicos! Com seus teólogos assim ignorantes e de
consciência encroada!

Jesus nunca mandou escrever?

Em Apocalipse encontramos dez oportunidades em que o Senhor manda
escrever: — 1:11,19;2:1,8,12,18;3:1,7,14 ;21:5.

ESCREVE! Ë assim com o verbo no modo imperativo.

Existem excelentes oculistas e óticas especializadas onde os
reverendos teólogos podem resolver o seu problema de miopia. A não
ser que seu germe seja má vontade. Ai a cegueira consciente é
incurável.

Prossegue, todavia ,o desenvolvimento da argumentação esdrúxula!

Os próprios Apóstolos ex professo nunca escreveram como se
estivessem desincumbindo uma obrigação própria e especial, embora
houvessem executado a contento a sua missão. Alguns, apenas em
ocasiões esporádicas ou oportunidades ocasionais consignaram alguma
coisa por escrito, mas sem a intenção de transmitir por escrito toda
a Revelação e sim no propósito apenas de inculcar ou explicar alguma
Verdade, ou forçados pelos pedidos dos fiéis ou dos bispos — «sed
vel ad veritatem aliquam ma­gis inculcandam aut explicandam, vel
precibus fídelium aut episcoporum compulsi» (J.M. Hervé De Vera Re­
ligione De Ecclesia Christi — De Fontibus Revelationis

1929 — Paris — pág. 531).

É mesmo de se tirar o chapéu!

Precisa-se de muita coragem para se embarcar nessa canoa doutrinária
de casco tão podre! Tamanha coragem como a disposição de se agarrar
um leão à unha. Leão vivo!

Engolfados nesse trernendal dogmático não se apercebem os teólogos
católicos que o seu arrazoado em defesa da Tradição labora contra
ela? Pois que, se precisaram os Apóstolos escrever para inculcar ou
explicar a doutrina cristã esta desmerecida a Tradição Oral.

E de fato, João da ênfase ao seu objetivo escrevendo: «... para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em Seu Nome» (João 20:31).

Paulo, ao escrever aos coríntios, destaca: «... as coisas que vos
escrevo são mandamentos do Senhor» (1 Cor. 14:37). E aos
filípenses: «Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é
segurança para vós» (Fil. 3:1).

Paulo não se aborrece de escrever as mesmas coisas... Por que? Para
SEGURANÇA dos fiéis!

Não se fiava da Tradição nem a curto prazo e nem a curta distância.

Ele havia pregado aos filípenses e por medida de segurança
doutrinária, escreveu-lhes.





Para não perder a desenvoltura no meio de tanta coincidência, o
teólogo católico, com ares de muito entendido, invoca o verso 25 do
capitulo 21 do Evangelho segundo João: «Há, porém, ainda muitas
outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por
uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam
escritos>>.

Até em cartas pastorais os «amantíssimos ordinários>> invocam este
versículo.

Quando Deus me despertou para o exame consciencioso de sua Palavra,
observei nesse passo escriturístico essa informação joanina.

O Autor sacro, constatei logo, se refere a coisas que Jesus fez, a
fatos, a prodígios e não a doutrinas.

Fiquei, porém, mais desapontado ainda quando, confrontando,
verifiquei o verso 31 do capitulo 20 do mesmo Livro Sagrado, que é o
bastante, outrossim, para se acabar com a alegria dos teólogos
católicos, acrobatas do sofisma <
para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que,
crendo, tenhais vida em Seu Nome».

Insiste maldosamente o desesperado teólogo. Reconhece de sobejo que,
destruída a Tradição Oral, como fonte de Revelação, adeus
fantasmagoria católica. E traz à baila os três primeiros versículos
do capítulo 1 de Lucas: «Visto que muitos houve que empreenderam
urna narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram,
conforme nos transmitiram os que desde o principio foram deles
testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me
pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua
origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em
urdem».

Pronto! Lucas antes de escrever obteve informações minuciosas de
tudo junto das testemunhas presenciais dos fatos sobre os quais se
dispõe escrever.

Pronto! Lucas foi, como Moisés ao escrever Gênesis, abeberar-se na
Tradição!

Pronto! O Evangelho segundo Lucas é simplesmente produto da
Tradição, a mais antiga, a mais completa Fonte de Revelação. A
própria Fonte da Bíblia!

