jueves, 3 de abril de 2003

A Adoração a Deus

A Adoração a Deus




Ne 8.5,6 "E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo;
porque estava acima de todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se
pôs em pé. E Esdras louvou o SENHOR, o grande Deus; e todo o povo
respondeu: Amém! Amém!, levantando as mãos; e inclinaram-se e
adoraram o SENHOR, com o rosto em terra."

A adoração consiste nos atos e atitudes que reverenciam e honram à
majestade do grande Deus do céu e da terra. Sendo assim, a adoração
concentra-se em Deus, e não no ser humano. No culto cristão, nós nos
acercamos de Deus em gratidão por aquilo que Ele tem feito por nós
em Cristo e através do Espírito Santo. A adoração requer o exercício
da fé e o reconhecimento de que Ele é nosso Deus e Senhor.

BREVE HISTÓRIA DA ADORAÇÃO AO VERDADEIRO DEUS. O ser humano adora a
Deus desde o ínicio da história. Adão e Eva tinham comunhão regular
com Deus no jardim do Éden (cf. Gn 3.8). Caim e Abel trouxeram a
Deus oferendas (hb. minhah, termo também traduzido por "tributo" ou
dádiva") de vegetais e de animais (Gn 4.3,4). Os descendentes de
Sete invocavam "o nome do SENHOR" (Gn 4.26). Noé construiu um altar
ao Senhor para oferecer holocaustos depois do dilúvio (Gn 8.20).
Abraão assinalou a paisagem da terra prometida com altares para
oferecer holocaustos ao Senhor (Gn 12.7,8; 13.4, 18; 22.9) e falou
intimamente com Ele (Gn 18.23-33; 22.11-18).


Somente depois do êxodo, quando o Tabernáculo foi construído, é que
a adoração pública tornou-se formal. A partir de então, sacrifícios
regulares passaram a ser oferecidos diariamente, e especialmente no
sábado, e Deus estabeleceu várias festas sagradas anuais como
ocasiões de culto público dos israelitas (Êx 23.14-17; Lv 1—7; Dt
12; 16). O culto a Deus foi posteriormente centralizado no templo de
Jerusalém (cf. os planos de Davi, segundo relata 1Cr 22—26). Quando
o templo foi destruído, em 586 a.C., os judeus construíram sinagogas
como locais de ensino da lei e adoração a Deus enquanto no exílio, e
aonde quer que viessem a morar. As sinagogas continuaram em uso para
o culto, mesmo depois de construído o

segundo templo por Zorobabel (Ed 3—6). Nos tempos do NT havia
sinagogas na Palestina e em todas as partes do mundo romano (e.g. Lc
4.16; Jo 6.59; At 6.9; 13.14; 14.1; 17.1, 10; 18.4; 19.8; 22.19).

A adoração na igreja primitiva era prestada tanto no templo de
Jerusalém quanto em casas particulares (At 2.46,47). Fora de
Jerusalém, os cristãos prestavam culto a Deus nas sinagogas,
enquanto isso lhes foi permitido. Quando lhes foi proibido utilizá-
las, passaram a cultuar a Deus noutros lugares, geralmente em casas
particulares (cf. At 18.7; Rm 16.5; Cl 4.15; Fm v. 2), mas, às
vezes, em salões públicos (At 19.9,10).

MANIFESTAÇÕES DA ADORAÇÃO CRISTÃ.

