viernes, 20 de marzo de 2009

Lição Bíblica




Marcos 6.1-13

1 Tendo Jesus partido dali, foi para a sua terra, e os seus discípulos o acompanharam.
2 Chegando o sábado, passou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo -o, se maravilhavam, dizendo: Donde vêm a este estas coisas? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?
3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se nele.
4 Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, senão na sua terra, entre os seus parentes e na sua casa.
5 Não pôde fazer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
6 Admirou-se da incredulidade deles. Contudo, percorria as aldeias circunvizinhas, a ensinar.
7 Chamou Jesus os doze e passou a enviá-los de dois a dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos.
8 Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro;
9 que fossem calçados de sandálias e não usassem duas túnicas.
10 E recomendou-lhes: Quando entrardes nalguma casa, permanecei aí até vos retirardes do lugar.
11 Se nalgum lugar não vos receberem nem vos ouvirem, ao sairdes dali, sacudi o pó dos pés, em testemunho contra eles.
12 Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse;
13 expeliam muitos demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo.

Para os habitantes de Nazaré, o Senhor Jesus era "o carpinteiro". Por trinta anos Ele havia ocultado a Sua glória sob a humilde condição de um artesão interiorano. Tal humilhação é incompreensível para o homem natural, porque este é acostumado a julgar tudo segundo as aparências.

Se foi difícil que o testemunho do Senhor fosse recebido "na sua terra, entre os seus parentes, e na sua casa", quanto mais difícil será para nós testemunhar onde somos conhecidos - com todos os nossos defeitos e com o nosso triste passado. Mas é também ali que os frutos de uma nova vida serão mais evidentes e constituirão a mais eficaz das pregações (Filipenses 2:15).

Tendo sido chamados no capítulo 3, versículos 13-19, os doze são agora enviados para apregoar o arrependimento. O Senhor "ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto apenas um bordão". A vida deles deve ser uma vida de fé. A cada instante receberão o que lhes é necessário tanto para o serviço como para as suas próprias necessidades. Se tivessem levado provisões, deixariam de ter preciosas experiências, ou até perderiam de vista o vínculo de dependência com o seu Mestre ausente. Mas, por outro lado, as sandálias lhes eram indispensáveis. Elas sugerem aquilo que Efésios 6:15 chama de "a preparação do evangelho da paz". É isto que deve adornar o caminhar de cada crente, pois serve para confirmar a mensagem da graça que ele prega (compare Romanos 10:15).

jueves, 19 de marzo de 2009

Início dos Sete Povos das Missões




Ao final do século XVII, devido aos constantes conflitos de fronteira entre Portugal e Espanha, os jesuítas resolveram concentrar a população indígena convertida numa área onde estivesse mais segura, e escolheram, para isto, a zona localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul.

Os habitantes das diversas reduções jesuíticas foram transferidos para essa região, dando origem aos "Sete Povos das Missões": São Francisco de Borja (fundado em 1682), São Nicolau (1687), São Luiz Gonzaga (1687), São Miguel Arcanjo (1687), São Lourenço Mártir (1690), São João Batista (1697) e Santo Angelo Custódio (1796). Algumas dessas povoações situavam-se em locais que haviam sido anteriormente ocupados por reduções jesuíticas, mas que tinham sido abandonadas devido aos ataques de bandeirantes.

Com a formação dos Sete Povos, a obra dos jesuítas atingiu o seu apogeu. A agricultura e a pecuária desenvolveram-se e, em 1691, um missionário informava que "tantos bois, vacas, terneiros e cavalos (há) em nossos campos que tu em muitos lugares, nada mais vês, de tanto gado gordo e bonito".

Mais adiante, comentava que "dentro dos aldeamentos o Padre Missionário distribui, gratuitamente, duas vezes ao dia, a carne que os índios precisam", deixando claro que os animais eram criados para abate.

Não era apenas com a conversão e alimentação dos índios que os jesuítas se preocupavam. Vindos da Europa, onde havia um considerável desenvolvimento do artesanato, os padres procuraram incutir nos indígenas uma mentalidade que valorizasse o trabalho manual.

O aprendizado de uma profissão era constantemente incentivado e, desde a infância, os índios eram orientados para a escolha de uma atividade agrícola ou artesanal. Além de habituarem os nativos ao trabalho, os jesuítas procuravam com isto tornar as missões auto-suficientes, independentes das possessões portuguesas e espanholas que as cercavam, e que sempre olhavam com cobiça seus índios e seu gado.

É difícil, porém, estabelecer o grau de relacionamento comercial entre as missões e as possessões espanholas (a que estavam legalmente vinculadas). Segundo Lugon, autor da obra de maior fôlego sobre o assunto, as reduções exportavam diversos artigos, dentre os quais peles, couros curtidos e arreios, para Buenos Aires, Corrientes, Santa Fé, Assunção e Vila Rica; e importavam produtos manufaturados e metais.

Ainda de acordo com Lugon, a importação de manufaturados quase cessou, assim que as oficinas das missões foram convenientemente aparelhadas, permanecendo somente a importação de metais.

Lição Bíblica




Marcos 5.21-43

21 Tendo Jesus voltado no barco, para o outro lado, afluiu para ele grande multidão; e ele estava junto do mar.
22 Eis que se chegou a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, e, vendo -o, prostrou-se a seus pés
23 e insistentemente lhe suplicou: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá.
24 Jesus foi com ele. Grande multidão o seguia, comprimindo -o.
25 Aconteceu que certa mulher, que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia
26 e muito padecera à mão de vários médicos, tendo despendido tudo quanto possuía, sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo contrário, indo a pior,
27 tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste.
28 Porque, dizia: Se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada.
29 E logo se lhe estancou a hemorragia, e sentiu no corpo estar curada do seu flagelo.
30 Jesus, reconhecendo imediatamente que dele saíra poder, virando-se no meio da multidão, perguntou: Quem me tocou nas vestes?
31 Responderam-lhe seus discípulos: Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem me tocou?
32 Ele, porém, olhava ao redor para ver quem fizera isto.
33 Então, a mulher, atemorizada e tremendo, cônscia do que nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe toda a verdade.
34 E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal.
35 Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?
36 Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente.
37 Contudo, não permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João.
38 Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço, os que choravam e os que pranteavam muito.
39 Ao entrar, lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme.
40 E riam-se dele. Tendo ele, porém, mandado sair a todos, tomou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou onde ela estava.
41 Tomando -a pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te!
42 Imediatamente, a menina se levantou e pôs-se a andar; pois tinha doze anos. Então, ficaram todos sobremaneira admirados.
43 Mas Jesus ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que dessem de comer à menina.

Um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, apela ao Senhor Jesus para curar a sua filha. Mas, estando o Mestre a caminho de sua casa, uma mulher, a qual médico nenhum conseguira curar, busca secretamente valer-se de Seu poder. Querido amigo, talvez você já tenha buscado em vários lugares o remédio para purificar o seu estado de miséria moral; o Senhor Jesus hoje ainda está passando perto de você, talvez pela última vez. Faça o mesmo que essa pobre mulher fez: toque na orla de Suas vestes (conforme 6:56)!

A mulher sabe que foi curada e o Senhor sabe também. Mas é necessário que todos ouçam a respeito disso; eis por que o Senhor Jesus quer que ela vença a sua timidez e proclame publicamente "toda a verdade". Desse modo, em resposta a sua fé, ela ainda obtém uma palavra de graça infinitamente mais maravilhosa do que simplesmente a cura física: "Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz" (v. 34).

Nesse meio tempo, a casa de Jairo estava cheia de alvoroço e choradeira (embora esta não fosse muito sincera - vide v. 40). Mas o Senhor Jesus conforta a esse pobre pai com uma palavra que faz dirigir os pensamentos deste homem (e os nossos também) a Deus: "Não temas, crê somente"! (v. 36). Então, mediante outra palavra, "Talita cumi" - expressão tão comovedora que o Espírito até no-la reservou no mesmo idioma falado pelo Senhor - Ele dá a vida de volta à menina, ressuscitando-a!