Declaramos crer inteiramente que Lucas ao escrever os seus dois
livros,o Evangelho e os Atos dos Apóstolos, estava inspirado pelo
Espírito Santo de Deus. E nestas condições é que ele colheu e
selecionou a verdade no meio de tantos fatos e comentários
divulgados oralmente e por escrito em inúmeros apócrifos. Lucas,
divinamente inspirado, foi o garimpeiro que separou o ouro
puríssimo!

Pululavam apócrifos! Lucas resolveu descrever ao excelente Teófilo
os fatos conhecidos por ouvir da tradição oral para que ele tivesse
a certeza das coisas sobre as quais já estava informado. Deseja
Lucas que Teófilo e todos os demais se livrassem do risco de serem
ludibriados pela Tradição Oral.

<

Se não fossem as Escrituras não teríamos mais hoje a Revelação
Divina!

Porque o catolicismo fundamenta suas doutrinas na Tradição é que
evolui a sua teologia, surgem novos dogmas e sempre muda. O católico
de vinte anos passados desconhece o católico atual. Mesmo o de dois
anos atrás!

No seu arrazoado o teólogo da seita papal se lembra somente dos três
primeiros versículos do capitulo 1o de Lucas. Esquece-se do quarto
porque, concluindo o pensa­mento exarado nos versos anteriores, Lucas
reconhece ser desmoralizada e inconsistente a Tradição como Fonte de
Revelação. Ele escreveu para se ter certeza!

«PARA QUE TENHAS PLENA CERTEZA DAS VERDADES EM QUE FOSTE INSTRUÍDO».

Teófilo estava já informado de tudo por ouvir dizer. .A Tradição
Oral, todavia, não lhe dava certeza alguma. .E Lucas, divinamente
inspirado, resolveu escrever para lhe dar essa certeza.

Se a Tradição Oral dispõe do valor que lhe atribui o catolicismo,
por que escrever?

Lucas escreveu os seus livros na língua grega. No original desta
pericopes o vocábulo empregado é Asphaleia que quer dizer certeza,
segurança, firmeza, solidez.

<
firmissíma et solidissima», comenta Cornélio a Lápide em seu
Comentário das Sagradas Escrituras. Teófilo, o destinatário do
livro, já sabia por via oral e Lucas lhe escreveu para que o seu
conhecimento fosse certíssimo, firmíssimo, solidíssimo. Não confiava
na Tradição. Logicamente, a Tradição não pode ser fonte de
Revelação!

Para um exame do real significado do vocábulo as­phaleia é
interessante notar-se a sua posição significativa em outros textos.
Usa-o Lucas outra vez em Atos 5:23, em que, depois de relatar a
prisão dos Apóstolos decretada pelo sumo sacerdote e a libertação
miraculosa dás mesmos, transcreve-&-- explicação dos servidores:

«Achamos o cárcere fechado com toda a segurança (as­phaleia). Usa-o
Paulo em Fil. 3:1: ... e é segurança (asphaleia) para vós
outros...». Não bastava falar. Escrevia por medida de segurança.

Na forma asphales, emprega-o Lucas em Atos 21:34;22:30;25:26 e se
encontra em Hb. 6:19.

Na modalidade de verbo, é aplicado por Mt. quando se refere à
segurança da guarda do sepulcro de Jesus. «Ordena, pois, que o
sepulcro seja guardado com segurança (asphalistenai.) ... Disse-lhes
Pilatos: ai tendes uma escolta; ide e guardai como bem vos parecer
(As­phalisaste).

O próprio Lucas em Atos 16:24, contando a prisão de Paulo e Suas em
Filipos, ainda outra vez, aplica-o: «O qual (carcereiro), tendo
recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes segurou
(esphalisato) os pés no tronco.

Na forma de advérbio, no mesmo relato, Lucas, com ênfase
informa: «e, depois de lhes (Paulo e Suas) darem muitos açoites, os
lançaram no cárcere, ordenando ao carcereiro que os guardasse com
toda a segurança

— seguramente (asphalós). Ainda Lucas, ao transcrever o sermão de
Pedro no dia de Pentecostes, aplica-o: «Esteja pois absolutamente
certa — segura — (as­plialós) toda a casa de Israel de que a este
Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo» (At. 2:36).

O advérbio Asphalós é empregado por Mc. 14:14 ao anotar a
recomendação do Iscariotes: «Aquele a quem eu beijar, é esse;
prendei-o, e levai-o com segurança (seguramente).

De todas estas observações é evidente, é lógico, é patente
ressaltar, em conseqüência, que Lucas escreveu o seu Evangelho para
firmar seguramente a Revelação de Jesus Cristo, demonstrando,
outrossim, ser muito deficiente e falho o conhecimento através do
ouvir dizer.