Dois princípios-chaves norteiam a adoração cristã. (a) A verdadeira
adoração é a que é prestada em espírito e verdade (ver Jo 4.23
nota), i.e., a adoração deve ser oferecida à altura da revelação que
Deus fez de si mesmo no Filho (ver Jo 14.6). Por sua vez, ela
envolve o espírito humano, e não apenas a mente, e também como as
manifestações do Espírito Santo (1Co 12.7-12). (b) A prática da
adoração cristã deve corresponder ao padrão do NT para a igreja (ver
At 7.44 nota). Os crentes atuais devem desejar, buscar e esperar,
como norma para a igreja, todos os elementos constantes da prática
da adoração vista no NT (cf. o princípio hermenêutico estudado na
introdução a Atos).
O fato marcante da adoração no AT era o sistema sacrificial (ver Nm
28, 29). Uma vez que o sacrifício de Cristo na cruz cumpriu esse
sistema, já não há mais qualquer necessidade de derramamento de
sangue como parte do culto cristão (ver Hb 9.1—10.18). Através da
ordenança da Ceia do Senhor, a igreja do NT comemorava continuamente
o sacrifício de Cristo, efetuado de uma vez por todas (1Co 11.23-
26). Além disso, a exortação que tem a igreja é oferecer "sempre,
por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que
confessam o seu nome" (Hb 13.15), e a oferecer nossos corpos
como "sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" (Rm 12.1 nota).
Louvar a Deus é essencial à adoração cristã. O louvor era um
elemento-chave na adoração de Israel a Deus (e.g., Sl 100.4; 106.1;
111.1; 113.1; 117), bem como na adoração cristã primitiva (At
2.46,47; 6.25; Rm 15.10,11; Hb 2.12; ver o estudo O LOUVOR A DEUS).
Uma maneira autêntica de louvar a Deus é cantar salmos, hinos e
cânticos espirituais. O AT está repleto de exortações sobre como
cantar ao Senhor (e.g., 1Cr 16.23; Sl 95.1; 96.1,2; 98.1,5,6;
100.1,2). Na ocasião do nascimento de Jesus, a totalidade das hostes
celestiais irrompeu num cântico de louvor (Lc 2.13,14), e a igreja
do NT era um povo que cantava (1Co 14.15; Ef 5.19; Cl 3.16; Tg
5.13). Os cânticos dos cristãos eram cantados, ou com a mente (i.e.
num idioma humano conhecido) ou com o espírito (i.e., em línguas;
ver 1Co 14.15 nota). Em nenhuma circunstância os cânticos eram
executados como passatempo.
Outro elemento importante na adoração é buscar a face de Deus em
oração. Os santos do AT comunicavam-se constantemente com Deus
através da oração (e.g. Gn 20.17; Nm 11.2; 1Sm 8.6; 2 Sm 7.27; Dn
9.3-19; cf. Tg 5.17,18). Os apóstolos oravam constantemente depois
de Jesus subir ao céu (At 1.14), e a oração tornou-se parte regular
da adoração cristã coletiva (At 2.42; 20.36; 1Ts 5.17; ver o estudo
A ORAÇÃO EFICAZ). Essas orações eram, às vezes, por eles mesmos (At
4.24-30); outras vezes eram orações intercessórias por outras
pessoas (e.g. At 12.5; Rm 15.30-32; Ef 6.18). Em todo tempo a oração
do crente deve ser acompanhada de ações de graças a Deus (Ef 5.20;
Fp 4.6; Cl 3.15,17; 1Ts 5.17,18). Como o cântico, o orar podia ser
feito em idioma humano conhecido, ou em línguas (1Co 14.13-15).
A confissão de pecados era sabidamente parte importante da adoração
no AT. Deus estabelecera o Dia da Expiação para os israelitas como
uma ocasião para a confissão nacional de pecados (Lv 16; ver o
estudo O DIA DA EXPIAÇÃO). Salomão, na sua oração de dedicação do
templo, reconheceu a importância da confissão (1Rs 8.30-36). Quando
Esdras e Neemias verificaram até que ponto o povo de Deus se
afastara da sua lei, dirigiram toda a nação de Judá numa contrita
oração pública de confissão (cap. 9). Assim, também, na oração do
Pai nosso, Jesus ensina os crentes a pedirem perdão dos pecados (Mt
6.12). Tiago ensina os crentes a confessar seus pecados uns aos
outros (Tg 5.16); através da confissão sincera, recebemos a certeza
do gracioso perdão divino (1Jo 1.9).
A adoração deve também incluir a leitura em conjunto das Escrituras
e a sua fiel exposição. Nos tempos do AT, Deus ordenou que, cada
sétimo ano, na festa dos Tabernáculos, todos os israelitas se
reunissem para a leitura pública da lei de Moisés (Dt 31.9-13). O
exemplo mais patente desse elemento do culto no AT, surgiu no tempo
de Esdras e Neemias (8.1-12). A leitura das Escrituras passou a ser
uma parte regular do culto da sinagoga no sábado (ver Lc 4.16-19; At
13.15). Semelhantemente, quando os crentes do NT reuniam-se para o
culto, também ouviam a leitura da Palavra de Deus (1Tm 4.13; cf. Cl
4.16; 1Ts 5.27) juntamente com ensinamento, pregação e exortação
baseados nela (1Tm 4.13; 2Tm 4.2; cf. At 19.8-10; 20.7).
Sempre quando o povo de Deus se reunia na Casa do Senhor, todos
deviam trazer seus dízimos e ofertas (Sl 96.8; Ml 3.10).
Semelhantemente, Paulo escreveu aos cristãos de Corinto, no tocante
à coleta em favor da igreja de Jerusalém: "No primeiro dia da
semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme
a sua prosperidade" (1Co 16.2). A verdadeira adoração a Deus deve,
portanto ensejar uma oportunidade para apresentarmos ao Senhor os
nossos dízimos e ofertas.
Algo singular no culto da igreja do NT era a atuação do Espírito
Santo e das suas manifestações. Entre essas manifestações do
Espírito na congregação do Senhor havia a palavra da sabedoria, a
palavra do conhecimento, manifestações especiais de fé, dons de
curas, poderes miraculosos, profecia, discernimento de espíritos,
falar em línguas e a interpretação de línguas (1Co 12.7-10). O
caráter carismático do culto cristão primitivo vem, também, descrito
nas cartas de Paulo: "Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo,
tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação" (1Co
14.26). Na primeira epístola aos coríntios, Paulo expõe princípios
normativos da adoração deles (ver 1Co 14.1-33 notas). O princípio
dominante para o exercício de qualquer dom do Espírito Santo durante
o culto é o fortalecimento e a edificação da congregação inteira
(1Co 12.7; 14.26; ver o estudo DONS ESPIRITUAIS PARA O CRENTE).
O outro elemento excepcional na adoração segundo o NT era a prática
das ordenanças — o batismo e a Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor (ou
o "partir do pão", ver At 2.42) parece que era observada diariamente
entre os crentes logo depois do Pentecostes (At 2.46,47), e,
posteriormente, pelo menos uma vez por semana (At 20.7,11). O
batismo conforme a ordem de Cristo (Mt 28.19,20) ocorria sempre que
havia conversões e novas pessoas ingressavam na igreja (At 2.41;
8.12; 9.18; 10.48; 16.30-33; 19.1-5).
AS BÊNÇÃOS DE DEUS PARA OS VERDADEIROS ADORADORES. Quando os crentes
verdadeiramente adoram a Deus, muitas bênçãos lhes estão reservadas
por Ele. Por exemplo, Ele promete (1) que estará com eles (Mt
18.20), e que entrará e ceará com eles (Ap 3.20); (2) que envolverá
o seu povo com a sua glória (cf. Êx 40.35; 2Cr 7.1; 1Pe 4.14); (3)
que abençoará o seu povo com chuvas de bênçãos (Ez 34.26),
especialmente com a paz (Sl 29.11; ver o estudo A PAZ DE DEUS); (4)
que concederá fartura de alegria (Sl 122.1,2; Lc 15.7,10; Jo 15.11);
(5) que responderá às orações dos que oram com fé sincera (Mc 11.24;
Tg 5.15; ver o estudo A ORAÇÃO EFICAZ); (6) que encherá de novo