Tudo dá errado




Cara, que maré de azar. Quando tudo parece bem encaminhado, por mais que você se cuide, viva numa boa procurando tanto respeitar aos outros e manter sua privacidade e espaço, sempre tem um desgraçado que ademais não conseguir resolver seus próprios problemas acha que você é o culpado por sua desgraça.
Ou pior, você tenta fazer tudo certinho, andar na lei, estar com as contas em dia, e quando você mais precisa, que isso seja usado em seu favor, um funcionário público medíocre esquece de fazer uma pesquisa básica de idoneidade de uma terceira pessoa e você fica na mão, atrasando todos os seus planos e te deixando mais tempo no olho da rua que pretendia ficar...hehehe, o que faria no meu lugar?

miércoles, 18 de marzo de 2009

A importância das missões




Situado fora do eixo de comércio do Brasil com a metrópole, o Rio Grande do Sul foi, durante o seu processo de formação, uma área de maior valor político do que econômico.

Embora não contasse com produtos de exportação de grande interesse, como o Norte e Nordeste (com as especiarias e o açúcar) e, mais tarde, as Minas Gerais (com o ouro), o Rio Grande atraía portugueses e espanhóis pela possibilidade de controle do sul do continente que sua ocupação abria.

Isto fez com que fosse, desde o princípio, uma região em constante conflito, onde as duas potências ibéricas lutavam pelo domínio da terra, provocando constantes alterações de seus limites fronteiriços -- que só se fixariam definitivamente em 1909, quando a última questão de demarcação de limites entre o Brasil e o Uruguai foi resolvida.

Inicialmente, o Rio Grande era uma "terra de ninguém", de difícil acesso e muito pouco povoada. Vagavam por suas pradarias os índios guarani, charrua, tapes; e, vez por outra, aventureiros que penetravam em seu território em busca de índios para apresar.

Esse quadro foi modificado com a chegada dos padres jesuítas, que, no início do século XVII, na região formada pelos atuais estados do Rio Grande do Sul e Paraná, e pela Argentina e Paraguai, fundaram o que ficou conhecido como "Missões Jesuíticas".

Nelas se reuniam em torno de pequenos grupos de religiosos, grandes levas de indios guarani convertidos, que levavam uma vida regida por regras ditadas pelos padres.

Procurando garantir a alimentação dos índios convertidos, os jesuítas introduziram o gado nas suas reduções, onde o clima e a vegetação propícios fizeram com que se multiplicasse rapidamente. Ao agirem assim, os missionários criaram dois atrativos para aqueles que apresavam índios: agora, além de encontrarem índios já "civilizados" -- graças ao trabalho dos jesuítas -- achariam também o gado, que seria, a partir de sua proliferação, a principal fonte das atividades econômicas do Sul.

Os ataques às reduções jesuíticas passaram a ser feitos de forma organizada, e até 1640 diversas bandeiras paulistas estiveram no Rio Grande do Sul para capturar índios e gado, provocando o desmantelamento de algumas das reduções, e a migração das populações nelas residentes para áreas consideradas mais seguras. Muitas vezes, ao partirem, os habitantes deixavam atrás de si o gado, que, solto, continuava a se multiplicar.

Lição Bíblica




Marcos 5.1-20
1 Entrementes, chegaram à outra margem do mar, à terra dos gerasenos.2 Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso de espírito imundo,3 o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo;4 porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo.5 Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras.6 Quando, de longe, viu Jesus, correu e o adorou,7 exclamando com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes!8 Porque Jesus lhe dissera: Espírito imundo, sai desse homem!9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos.10 E rogou-lhe encarecidamente que os não mandasse para fora do país.11 Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos.12 E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo: Manda-nos para os porcos, para que entremos neles.13 Jesus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram.14 Os porqueiros fugiram e o anunciaram na cidade e pelos campos. Então, saiu o povo para ver o que sucedera.15 Indo ter com Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido, em perfeito juízo; e temeram.16 Os que haviam presenciado os fatos contaram-lhes o que acontecera ao endemoninhado e acerca dos porcos.17 E entraram a rogar-lhe que se retirasse da terra deles.18 Ao entrar Jesus no barco, suplicava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele.19 Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti.20 Então, ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam.
O Senhor e Seus discípulos desembarcaram na terra dos gerasenos. A primeira pessoa que encontram é um homem completamente possesso de demônios, que faziam dele um ser selvagem e indomável. Que cena terrível; temos neste homem furioso e louco a figura moral do homem pecador, feito em joguete do diabo, levado e atormentado por suas paixões brutais, habitando no domínio da morte espiritual (os sepulcros). Ele era perigoso aos seus semelhantes e só fazia prejudicar-se a si mesmo. Que horrível estar num estado semelhante - e este é o nosso estado por natureza!
Nós, provavelmente nos teríamos afastado de tal criatura com temor e horror. Mas o Senhor Jesus não Se afasta dele, pelo contrário, vai Se ocupar com este miserável, não para atá-lo com correntes como em vão já tinham tentado os habitantes da cidade, mas para libertá-lo de sua miséria e escravidão.
Porém, desse milagre, essa gente somente viu a perda de seus porcos! Mediante a insistência desse povo de que Se retirasse dali, o Senhor Jesus vai embora, deixa para traz uma testemunha - e quem é ela? "o que fora endemoninhado"! (v. 18). Não é esta a imagem do tempo atual? Rejeitado pelo mundo, Cristo mantém no mundo aqueles que tem salvado e lhes dá a missão de anunciar tudo o que o Senhor fez. Como cumprimos esta missão? (Salmo 66:16).

martes, 17 de marzo de 2009

Os tropeiros




Introdução

O Rio Grande do Sul entrou na economia nacional pelas mãos dos tropeiros e patas das mulas. Pois foi o comércio de mulas que integrou a região à economia nacional, ainda no século XVII e início do XVIII, antes mesmo que o Rio Grande do Sul existisse formalmente.

A história do tropeirismo – um dos capítulos mais importantes da formação gaúcha e um dos menos lembrados – integrou diferentes regiões do Brasil, e traçou a rota da formação de muitas cidades da região Sul e Sudeste. Foi através dessa atividade que se consolidou o movimento comercial do país, que se definiram vocações econômicas regionais, e que as enormes extensões de pampas gaúchos encontraram seu destino, que marca a atividade econômica de algumas regiões do Estado até os dias atuais.

O gado
Antes de se analisar a atividade dos tropeiros é preciso lembrar da origem da riqueza que exploravam: o gado disperso pelos campos gaúchos.
No início do século XVII chegaram jesuítas à região formada pelos atuais estados do Paraná e Rio Grande do Sul. Esses padres estabeleceram as Missões Jesuíticas, onde reuniam, em torno de pequenos grupos de religiosos, um grande número de índios guaranis convertidos. Para sustentar essas populações, foi introduzida a atividade pecuária, com o gado solto nas pradarias.
Em 1628 já havia relatos sobre a presença de rebanhos nas reduções jesuíticas. Mas acredita-se que tenham levado os animais da margem direita para a esquerda do rio Uruguai em 1629, dando origem a um rebanho imenso que ficaria conhecido como Vacaria do Mar na área situada entre a Laguna dos Patos e os rios Jacuí e Negro. Essa Vacaria era regularmente predada por espanhóis e portugueses, e para garantir o gado os jesuítas criam a Vacaria dos Pinhais, na região de campos de cima da serra que ficou conhecia como Campos da Vacaria.

Predadores
A formação das Vacarias permitiu que se realizasse, na área do atual Estado, a atividade de preia do gado selvagem. Caçava-se o gado e se retirava o couro, que era exportado para a Europa. A carne que não era consumida pelos predadores, era deixada no campo, apodrecendo. Todos predavam gado: portugueses, índios de aldeamentos, moradores das terras espanholas que tinham permissão de suas autoridades para vaquear, indivíduos que vaquejavam por conta própria.
Enquanto isso, Portugal e Espanha continuavam na sua dança para ver quem, afinal, seria o dono do Sul do Continente. Tratados não cumpridos por ambas as partes e a política de “é de quem conseguir manter” tornavam a região que é o atual Rio Grande do Sul uma terra de ninguém, onde as duas coroas disputavam a posse do território.