De quantos 1ivros, se compõe o Novo Testamento?

Vinte e sete!

E destes, com certeza, treze foram escritos pelo Após­tolo Paulo. E
cinco pelo Apóstolo João.

Por João, o Apóstolo Amado de Jesus, chamado a testificar dËle
porquanto com Ele estivera desde o princípio (Jo. 15:27), que, no
final do Quarto Evangelho disse, referindo-se aos sinais de
Jesus: «Estes, porém foram registrados para que creais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu
Nome».

(Jo. 20:31).

Pelo Apóstolo João que, na sua Primeira Epístola destinada aos já
conhecedores do Evangelho de sua lavra, dirigida às mesmas igrejas,
porquanto a simples leitura de ambos os documentos demonstra ser
essa Primeira Epistola um suplemento daquele, declara: «O que era
desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os
nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos
apalparam, com respeito ao Verbo da Vida.., o que temos visto e
ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente
mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com
o Seu Filho Jesus Cristo. ESTAS COISAS, POIS, VOS ESCREVEMOS PARA
QUE A NOSSA ALEGRIA SEJA COMPLETA» (1 Jo. 1:1,3,4). João, testemunha
ocular! Observe-se a sua insistência em destacar esta
particularidade notável: o que ouviu, o que viu com os seus olhos, o
que contemplou e as suas mãos tocaram... Todo êste martelar contra
qualquer pretensa Tradição apenas no primeiro verso do capítulo
primeiro de sua Primeira Carta. E a seguir, após um parêntesis no
verso 2, torna a insistir: «o que temos visto e ouvido... » Tudo o
que ele escreveu foi presenciado e ouvido por ele! Não foi colher
dados e informações com ninguém!

Dos vinte e sete livros do Novo Testamento cinco procedem da pena
divinamente inspirada do Apóstolo João.

Do Apóstolo João que leva a morder o pó da inutilidade o arrazoado
balofo do catolicismo em prol de uma Tradição Oral como regra de fé
mais importante do que a Bíblia por ser-lhe anterior e sua própria
fonte.

Do Apóstolo João que, ao encerrar o seu Livro Apocalíptico,
escangalha com a presunção católica porque estampa, por escrito,
esta advertência de Jesus Cristo:

«EU, A TODO AQIYÊLE QUE OUVE AS PALAVRAS DA PROFECIA DËSTE LIVRO,
TESTIFICO: SE AL­GUËM LHES FIZER QUALQUER ACRËSCIMO, DEUS LHE
ACRESCENTARÁ OS FLAGELOS ESCRITOS NESTE LIVRO; E SE ALGUËM TIRAR
QUALQUER COUSA DAS PALAVRAS DO LIVRO DESTA PROFE­CIA, DEUS TIRARÁ A
SUA PARTE DA ÁRVORE DA VIDA, DA CIDADE SANTA, E DAS COUSAS QUE SE
ACHAM ESCRITAS NESTE LIVRO». (Apoc. 22:18-19).



ENFIM, O ÚLTIMO SOFISMA...

Se os dois argumentos expendidos pela dogmática católica em abono de
sua Tradição são caquéticos, o terceiro e último é o acervo de todas
as nuances da malicia. Ë um sofisma sintomático da mais deslavada
irresponsabilidade.

Firmada no carunchado segundo argumento alega que, por não haver
Cristo e nem os Seus discípulos escrito ou mandado escrever (?!)
isso mesmo demonstra ~ existência de muitas doutrinas transmitidas
apenas oral-mente, as quais devem ser aceitas como reveladas.

Ora! Vejam só! Nem de leve o catolicismo irá encontrar nas palavras
de Jesus alguma coisa que lhe possa endossar a presunção. Aliás, bem
ao contrário, porquanto Jesus foi severo no combate à
Tradição. ..... invalidastes a Palavra de Deus, por causa da vossa
Tradição» (Mt. 15:6), recriminava Ele aos fariseus. E nessa única
vez que o Senhor fala sobre a Tradição, vergastando-a lembra: «E em
vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens*~
(Mt. 15:9).

Desesperada por não encontrar nada nos Evangelhos que lhe pudesse,
ao menos de longe, fornecer arremedo de argumento, no intuito de
corroborar o seu raciocínio, a dogmática católica apresenta esta
passagem bíblica extraída de Paulo: Assim, pois, Irmãos, permanecei
firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por
palavra, seja por epístola nossa (2 Tes. 2:15). Os Apóstolos,
conclui, não nos transmitiram tudo por escrito; uma grande parte do
seu ensino foi oral que nos chegou pela Tradição através dos
séculos.

