jueves, 17 de marzo de 2005

Danças Birivas





No decorrer das viagens dos tropeiros, durante as longas noites a beira de um fogo,eles procuravam se descontrair esquecendo a dura lida de viagem e dos sofrimentos que passavam. Nessa descontração ao som de violas ou meia-violas surgiram certas cantigas e danças que eram praticadas somente por homens, ( pois não existia mulheres nas viagens) eles então mostravam toda a habilidade e criatividade em um prazeroso divertimento.

Dentre essas danças, foram encontradas e pesquisadas( por João Carlos Paixão Côrtes) apenas quatro, as quais hoje são reconstituídas e praticadas por grandes grupos de dança em vários festivais de dança pelo país.

As danças são:


CHULA – Dança somente masculina ( principal característica das danças birivas) na qual os dançarinos se confrontavam, cada qual desejando mostrar suas habilidades coreográficas através de movimentos e sapateios, de um e de outro lado de uma haste de madeira, posta devidamente no chão.
A haste, no chão, nunca teve historicamente a obrigatoriedade de ser “ uma lança”. A dança não está diretamente ligada a uma idéia revolucionária ou guerreira. Quanto a sua origem, a chula nunca foi utilizada em disputas, ainda mais por prendas como muitos erradamente acreditam.


DANÇA DOS FACÕES – Dança onde os bailarinos, cada um deles com dois facões, cadenciam a música com precisas batidas esgrimadas, exigindo muita habilidade, destreza e precisão, a fim de evitar cortes ou eventuais acidentes entre os participantes.
Erroneamente temos visto grupos fazendo deste tema um motivo coreográfico barbaresco, de infundada violência e de medíocre expressão artística, fugindo de uma arte folclórica autêntica.


CHICO DO PORRETE - Motivo campesino onde, através do movimento de passar um bastão por entre as pernas, por uma mão e outra, e sapateios, traduz habilidade vigor físico do dançante, “baile biriva”, do ciclo antigo do tropeirismo de mula, interligando o Rio Grande do Sul a áreas rurais do centro do Brasil.


FANDANGO SAPATEADO – Herança do colonizador lusitano. Dança onde cada cavalheiro, depois de bailar em círculo e em conjunto, procura exibir sua capacidade de teatralidade, com exuberantes “ figuras-solo” sapateadas, ao som do rosetear de nazarenas, das quais muitas delas lembravam e imitavam lidas e motivos de campo e de sua origem.

Motivo oriundo do século XVIII quando do nascimento do “gaúcho-do-campo”, em sua atividade birivista tropeira.

Este tema – que é nosso mais antigo tema coreográfico – deu origem à formação do “ciclo do fandanguismo” primitivo rio-grandense, onde aparece posteriormente a dama, formando par.

Retirado de Danças Birivas do Tropeirismo Gaúcho, J.C. Paixão Côrtes

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