Mineração
Era ainda esse o quadro do território riograndense quando, no final do século XVII, se descobriu ouro na região das Minas Gerais. A descoberta de ouro (e depois de diamantes) causou um grande afluxo populacional para a região. A população da área cresceu exponencialmente, causando a falta de alimentos e de produtos básicos. De 1700 a 1760, calcula-se que por volta de 700 mil pessoas imigraram para o Brasil com destino à Minas Gerais. A esses, se somaram um grande número de escravos africanos, bem como migrantes vindos de outras áreas do Brasil e escravos transferidos ilegalmente da região de produção de açúcar no Nordeste.
Não é de se admirar, portanto, que no início do século XVIII a falta de gêneros alimentícios tenha causado grandes crises, acompanhadas por expressiva mortalidade. As crises mais fortes foram as de 1697-1698, 1700-1701 e 1713.
A atividade mineradora, o crescimento das cidades e a formação de uma elite com recursos aumentaram a necessidade de animais para transporte de carga.
Onde encontrar esses animais? A resposta era fácil – no sul do continente, onde estavam as enormes Vacarias. A bem da verdade, a região não era propriamente portuguesa. No início do período de mineração a América ainda era dividida pelo Tratado de Tordesilhas, e teoricamente os rebanhos pertenciam à Espanha. Mas isso era um detalhe, resolvido pela política de ocupação efetiva do território. E foi assim, vindo de uma região de posse duvidosa, que o gado gaúcho entrou na história brasileira.

O primeiro tropeiro e os caminhos que criou
Por que caminhos andavam esses primeiros tropeiros? Quem eram eles?
O primeiro grande tropeiro foi um fidalgo português, Cristóvão Pereira de Abreu, descendente do condestável Nuno Álvares Pereira. Cristóvão de Abreu nasceu em Ponte de Lima, em 1680, e veio para o Rio de Janeiro aos 24 anos. Aqui, casou com D. Clara de Amorim, com quem não teve filhos.
Em 1722, aos 42, fez um grande negócio. Arrematou o monopólio de couros do sul do Brasil, mediante o compromisso de pagar 70 mil cruzados para a Fazenda Real anualmente. Tratou de começar a explorar esse manancial de ganhos, chegando a exportar 500 mil peças de boi por ano, através da Colônia de Sacramento (então de posse dos Portugueses).
Cristóvão de Abreu também instalou sua própria estância, situada entre o Canal de Rio Grande e a planície de Quintão. Mas o seu grande feito seria estabelecer um caminho por terra entre os pampas e o mercado que clamava por gado.
Francisco de Souza Faria, morador de Laguna, havia levado dois anos abrindo uma estrada que ia de Morro dos Conventos, em Araranguá, na planície costeira da atual Santa Catarina, até os Campos de Curitiba, no planalto. A obra teve início em 1717, e por essa estrada Cristóvão Pereira subiu pela primeira vez levando 800 cavalos e mulas, possibilitando a ligação entre o Sul e a vila de Sorocaba em São Paulo, que se tornou o grande entreposto de venda de gado durante o período da mineração, no ano de 1931.
No ano seguinte, em uma segunda viagem – agora com 3 mil animais e 130 tropeiros – Cristóvão de Abreu alargou e melhorou o caminho, construindo vários pontilhões. Levou um ano e dois meses para atingir Sorocaba – e iniciou um novo ciclo da economia gaúcha.
Mais tarde, Cristóvão Pereira abriu um novo caminho, que ligava diretamente os campos de Viamão aos Campos de Lajes. Ao longo desse caminho foram surgindo povoados: Santo Antonio da Patrulha, São Francisco de Paula, Capela de Nossa Senhora da Oliveira da Vacaria.
As aventuras do primeiro tropeiro não pararam por ai. Mais tarde, em 1735, foi convocado pelo governo português para defender as fronteiras portuguesas por terra, enquanto o Brigadeiro José da Silva Paes prestava apoio marítimo. O governo português tinha conhecimento de que os espanhóis pretendiam ocupar toda a área que ia até a ilha de santa Catarina, e era preciso garantir a presença portuguesa.
Cristóvão aceitou o desafio e com 160 homens partiu para o Sul, sustentando a entrada do canal de Rio Grande por cinco meses, até que o Brigadeiro Silva Pais chegou com suas tropas por mar. No ponto onde Cristóvão de Abreu havia se instalado com seus homens, e onde o brigadeiro desembarcou, foi fundado o quartel e vila de Rio Grande. E seria ali que, em 1755, morreria Cristóvão Pereira de Abreu, o homem que colocou o Rio Grande do Sul no mapa econômico do Brasil.
As duas rotas originais estabelecidas por Cristóvão de Abreu perderam importância quando se passa a explorar diretamente a região das Missões, e se passa a utilizar um caminho que leva diretamente à essa área, partindo de Vacaria e indo direto a Cruz Alta, então na fronteira entre Portugal e Espanha.

Os números
Uma vez estabelecidas as rotas de transporte, as tropas se multiplicaram e o comércio de gado deslanchou. A preferência era pelos muares, já que mulas e burros eram mais adequados para o transporte em uma região montanhosa como Minas Gerais. Mas também se exportava gado vacum e cavalos.
Estabelecer um número exato de animais exportados é quase impossível. Há relatos falando em mais de 50 mil animais, com grande predominância de muares, na metade do século XVIII.
As tropas saiam do Rio Grande do Sul em setembro ou outubro, época em que, graças às chuvas, encontrariam melhores pastos pelo caminho. Prosseguiam até Curitiba, onde ficavam por algum tempo, engordando o gado. De lá, partiam para Sorocaba, o grande centro de comércio de gado, a tempo de participar das grandes feiras que se realizavam entre abril e maio.

O dia-a-dia
O tropeiro era um homem acostumado às intempéries. É difícil definir sua origem. Havia paulistas, reinóis, nascidos no próprio Rio Grande que se dedicaram ao tropeirismo nessa primeira fase. Alguns deles enriqueceram, e se tornaram verdadeiros “empresários do transporte”.
Ao partir de Viamão, Cruz Alta ou dos demais centros de envio de tropas, sabia que teria dias duros pela frente. Ao final de cada dia de trabalho, cobria a carga dos animais com couro, e deitava-se no chão, sobre um pedaço de couro, ao ar livre, no chamado encosto, o pouso em pasto aberto. Em alguns pontos, encontrava abrigos construídos – os ranchos. Neles, o rancheiro oferecia alojamento para os homens, cobrando apenas o milho e o pasto consumidos pela tropa.
Enquanto o gado comia, o tropeiro preparava sua alimentação.
Sua alimentação se baseava no toucinho, feijão preto, farinha, pimenta do reino, café e fubá. O feijão tropeiro misturava feijão quase sem molho com pedaços de carne seca e toucinho, e era servido com farofa e, quando havia, couve.
Entre os animais, destacava-se a “madrinha”, com a crina toda enfeitada com fitas. Era o cavalo, égua ou mula mais calma, bastante conhecida pelos demais animais, que era a cabeça da tropa.
Dessa maneira seguiam em uma viagem que levava meses, quase sempre acompanhando o roteiro dos rios e atravessando os campos abertos, desafiando o perigoso Rio Pelotas na divisa entre Rio Grande e Santa Catarina, pousando por algum tempo nos Campos de Curitiba até chegarem à feira de Sorocaba.

O fim de um ciclo
A atividade de tropeiragem teve seu auge ente 1725 e o final do século, quando a atividade mineradora começou a declinar. Nessa época, entretanto, um novo produto permitiu que o Rio Grande do Sul continuasse a desempenhar o seu papel de fornecedor de outros centros produtores brasileiros. Era o charque, que começou a ser produzido na região de Pelotas por volta de 1780. Com ele, os rebanhos gaúchos encontrariam uma nova destinação.
Entretanto, os tropeiros continuaram a percorrer os caminhos do Sul, ainda que em menor escala. A tropeiragem sofreu um grande baque com a instalação das ferrovias, no final do século XIX. Manteve-se, contudo, em menor escala, até o a década de 50 do século XX.