Ao objetivo católico nesta Escritura saltam à vista os embargos.

O significado do vocábulo «tradições» nesse texto não é sinônimo da
Tradição no conceito católico. Lá no original grego, o termo é
paradoseis que tem o significado de doutrina ou ensinamentos para o
caso. Paradoseis é o conjunto das doutrinas ou o depósito exposto
por Paulo aos fiéis. Este depósito que ele não recebeu de nenhum dos
Doze e de ninguém, mas diretamente de Jesus Cristo (Gal. 1:9,11 e
12).

Paulo, portanto, depois de prevenir os tessalonicenses contra os
deturpadores do Evangelho, inculca-lhes a necessidade de se manterem
firmes nas doutrinas por ele ensinadas através também das suas
pregações.

Ainda mais. O próprio texto ressalta a sintonia entre a pregação e a
escrita das doutrinas ensinadas pelo mesmo Apóstolo. De maneira
alguma ele sugere apoio a ensinamentos alheios ou diversos das
Escrituras.

E de se levar em conta, outrossim, que esta Segunda Carta aos
tessalonicenses é o segundo documento de Paulo, escrito logo após à
Primeira Carta aos mesmos destinatários, datada do ano 50 ou 51. Ë
evidente, pois, que, no afã de preveni-los da «operação do erro>> (2
Tes. 2:11), o Apóstolo se reporte às doutrinas que oralmente ele
havia ensinado quando de sua atribulada estada em Tassalónica
porque «os judeus desobedientes, movidos de inveja, tomaram consigo
alguns homens perversos, dentre os vadios e, ajuntando o povo,
alvoroçaram a cidade... » (Atos 17:5).

Seu curto ministério nessa localidade, porém, permitiu-lhe disputar
numa sinagoga dos judeus sobre as Escrituras, pelo que alguns deles
creram e se organizaram em igreja (Atos 17:1-4; e 2 Tes. 1:1).

Ao se referir Paulo aos seus ensinamentos por pa­lavra não quer isto
dizer que se constituíam eles em ensinamentos diferentes dos
escritos em suas cartas. Tanto assim que, desejando prevenir os
crentes contra as investidas de Satanás, adverte
energicamente: «caso alguém não preste obediência à nossa palavra
dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que
fique envergonhado» (2 Tes. 3:14)

Dos seus treze documentos, as duas pequenas Cartas à Igreja de
Tessalônica são os dois primeiros. Evidentemente que, ao se referir
às doutrinas que por palavra havia ensinado lá, não demonstra ser a
Tradição Oral Fonte de Revelação como querem os teólogos católicos.

Acresce outra observação de máximo destaque é que Paulo, como
Apóstolo, era órgão oficial, divinamente inspirado, da Revelação
Bíblica que durou até a morte de João, o Apóstolo. Por conseguinte e
não implicando isto que sua pregação oral era diversa de sua
pregação nas epístolas, pelo fato de ser a pregação de Paulo
instrumento da Revelação de Deus aos homens, não se há de concluir
que outros gozem desta mesma missão e sua palavra também seja
inspirada até quando expõem dou­trinas contrárias às Escrituras.

O catolicismo aprecia sobremaneira retirar um versículo do seu
contexto e encaixá-lo a muque no cenário das suas heresias. E, como
sempre, desta vez também falhou o seu arrazoado.

Insiste, porém, a dogmática católica e, no apogeu de seus
estertores, vai buscar outro texto escriturístico no anseio de
coonestar a sua Tradição. E arroga, como defesa desta sua falida
fonte de doutrinas, as recomendações de Paulo a Timóteo: .. . sei em
quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o
meu depósito até aquele dia. Mantém o padrão das sãs palavras que de
mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus. Guarda o
bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós» (2 Tim.
1:12-14).

Nesta pericope encontramos duas vezes menciona­do o vocábulo
depósito. A primeira no verso 12, onde significa a confiança do
Apóstolo em Deus, que não falta em suas promessas. Todos os seus
trabalhos, todos os seus sofrimentos culminados agora em sua prisão
em Roma nas vésperas de sua morte, se constituíram num riquíssimo
depósito entregue nas mãos do Senhor, como num maravilhoso
relicário, donde esplenderiam todos os seus galardões, como de uma
fonte inexaurível. A segunda no verso 14. Para qualquer leitor
desprovido de preconceitos, esta passagem bíblica no panorama das
relações de Paulo com Timóteo, salienta o cuidado especialíssimo do
Apóstolo em preservar o depósito (parathéke) isento de macular-se
com as fãbulas e doutrinas vãs.