o seu povo com o Espírito Santo e com ousadia (At 4.31); (7) que
enviará manifestações do Espírito Santo entre o seu povo (1Co 12.7-
13); (8) que guiará o seu povo em toda a verdade através do Espírito
Santo (Jo 15.26; 16.13); (9) que santificará o seu povo pela sua
Palavra e pelo seu Espírito (Jo 17.17-19); (10) que consolará,
animará e fortalecerá seu povo (Is 40.1; 1Co 14.26;2Co 1.3,4; 1Ts
5.11); (11) que convencerá o povo do pecado, da justiça e do juízo
por meio do Espírito Santo (ver Jo 16.8 nota); e (12) que salvará os
pecadores presentes no culto de adoração, sob a convicção do
Espírito Santo (1Co 14.22-25).

EMPECILHOS À VERDADEIRA ADORAÇÃO. O simples fato de pessoas se
dizendo crentes realizarem um culto, não é nenhuma garantia de que
haja aí verdadeira adoração, nem que Deus aceite seu louvor e ouça
suas orações. (1) Se a adoração a Deus é mera formalidade, somente
externa, e se o coração do povo de Deus está longe dEle, tal
adoração não será aceita por Ele. Cristo repreendeu severamente os
fariseus por sua hipocrisia; eles observavam a lei de Deus por
legalismo, enquanto seus corações estavam longe dEle (Mt 15.7-9;
23.23-28; Mc 7.5-7). Note a censura semelhante que Ele dirigiu à
igreja de Éfeso, que adorava o Senhor mas já não o amava plenamente
(Ap 2.1-5).(2) Outro impedimento à verdadeira adoração é um modo de
vida comprometido com o mundanismo, pecado e imoralidade. Deus
recusou os sacrifícios do rei Saul porque este desobedeceu ao seu
mandamento (1Sm 15.1-23). Isaías repreendeu severamente o povo de
Deus como "nação pecadora... povo carregado da iniqüidade da semente
de alignos" (Is 1.4); ao mesmo tempo, porém esse mesmo povo oferecia
sacrifícios a Deus e comemorava seus dias santos. Por isso, o Senhor
declarou através de Isaías: "As vossas festas da lua nova, e as
vossas solenidades, as aborrece a minha alma; já me são pesadas; já
estou cansado de as sofrer. Pelo que, quando estendeis as mãos,
escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações,
não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue" (Is
1.14,15). Semelhantemente, na igreja do NT, Jesus conclamou os
adoradores em Sardes a se despertarem, porque "não achei as tuas
obras perfeitas diante de Deus" (Ap 3.2). Da mesma maneira, Tiago
indica que Deus não atenderá as orações egoístas daqueles que não se
separam do mundo (Tg 4.1-5; ver o estudo A ORAÇÃO EFICAZ). O povo de
Deus só pode ter certeza que Deus estará presente à sua adoração e a
aceitará, quando esse povo tiver mãos limpas e coração puro (Sl
24.3,4; Tg 4.8).

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