Homenagem
Uma merecida homenagem a esses homens foi prestada entre março e maio de 2006, quando uma equipe de 18 profissionais saiu com 26 animais da cidade de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, rumo a Sorocaba. Promovida pelo programa de televisão Globo Rural, a Tropeada percorreu o 1.270 quilômetros em 66 dias, repetindo a rota dos tropeiros pelo Caminho Novo de Vacaria. A tropa saiu de Cruz Alta e passou por Carazinho, Passo Fundo, Lagoa Vermelha, Vacaria e Bom Jesus no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, passou por Lages, Marombas e Mafra. Seguiu pela Lapa, Rio Negro, Palmeira, Castro e Piraí no Paraná. Cortou terras de Itararé, Itapeva, Buri, Alambari, Itapetininga, Araçoiaba da Serra e chegou a Sorocaba, em São Paulo.
No caminho, fazendas antigas, museus, belíssimas paisagens marcaram o percurso daquele que foi, um dia, o caminho pelo qual o Rio Grande foi se tornando brasileiro – o Caminho dos Tropeiros.

Manifesto tradicionalista

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Tradicionalistas não tanto radicais defendem a participação de artistas nacionais no rodeio de Vacaria, em janeiro de 2008. Em 2006 tivemos show de Zezé Di Camargo e Luciano, que foi o show de maior lotação do evento, e gerou as maiores discussões politicas-tradicionalitas, de ideologias, de cultura, etc
Alguns tradicionalistas foram consultados, já que o MTG é um espelho (ou deveria de ser) dos tradicionalistas participantes dos CTGs por ai afora.

As vezes a função do Movimento se inverte e ao invés de acontecer de "baixo para cima" (como Paixão Cortes diz que foram suas primeiras intenções), hoje em dia elas estão acontecendo de "cima para baixo", onde os mandantes do Movimento (supostos intelectuais) mandam nos tradicionalistas e simpatizantes, forçando as vezes culturas "ditadoras" ao invés de democracia tradicionalista e integração nacional de culturas.
João dos Santos, de Soledade, patrão de um CTG de lá, defende a integração nacional, ainda mais em Vacaria, dizendo: O MTG defende e sempre defendeu que nossos CTGs se apresentem e levem nossas culturas para eventos nacionais como Barretos, festivais nacionais de culturas, eventos internacionais, etc.

Acho que o MTG ao invés de só exportar cultura deva realizar uma integração nacional, pois acima de tudo somos gaúchos, mas brasileiros. Todos os artistas nacionais que chegaram em Vacaria foram super-bem recebidos e ao mesmo tempo fomos super-bem respeitados por eles, onde muitos deles inclusive possuem terras no RS, criando seus gados aqui. Ou seja, eles gostam do RS e não quem que o RS seja manos que um estado GAÚCHO. Somos respeitado por todos, e não desrespeitados.

Os que mais desrespeitam nossa cultura gaúcha são os próprios gaúchos, principalmente os mais novos. Esses sim o MTG deveria trabalhar em cima, em prol do dimensionamento da cultura, e não da exclusão cultural!"
Amanda Antunes, de Lages, dançarina de um CTG também dá sua opinião: Existem tantas falhas no Movimento tradicionalista gaúcho, tanto do RS quanto de SC, que acho muito abuso da parte deles se envolverem com a música.

O MTG não tem critérios e nem padrões para se envolver e optar na música, nem gaúcha, e muito menos brasileira. Como eles sabem, que aquela música é brasileira mesmo ou não? Suas funções são com a cultura gaúcha, não brasileira.

Eles já pecam com as danças, valorizando estilizações, mudanças de critérios de julgamento ano após ano. Eles abominam os livros do Paixão Cortes em seus rodeios, imagina então se possuem critérios concretos para analisar a música gaúcha, quem dirá a brasileira? para isso temos os Institutos de música, IGTFs, etc. Órgãos acima do MTG."
Já Carlos Andrade Paim, de Vacaria, instrutor de danças de salão e de invernadas artísticas, conclui: Sou gaúcho, e ou vacariano.

O rodeio de vacaria é patrimônio cultural do estado, aprovado pelos políticos. Ou seja, é mais importante que o MTG. O rodeio de vacaria sai mesmo que o MTG não deixe, pois é parte da cultura estadual, e do Brasil.

Para Vacaria temos participantes de todos os cantos do estado, do Brasil e do Mundo. Tivemos norte-americanos já gineteando aqui, temos shows de danças da Argentina, do Paraguai, do Chile e do México.

Temos estandes de Barretos no parque, e este está sempre lotado. Temos festivais de música nativista para os músicos do estado. temos os shows na concha acústica. temos bailes no "lonão". Ou seja, temos espaço para todos.

O rodeio de vacaria não é feito somente para tradicionalistas. Ele é feito para tradicionalistas, para curiosos, pesquisadores, participantes, simpatizantes, para Brasileiros e para gente de qualquer lugar. Não vejo como uma afronta a nossa cultura, então, um show nacional em nosso evento.

Nossa captação de recursos é federal, de órgãos acima do MTG. pela LIC, acima do MTG. Sendo nacional nossa captação de recursos, nada mais justo do que ter shows nacionais em nosso evento. Ainda mais que o show é fechado, na cancha totalmente isolada. É cobrado ingresso, não é um show oferecido ao público.

É um evento VENDIDO aos participantes, que quiserem ir. Eu irei, de certeza. E irei pilchado, para mostrar que sou gaúcho, independente do tipo de música que escuto. Em casa escuto de tudo, porque num rodeio também não poderei escutar de tudo? Não serei menos gaúcho por isso, nem menos tradicionalista. Nossa cultura é algo muito intimo, não esta em CASCAS. É algo de CERNE. Não é uma pilcha que dirá que sou ou não gaúcho.
E Rogério Oliveira, de Porto Alegre ainda conclui sua opinião: Nossa tradição tem que deixar de ser apenas dependente de instituições. Nossa tradição é feita para o povo.
Então porque sempre que eventos são feitos para o povo, o movimento se para contrário? O MTG, junto com o ENART, nem aceita as danças que são dançadas em Vacaria, fiéis aos ensinamentos de Paixão Cortes. Vacaria é o único reduto dessas danças. Se esses participantes daqui, forem ao ENART, não poderão dançar e nem se classificarão por que não estão dentro DAS CARTILIAS DO MTG, mesmo que o Paixão diga o contrário.
Então porque o movimento quer tanto se envolver com vacaria, proibindo e liberando? Obvio que para tomar conta, só pode.
O Gaúcho pode tomar o Brasil, e porque culturas brasileiras não podem se integrar com as nossas? O gaúcho é brasileiro. Isso é ditadura, é imposição. Não sou gaúcho para isso. Sou a favor das diversas culturas.
Cultura não é cultura sendo isolada do mundo, ainda mais em épocas de globalização e de tecnologia. Se um show nacional (Cesar Menotti e Fabiano, por exemplo) vier prejudicar nossa TRADIÇÃO é porque o MOVIMENTO (MTG) é o fraco.
Gaúcho que é gaúcho escuta todo tipo de musica e não se vende. Não deixarei de escutar e de querer ver MARENCO , por exemplo, só porque fui num show da Ivete, ou algo assim.
Sempre escutarei meu CESAR OLIVEIRA E ROGERIO MELO, que também terão espaço no rodeio de Vacaria, de certeza. Porque shows internacionais podem e show nacional não? Por mais que um show de danças argentinas também tenha tudo a ver com nossa cultura, não é gaúcho do RS. Critérios são critérios.
Nosso rodeio de Vacaria é internacional. Então que venham shows nacionais e internacionais, sempre. Temos um publico lá em vacaria que não é tradicionalista. Isso é bom. E integração tem que ser feita. Chega de mandantes e de ditadura tradicionalista. temos de ter opinião acima de supostos "cultos" da tradição
Fonte:Portal do Gaúcho e Jornal do comércio - Vacaria/RS - Outubro de 2007

NOTA DO EDITOR:

Aconselhamos a essas pessoas que se dizem tradicionalistas, pois não o são a lerem a Carta de Princípios de Glaucus Saraiva, e imagino que ela esteja em seus estatutos, como artigo n.º 1, então como sempre dizemos ninguém é preciso fazer o que não queira; é só mudar seus estatutos e deixarem de serem CTG, façam como Barretos que destruiu a Cultura Caipira, em detrimento da americana e por interesses comerciais, aonde o interesse comercial imperar, têm que deixar de ser CTG e adotar outro nome.