O Apóstolo teve de enfrentar aguerridas lutas contra os «falsos
irmãos>> (Gál. 2:4), os judaizantes que per­turbavam os crentes com
palavras e transtornavam as suas almas (Atos 15:24) porque
deturpavam a pureza do Evangelho imiscuindo-lhe doutrinas espúrias.
Além, pois, de missionário entre os gentios, Paulo teve de sustentar
essa batalha imensa para o que contou com a cooperação pronta e
eficaz de Timóteo, do qual davam bom testemunho os irmãos (Atos
16:2).

O vocábulo grego parathéke empregado por Paulo é de alta
significação por ser, no seu tempo, um termo técnico da linguagem
jurídica entre gregos, romanos e judeus. Parathéke, depósito,
indicava um tesouro valioso confiado pelo seu proprietário à guarda
de um amigo de irrestrita confiança, que se obrigava a guardá-lo e a
restitui-lo, não lhe sendo licito, ainda, uti1izar-se dele em
proveito pessoal ou na conformidade do seu bel-prazer. Severas
penas, outrossim, se impunham aos que violas­sem as normas da
absoluta fidelidade exigidas nesse caso do parathéke ou depósito.

Pois bem! Paulo escrevendo ao seu caríssimo Timóteo exorta-o à
fidelidade na guarda desse parathéke divino, que é a doutrina do
Evangelho não permitindo, em hipótese alguma, fosse eivada de
retoques, desvios ou fãbulas.

Certa ocasião, enquanto foi à Macedônia, Timóteo permaneceu em Éfeso
para advertir alguns que não ensinem outra doutrina, nem se ocupem
com fãbulas e genealogias sem fim, (1 Tim. 1:34).

Além de preservar o «bom depósito», o parathéke, nesta emergência,
competia a Timóteo a habilidade de selecionar homens capazes e
firmes na fé, aptos para ensinar.

"... aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino». (1 Tim. 4:13).

(Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. (1 Tim.4:16).

Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tem horror aos
clamores vãos e profanos e às obrigações da falsamente chamada
ciência; a qual professando-a alguns, se desviaram da fé (1 Tim.
6:20 e 21).

...Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em
nós (2 Tim. 1:14).

Lembra a Timóteo em sua Primeira Carta de que, nos últimos tempos,
alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a
ensinos de demônios (1 Tim. 4:1); suplica-lhe que rejeite «as
fábulas profa­nas e de velhinhas caducas» (1 Tim. 4:7): assemelha a
Janes e Jambres que resistiram a Moisés os que resistem à verdade,
sendo (homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto a fé (2
Tim. 3:8); recomenda-lhe que persistisse em ler (1 Tim. 4:13); e
agora, nas vésperas de sua morte em Roma, donde remetera esta Carta
a Timóteo, concita-o: «Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste,
e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que desde
a infância sabes as Sagradas Letras que podem tornar-te sábio para a
salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda Escritura é inspirada por
Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para
a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra>> (2 Tini. 3:14-16).

Todas estas recomendações de Paulo visavam exata­mente preservar a
pureza do Evangelho, a genuinidade da doutrina, a fidelidade na
guarda do «bom depósito», parathéke, contra a intromissão de
ensinamentos espúrios por parte dos judaizantes insubordinados e
impostores, bem como de outros inovadores e corruptores.

Os textos que a dogmática católica arrola em defesa de sua Tradição
militam desfavoráveis à sua pretensão de corromper a limpidez do
<
consoante advertência do mesmo Apóstolo aos falsos irmãos, quando
escreveu aos gálatas: <<... se alguém vos prega evangelho que vá
além daquele que recebestes, seja anátema (Gál. 1:9).

Nem em nome de uma outra pretensa e utópica fonte de revelação
extrabíblica, pode-se acrescentar ou re­tirar nada às Sagradas
Escrituras a menos que se queira incorrer no desagrado do Senhor
como acontece à dogmática católica, pervertedora da Revelação
Divina.

É de se pasmar que quase toda a teologia clerical esteja lastreada
sobre essa base de areia movediça. É um castelo de cartas que, com
um sopro, se derruba, mas, vem, através dos séculos, se constituindo
na arma mais eficaz do inferno para desviar as almas de Jesus
Cristo, O nosso Único e Todo-Suficiente Salvador.

(extraído do livro: O Vaticano - Ed. Caminho de Damasco)