Vacaria a muito tempo deixou de ser verdadeiramente tradicionalista.Agora é um evento comercial, se quiserem continuar assim , não têm problema, peçam desfiliação e bateremos palmas por sua atitude e CORAGEM.

Manifesto tradicionalista




Dentro de minha vivência familiar e social, tenho notado nesses últimos 20 anos um caminho que parece sem volta dentro do movimento, a distância institucional a que o MTG vem se colocando é alarmante, esta na contra mão! É só observar alguns exemplos de autenticidade, espontaneidade, e seriedade cultural ou até turística, vejam os exemplos de paises com forte manifestação cultural regional. Na Europa, por exemplo, cada cultura nacional ou regional é respeitada e explorada turisticamente sem deturpações significativas, na Argentina a dança nacional do Tango, fora outras danças ensinadas em escolas como a zamba a chacarera e o malambo, Paraguai e outros paises servem de exemplo. O que se nota é que se "criou" uma nova forma de tradicionalismo que fugiu ao anseio de sua origem, pois aquele empreendedorismo inédito de jovens rebeldes não querendo deixar abafar sua cultura nativa nas décadas de 40, 50, 60 e 70, não existe mais! O que existe é uma avalanche de egocentrismo e individualismo irresponsáveis numa manifestação cultural expressiva. Talvez as iniciativas do Mobral na década de 70, do fegart na de 80 tenham sido de boa fé, porém descambaram pro fantasioso e jogo de politicagem entre alguns poucos "compadres" que decidem os rumos e ditames da nossa cultura(??) Nos concursos de prendas e peões chego a me sentir um estrangeiro, pois morreu aquela ingenuidade natural das prendas, agora ferrenhas "concorrentes", e também o peão autentico, homem ou guri de lida, com a singela intenção de se divertir ao dançar cantar ou dizer versos crioulos. Não estou dizendo que não existam exceções, assim como eu que fui peão regional, e sei do q estou falando, que "concorri", e depois quando me dei conta, a decepção veio a galope, sobre quais eram os interesses pessoais por traz de vários companheiros e companheiras de "faixa" e "crachá", status social nada mais. Nada, guardadas as devidas exceções, nada de projetos realmente sociais, de amparo dignatório ao nosso homem gaúcho e seus filhos pobres ansiosos por terem um legado de inclusão no século que se inicia, inclusão social e cultural. Mas com o órgão que deveria dar o exemplo esta dificil...

Manifesto tradicionalista





Em tempos de novas "regras" no movimento tradicionalista, me recordo da preocupação sincera de alguns em preservar nossas danças populares, com respeito aos trajes, à musicalidade de época, ao contexto social da geração em vigor do motivo coreografico, assim como um fator muitíssimo importante nos dias atuais, a responsabilidade social da divulgação das danças tradicionais gauchas. E aí é que temos que pensar em devolver o folcore morto, revitalizando-o sem modismos nem deturpações oportunistas, e o oportunismo existe em grande escala no nosso movimento, e me animo a dizer que no "1º" escalão do MTG! Não digo que tudo o que esta sendo regrado seja inútil, mas que existe muita hipocrisia, isso sim. Os mesmos problemas vão continuar, a exaltação nos concursos de prendas e peões, a uniformização estúpida dos trajes das "invernadas", a limitação do músico de temas folclóricos, ou a liberação irresponsável ( dai não só no enart), aliás, esse tema, "música folclórica", merece muitas linhas, mas fica pra outra oportunidade. Fico realmente triste quando vejo que a preocupação mais urgente esta em outros pontos que não perturbam tanto a caminhada cultural do nosso movimento, como seria de se preocupar com atitudes nada compatíveis com os gauchos, cabeças duras e egocêntricas, são essas que deveriam ser as preocupações!

1ª RONDA CRIOULA -- UM MARCO NA HISTÓRIA DO TRADICIONALISMO




ANTECEDENTES
1. PANORAMA

Houve época em que quase ninguém mais pensava em tradições rio-grandenses! Procurava-se destruir o que era "velharia".

Quase tudo andava esparso, perdido, vivendo precariamente em um ou outro rincão. Salvava-se alguma coisa da poesia Taveira Júnior; as Lendas de Simões Lopes e os escritos do Partenon Literário; fatos escassos do Instituto Histórico; lembranças dos hábitos campestres revividos por Cezimbra Jacques; referências aos "Clubes Gaúchos" do passado, parcos escritores regionalistas e quase mais nada. A Brigada Militar, porém, reverenciava a figura de Bento Gonçalves junto ao Monumento ao dia 20 de setembro. A ordem geral dos maiores centros do País, irradiadores da "moda", era mudar para "melhor", imitar o que vinha de além-mar ou seguir os "moldes" dos EUA. Para as "novas", o "pólo irradiador" do nosso padrão "made in USA" valia-se do cinema, do disco, dos livros best-seller, de revistas, de histórias em quadrinhos, Super-Homens, etc. Era o norte-americanismo a todo vapor! Generalizavam-se "modas" que pouco tinham a ver com os nossos hábitos, nossa maneira de vestir, forma de falar, nossas músicas e com a psicologia da gente rio-grandense. Na verdade em fins de década de 1940, o povo gaúcho, parecia ignorar o seu próprio patrimônio histórico-cultural e estava algo alheio às coisas do passado nativo, acrescido pelo amordaçamento de nosso vigor cívico, implantado pela ditadura do "Estado Novo" de Getúlio Vargas, com a queima de nossa bandeira regional (1937) e proibição dos símbolos (brasão, hino) do Estado. Nem um futurologista poderia imaginar um CTG como célula social rural. Nem Piquete de Laçadores, nem Rodeios de Danças ou Eqüestres. Na verdade vestir-se como campesino era motivo de gozação. A própria sociedade urbana interiorana hostilizava e menosprezava nossa gente do meio campestre chamando-a de baicuera, caipira. Nosso povo pastoril parecia ter esquecido suas raízes agrestes. Estávamos numa encruzilhada. A cultura rio-grandense lograria sobreviver?

2. ANGÚSTIA DE RAIZ

O que deveria ser feito pela geração gaúcha daquela época "bombardeada" por inúmeros impactos sócio-cultural de um pós Segunda Guerra? Queriam os jovens, o direito de fixar as coisas de raízes rio-grandenses, de preservá-las, de valorizá-las, de projetá-las, sem insurgir-se contra o desenvolvimento, o progresso, a liberdade, o bem-estar social e a evolução. Estes jovens de 16 a 20 anos não ficaram contemplativos diante das correntes alienígenas que pretendiam sufocar a alma dos autóctones campesinos rio-grandenses. Não estavam só cobrando. Queriam dizer: presente, estamos aqui! Este lugar é nosso! Sabiam o que queriam e tomavam postura, resolutos. Os crioulos campestres se depararam com a situação de serem "proibidos" de sair às ruas com roupas pastoris tradicionais, e os estudantes, de verem nas escolas a nossa própria história, a tradição e a cultura gaúchas quase ignoradas. Esta rapaziada também trazia uma formação pré-universitária que lhe permitia equacionar a importância da cultura regional, no contexto da literatura nacional e universal.

3. O GRITO

Vivia-se 1947. Os veículos de comunicação de massa mostravam-se saturados de estrangeirismos. Foi frente a este impasse que iniciou-se em Porto Alegre, em agosto de 1947, um movimento ginasiano de proselitismo de todas as camadas sociais, de todos os seguimentos étnicos em favor das tradições. Esse movimento começou no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, onde um grupo de jovens fundou o Departamento de Tradições Gaúchas, junto ao seu Grêmio Estudantil. A preocupação principal era preservar, desenvolver e proporcionar uma revitalização à cultura popular rio-grandense, interligando a nossa História, mais valorizada, no contexto da cultura brasileira. Esses jovens buscavam uma trilha diante da perda da fisionomia regional que se processava. A descaracterização necessitava ser combatida. O Rio Grande precisava reagauchar-se. Eles procuravam a identidade da terra gaúcha. E assim, no dia 05 de setembro de 1947, saíram às ruas, a cavalo e pilchados, a desfraldar a sua Bandeira Tricolor Farrapa, quando instituições estatais e o próprio Governo Estadual se omitiam ou palidamente se dispunham a colocá-la no mastro, ao lado do pavilhão Brasileiro. Este foi o grito!

4. O DEPARTAMENTO DE TRADIÇÕES FINCA ESTEIOS

O então estudante do Colégio Júlio de Castilhos, João Carlos Paixão Côrtes, reunindo com a diretoria do Grêmio Estudantil, apresenta um proposta de ação fundamentada nos seguintes itens: a) Realização de bailes gauchescos com concursos de danças e trajes; hora de arte; b) Concurso Literário de prosa e poesia; c) Publicação de artigos no jornal do "Julinho"; d) Palestra culturais por intelectuais gaúchos; e) Ronda Gaúcha; assembléia; f) Provas campeiras, concurso de laço e boleadeira; g) Concurso de fotografias e de desenho; h) Biblioteca e discoteca. Surge o Departamento de Tradições Gaúchas, assim definido na época: "destinava-se a estimular o desenvolvimento, por meio de reuniões culturais, sociais e recreativas, da belíssima tradição de nossos heróis do passado, incentivando a nossa juventude a que eleve sempre, e cada vez mais alto, a chama do amor à pátria".

5. RONDA CRIOULA, ORIGEM DA SEMANA FARROUPILHA

Dentre os itens programados pelo Departamento de Tradições Gaúchas, um mereceu especial atenção, à época: a "Ronda Gaúcha" logo popularizada e consagrada pela gauchada, definitivamente, como a "Ronda Crioula". Assim desenvolveu-se intensa atividade de 7 a 20 de setembro, unindo política e festivamente da data da Independência do Brasil ao dia do início das comemorações alusivas a Revolução Farroupilha. A partir de 1947, e ainda por longos anos, os Centros de Tradições Gaúchas que foram surgindo, organizavam, individualmente, suas Rondas Crioulas, porém de forma desordenada e com uma duração de 13 dias. Somente em 11/12/1964, através da Lei no 4.850, o Presidente da Assembléia Estadual, Francisco Solano Borges, sancionava a lei que oficializava a Semana Farroupilha no Rio Grande do Sul - a ser comemorada de 14 a 20 de setembro de cada ano, em homenagem à memória do Herói Farroupilha.

6. LIGA DE DEFESA NACIONAL E O PIQUETE DA TRADIÇÃO

O Rio Grande estava em grandes preparativos para a Semana da Pátria, de 1947, coordenada pela Liga de Defesa Nacional. Seriam prestadas homenagens póstumas aos soldados brasileiros que perderam a vida lutando na Itália, durante a 2ª Guerra Mundial que acabara em 1945. O Departamento de Tradições Gaúchas do "Julinho" queria associar-se às homenagens aos "pracinhas". Paixão Côrtes, que dirigia este departamento, visitou o Major do Exército Darcy Vignoli, Presidente da Liga de Defesa, no Rio Grande do Sul e disse-lhe, de viva-voz, do desejo de retirar, no final do dia 7 de setembro, uma centelha do fogo simbólico que vinha de Pistóia, do cemitério dos soldados brasileiros na Itália, para transportá-la até o Colégio Júlio de Castilhos, onde iria iluminar um candeeiro típico, a representar um altar-cívico, dentro das comemorações da 1ª Ronda Crioula desse educandário. Acertada a concordância por parte da Liga, seu secretário, Dr. Fortunato Pimentel, solicitou ao Departamento de Tradições do "Julinho", um piquete de gaúchos para montar guarda à urna com os restos mortais do General David Canabarro, que seria transladado de Livramento para Porto Alegre. Assim, depois de múltiplas peripécias, reuniram-se 8 gaúchos bem pilchados, arreios autênticos e pingos-de-lei (cavalos especialmente cedidos pelo Regimento Osório), e à 5 de setembro de 1947, estava formado o Piquete da Tradição, que tomou parte nas referidas solenidades, numa cavalgada cívica, pelas artérias da nossa capital, num cenário eqüestre inusitado para a época. Eram estudantes do "Julinho" e de outros educandários. As comemorações da 1a Ronda Crioula do "Julinho" foram antecipadas para esse dia. Governador do Estado, autoridades militares, mundo diplomático, Assembléia do Estado, escolas, desportistas, Brigada Militar, Guarda Civil e o povo em geral, prestigiaram as homenagens ao velho cabo de guerra farroupilha. O Piquete da Tradição acompanhou os despojos de David Canabarro até a sua última morada: o Panteon Rio-Grandense. Missão cumprida.

7. NASCE A CHAMA CRIOULA

Paixão Côrtes relata:

"Era quase meia-noite do dia sete de setembro. Na Avenida João Pessoa, festivamente iluminada, ardia a Pira. Uma multidão ansiosa esperava os atos de encerramento de mais uma Semana da Pátria. Eu, Cyro Ferreira e Fernando Vieira, estes embandeirados pelos símbolos do Rio Grande do Sul e do Colégio Júlio de Castilhos, aguardávamos montados em nossos "pingos" as ordens da Comissão Central, que dirigia a solenidade de apagamento do Fogo Simbólico. Pouco antes do Fogo da Pátria ser extinto, veio o comunicado para assomar-me à Pira, subindo um frágil escada de madeira. Minha ascensão ao topo da Pira se fez com alguma dificuldade, já que botas, esporas, mango, boleadeira, chiripá e mais improvisado archote (feito de estopa embebida em querosene e preso à ponta de um de cabo de vassoura) atrapalhavam, de certo modo, minha locomoção na íngreme escada com cerca de 6 metros de altura. Mas persisti e alcancei o pedestal superior do monumento. E, diante de mim, a Chama da Pátria Num gesto solene meu, estava acesa a Chama Crioula! Transportamo-la, acompanhada de meus companheiros embandeirados, a galopito, até o salão do "Julinho", onde foi acender o Candeeiro Crioulo, pioneiramente. Pela primeira vez na história dos acontecimentos cívicos da Semana da Pátria, isso acontecia no Rio Grande do Sul: brilhava a centelha que iria iluminar o Movimento Tradicionalista que estava nascendo."

8. ATIVIDADES DA RONDA

O diretor do Departamento de Tradições do "Julinho", Paixão Côrtes, desenvolve, na época, um programa intensivo, criando a "Chama Crioula", o "Candeeiro Crioulo", o "1º Baile Gauchesco" e uma série de momentos eqüestres, que integrariam-se aos aspectos sociais e culturais. Atividades artístico-culturais seguem-se durante a 1a Ronda Crioula. Muita gente junta-se ao "Piquete". Barbosa Lessa - que integrara-se ao Departamento de Tradições do "seu julinho", logo após a cavalgada do Piquete da Tradição e que já escrevia sobre feitos e fatos históricos sobre a Revolução Farroupilha - publica "No Subterrâneo da Laje"; pega violão e canta temas do nosso folclore musical; está presente em momentos artísticos no Baile Gauchesco e participa de eventos culturais que foram-se desenvolvendo. O "julinho" Ivo Sanguinetti - profundo conhecedor do esperanto - assessora toda a infra-estrutura do Departamento de Tradições e participa ativamente das suas realizações. Rubem Xavier segue seus passos. O nascente poeta Glauco Saraiva, incorpora-se ao Movimento do Colégio Júlio de Castilhos, e com sua sensibilidade artística, monta especial programa gauchesco na Rádio Farroupilha e lança seus primeiros poemas, que o consagrariam na literatura gauchesca, e viriam a projetá-lo no Movimento Tradicionalista. Geraldo Xavier Krebs abre as páginas do "seu" jornal do "Julinho". O escritor Manoelito de Ornellas faz brilhante conferência sobre literatura regional.

9. BAILE GAUCHESCO, A CHAMA E O ENCERRAMENTO DA 1ª RONDA

Embora Porto Alegre fosse a capital gaúcha, há muitos anos tinha banido dos seus bailes o uso da roupa campesina, vivendo os padrões das modas européias ou dos "bailes caipiras". Algo semelhante acontecia com a sociedade rural-urbana do interior, que, embora seus moradores fossem ligados à vida pastoral, não lhes permitia, até mesmo em dias não festivos, que entrassem na sede do clube local de bota e bombacha. Daí que baile gauchesco com música regional era um fato inusitado em entidades sociais do Rio Grande. Porém, assim foi feito. Durante o Baile Gauchesco da Ronda de 1947, no "julinho", fez-se uma hora de arte espontânea, versos improvisados, trovas, declamações, gaitações e músicas cantadas por voluntários entremeavam-se artisticamente aos números bailáveis (chotes, rancheira, meia-canha, mazurca). Serviu-se "pastel-de-carreira" e "café-de-chaleira". Concursos de trajes gaúchos e de prendas foram realizados, com prêmios. Num cenário de ramada, com pelegos, fogo de chão, churrasco e chimarrão bailou-se até o clarear do dia. O tradicionalismo estava aparecendo, definitivamente, como uma força viva, social e popular. Neste baile, é que se ventilou, entre outros assuntos, a idéia de fundar-se uma agremiação civil gauchesca, cujo líder expositor e defensor desta causa era Barbosa Lessa, mais tarde o criador da importante tese "Sentido e Valor do Tradicionalismo". Encerrava-se a meia-noite do dia 20 de setembro de 1947 as solenidades da 1ª Ronda Crioula. O candeeiro que viera do altar-cívico do "Julinho" entrou salão a dentro do Teresópolis Tênis Clube conduzido por gaúchos e prendas sob o aplauso da gauchada. Foram recordados os feitos heróicos do Rio Grande; nossas origens; nossos princípios de liberdade e justiça, que transmitiram-nos os bravos Farroupilhas. A Chama estava extinta. Hoje, de forma simbólica, todos os anos uma amena chama de fogo-de-chão existente em algum galpão pastoril rio-grandense, reativa-se ao sopro dos ideais daqueles jovens da década de 40, a iluminar, num sagrado candeeiro às gerações que vêm formando-se neste últimos 50 anos no Rio Grande do Sul, integrando o espírito gauchesco a uma brasilidade maior. Assim, o surgimento da 1ª Chama Crioula e a criação das Comemorações da 1ª Ronda Crioula em 1947, são marcos históricos na causa do atual Movimento Tradicionalista, que cristalizou-se com o nascer do nome do 35 Centro de Tradições Gaúchas, em 3 de janeiro de 1948.

Créditos ao Edvaldo Ezídio

Lição Bíblica




Marcos 4.1-12

1 Voltou Jesus a ensinar à beira-mar. E reuniu-se numerosa multidão a ele, de modo que entrou num barco, onde se assentou, afastando-se da praia. E todo o povo estava à beira-mar, na praia.
2 Assim, lhes ensinava muitas coisas por parábolas, no decorrer do seu doutrinamento.
3 Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear.
4 E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram.
5 Outra caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra.
6 Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se.
7 Outra parte caiu entre os espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram, e não deu fruto.
8 Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu, produzindo a trinta, a sessenta e a cem por um.
9 E acrescentou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
10 Quando Jesus ficou só, os que estavam junto dele com os doze o interrogaram a respeito das parábolas.
11 Ele lhes respondeu: A vós outros vos é dado conhecer o mistério do reino de Deus; mas, aos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas,
12 para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se, e haja perdão para eles.

O Senhor Jesus voltou à beira-mar, e ensina as multidões por meio de parábolas, uma linguagem cheia de figuras. A primeira é a do Semeador. O Senhor apresenta-Se aqui como Aquele que traz a boa semente do Evangelho e a difunde no mundo. Embora Ele conheça os corações e saiba como acolherão - ou não acolherão - a verdade, dá a cada um a oportunidade de entrar em contato com a Palavra de vida. Você a acolheu?

O versículo 12 não deve nos perturbar. Compreendamos que se trata aqui do povo judeu como um todo: não é o caso que o Senhor temesse ver os homens se convertendo e que Se visse obrigado a perdoar os seus pecados! Mas os judeus acusavam o Senhor de ter um demônio, rejeitando assim o testemunho do Espírito Santo. Tal pecado não pode ser perdoado a Israel como um povo (3:29; Romanos 11:7-8, 25). Todos, porém, que desejam falar a sós com o Senhor, acharão lugar "junto dele", hoje como antes, para ouvir a revelação dos mistérios do reino de Deus (vv. 10,11,34; compare Provérbios 28:5). Façamos uso deste grande privilégio e especialmente não nos privemos das reuniões onde podemos estar junto ao Senhor para escutar a Sua Palavra.

lunes, 16 de marzo de 2009

DEGRADAÇÃO DOS IDEAIS FARRAPOS






O “bagualismo” da ignorância de certos setores das administrações culturais responsáveis pelo rumo do movimento tradicionalista, nos traz a uma salutar imersão num momento de necessária reflexão.

O movimento tradicionalista gaúcho, nasceu de um grupo de estudantes secundaristas, na ânsia ingênua e autêntica de recuperar algo que estava perdido naquela época, os valores tradicionais gauchescos, não nasceu em ambientes políticos ou intelectuais, regido por falcatruas e orçamentos grandiosos. Foi e é um movimento nitidamente popular, e lembro que a própria revolução farroupilha se fez através das guerrilhas dos peões campeiros e escravos, que conheciam muito bem as picadas e escaramuças que poderiam montar contra o poderio de império usurpador.

Se conseguíssemos transportar para hoje os verdadeiros ideais farrapos, ou estivessem entre nós , Bento Gonçalves, Antonio de Souza Netto..etc, certamente estaríamos em guerra, visto o descaso com a cultura simples e autêntica. Sito o caso do ano passado, onde a gloriosa chama crioula, símbolo máximo da semana farroupilha, era abandonada, sem ronda, na madrugada, e também sito que há muitos anos, o comércio tomou conta do nosso parque Eduardo Gomes, desvirtuando exageradamente o espírito tradicionalista. Os bailes nunca mais foram os mesmos, dançam quem quer e como querem, prendas vestidas de bombachas, regidas por normas de liberação da indumentária.

Mas como cultuar a verdadeira tradição, se durante o ano todo a bagunça é generalizada nos próprios galpões dos ctgs espalhados pela nossa cidade? Baile mesmo é difícil de se encontrar, o que vemos as sextas e sábados são os atraentes bailões do maxixe, dança por sinal dançada de forma mais respeitosa até pelos seus criadores nordestinos, e que pelo “gaúcho” esta sendo dançada com uma bagacerice extrapolante!

Isso tudo sem falar do dinheiro que o tradicionalismo esta movimentando, através de incentivos dos governos estaduais e municipais, direcionados ás entidades normativas, o povo esquece fácil, mas o mensalão correu solto várias vezes nessas “tetas” governamentais, ou todos nós seremos ingênuos de acreditar que aqueles milhares e milhares de reais, foram aplicados apenas nos desfiles e estruturas dos parques? Foi divulgado pela própria imprensa canoense a falta de acerto de contas sobre verbas destinadas, até hoje sem resposta. Enquanto isso, vários cursos projetos e livros necessitaram de apoio financeiro, e estão até hoje abandonados à própria sorte.

Esses são os ideais farrapos? Uso indevido do dinheiro público, preocupação de certas patronagens com churrascadas e bailantas maxixeiras, sob a cansativa e absurda desculpa que só os “tchês” dão dinheiro, sem falar também dos famosos concursos de mais prendada prenda e peão cultura, que cultura? Que prendada? Só o que sabem é decorar algumas linhas da história do estado e montar alguma boneca de pano para “apresentar” e ostentar as maravilhosas faixas e crachás, e durante o concurso se digladiarem pela desesperada motivação e vestirem esses adereços, muito comum são as brigas geradas entre famílias pelas “injustiças” cometidas com suas filhinhas por terem pego a faixa de 2ª prenda! É gauchada, entramos no século XXI, precisamos acordar e entender o que significa a palavra “tradição”, sem fechar os olhos pro moderno, sem ser “grosso”, mas nos propormos a honrar os valores reais ensinados através das gerações desde os tempos farrapos.

Lição Bíblica




Marcos 3.20-35

20 Então, ele foi para casa. Não obstante, a multidão afluiu de novo, de tal modo que nem podiam comer.
21 E, quando os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.
22 Os escribas, que haviam descido de Jerusalém, diziam: Ele está possesso de Belzebu. E: É pelo maioral dos demônios que expele os demônios.
23 Então, convocando-os Jesus, lhes disse, por meio de parábolas: Como pode Satanás expelir a Satanás?
24 Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode subsistir;
25 se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir.
26 Se, pois, Satanás se levantou contra si mesmo e está dividido, não pode subsistir, mas perece.
27 Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só então lhe saqueará a casa.
28 Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem.
29 Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno.
30 Isto, porque diziam: Está possesso de um espírito imundo.
31 Nisto, chegaram sua mãe e seus irmãos e, tendo ficado do lado de fora, mandaram chamá-lo.
32 Muita gente estava assentada ao redor dele e lhe disseram: Olha, tua mãe, teus irmãos e irmãs estão lá fora à tua procura.
33 Então, ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos?
34 E, correndo o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis minha mãe e meus irmãos.
35 Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.

O Senhor está sempre disposto a deixar que se acheguem a Ele e, assim, permite à multidão entrar na casa em que estava. Logo a seguir começa a lhes ensinar, nem mesmo tomando tempo para alimentar-se. Sigamos, pois, o exemplo desta incansável devoção e completa abnegação, nós que freqüentemente estamos tão pouco dispostos a abrir as nossas portas aos estranhos, a permitir que nos perturbem ou que a rotina de nossos costumes seja alterada. Lembremos também que um visitante indesejável talvez nos tenha sido mandado para que possamos lhe falar da salvação de sua alma.

Algumas pessoas sentem-se perturbadas acerca do significado do versículo 29. Elas temem haver proferido alguma vez, sem pensar, uma palavra pecaminosa que nunca poderá ser perdoada. Isso é interpretar mal a graça de Deus. "O sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 João 1:7). A blasfêmia contra o Espírito Santo foi o mais terrível pecado do qual o incrédulo povo de Israel se fez culpado. Esse povo atribuiu a Satanás o poder do Espírito Santo do qual o Senhor Jesus estava revestido. Isto era extremamente grave e nem mesmo tinha sentido lógico (v. 26).

No último parágrafo, o Senhor distingue claramente aqueles a quem considera membros de Sua família. Fazer a vontade de Deus era, e ainda é, obedecer ao Senhor Jesus.

domingo, 15 de marzo de 2009

Como surgiram, quem eram e o papel dos tropeiros





Introdução
O Rio Grande do Sul entrou na economia nacional pelas mãos dos tropeiros e patas das mulas. Pois foi o comércio de mulas que integrou a região à economia nacional, ainda no século XVII e início do XVIII, antes mesmo que o Rio Grande do Sul existisse formalmente.
A história do tropeirismo – um dos capítulos mais importantes da formação gaúcha e um dos menos lembrados – integrou diferentes regiões do Brasil, e traçou a rota da formação de muitas cidades da região Sul e Sudeste. Foi através dessa atividade que se consolidou o movimento comercial do país, que se definiram vocações econômicas regionais, e que as enormes extensões de pampas gaúchos encontraram seu destino, que marca a atividade econômica de algumas regiões do Estado até os dias atuais.

O gado
Antes de se analisar a atividade dos tropeiros é preciso lembrar da origem da riqueza que exploravam: o gado disperso pelos campos gaúchos.
No início do século XVII chegaram jesuítas à região formada pelos atuais estados do Paraná e Rio Grande do Sul. Esses padres estabeleceram as Missões Jesuíticas, onde reuniam, em torno de pequenos grupos de religiosos, um grande número de índios guaranis convertidos. Para sustentar essas populações, foi introduzida a atividade pecuária, com o gado solto nas pradarias.
Em 1628 já havia relatos sobre a presença de rebanhos nas reduções jesuíticas. Mas acredita-se que tenham levado os animais da margem direita para a esquerda do rio Uruguai em 1629, dando origem a um rebanho imenso que ficaria conhecido como Vacaria do Mar na área situada entre a Laguna dos Patos e os rios Jacuí e Negro. Essa Vacaria era regularmente predada por espanhóis e portugueses, e para garantir o gado os jesuítas criam a Vacaria dos Pinhais, na região de campos de cima da serra que ficou conhecia como Campos da Vacaria.

Predadores
A formação das Vacarias permitiu que se realizasse, na área do atual Estado, a atividade de preia do gado selvagem. Caçava-se o gado e se retirava o couro, que era exportado para a Europa. A carne que não era consumida pelos predadores, era deixada no campo, apodrecendo. Todos predavam gado: portugueses, índios de aldeamentos, moradores das terras espanholas que tinham permissão de suas autoridades para vaquear, indivíduos que vaquejavam por conta própria.
Enquanto isso, Portugal e Espanha continuavam na sua dança para ver quem, afinal, seria o dono do Sul do Continente. Tratados não cumpridos por ambas as partes e a política de “é de quem conseguir manter” tornavam a região que é o atual Rio Grande do Sul uma terra de ninguém, onde as duas coroas disputavam a posse do território.

Mineração
Era ainda esse o quadro do território riograndense quando, no final do século XVII, se descobriu ouro na região das Minas Gerais. A descoberta de ouro (e depois de diamantes) causou um grande afluxo populacional para a região. A população da área cresceu exponencialmente, causando a falta de alimentos e de produtos básicos. De 1700 a 1760, calcula-se que por volta de 700 mil pessoas imigraram para o Brasil com destino à Minas Gerais. A esses, se somaram um grande número de escravos africanos, bem como migrantes vindos de outras áreas do Brasil e escravos transferidos ilegalmente da região de produção de açúcar no Nordeste.
Não é de se admirar, portanto, que no início do século XVIII a falta de gêneros alimentícios tenha causado grandes crises, acompanhadas por expressiva mortalidade. As crises mais fortes foram as de 1697-1698, 1700-1701 e 1713.
A atividade mineradora, o crescimento das cidades e a formação de uma elite com recursos aumentaram a necessidade de animais para transporte de carga.
Onde encontrar esses animais? A resposta era fácil – no sul do continente, onde estavam as enormes Vacarias. A bem da verdade, a região não era propriamente portuguesa. No início do período de mineração a América ainda era dividida pelo Tratado de Tordesilhas, e teoricamente os rebanhos pertenciam à Espanha. Mas isso era um detalhe, resolvido pela política de ocupação efetiva do território. E foi assim, vindo de uma região de posse duvidosa, que o gado gaúcho entrou na história brasileira.

O primeiro tropeiro e os caminhos que criou
Por que caminhos andavam esses primeiros tropeiros? Quem eram eles?
O primeiro grande tropeiro foi um fidalgo português, Cristóvão Pereira de Abreu, descendente do condestável Nuno Álvares Pereira. Cristóvão de Abreu nasceu em Ponte de Lima, em 1680, e veio para o Rio de Janeiro aos 24 anos. Aqui, casou com D. Clara de Amorim, com quem não teve filhos.
Em 1722, aos 42, fez um grande negócio. Arrematou o monopólio de couros do sul do Brasil, mediante o compromisso de pagar 70 mil cruzados para a Fazenda Real anualmente. Tratou de começar a explorar esse manancial de ganhos, chegando a exportar 500 mil peças de boi por ano, através da Colônia de Sacramento (então de posse dos Portugueses).
Cristóvão de Abreu também instalou sua própria estância, situada entre o Canal de Rio Grande e a planície de Quintão. Mas o seu grande feito seria estabelecer um caminho por terra entre os pampas e o mercado que clamava por gado.
Francisco de Souza Faria, morador de Laguna, havia levado dois anos abrindo uma estrada que ia de Morro dos Conventos, em Araranguá, na planície costeira da atual Santa Catarina, até os Campos de Curitiba, no planalto. A obra teve início em 1717, e por essa estrada Cristóvão Pereira subiu pela primeira vez levando 800 cavalos e mulas, possibilitando a ligação entre o Sul e a vila de Sorocaba em São Paulo, que se tornou o grande entreposto de venda de gado durante o período da mineração, no ano de 1931.
No ano seguinte, em uma segunda viagem – agora com 3 mil animais e 130 tropeiros – Cristóvão de Abreu alargou e melhorou o caminho, construindo vários pontilhões. Levou um ano e dois meses para atingir Sorocaba – e iniciou um novo ciclo da economia gaúcha.
Mais tarde, Cristóvão Pereira abriu um novo caminho, que ligava diretamente os campos de Viamão aos Campos de Lajes. Ao longo desse caminho foram surgindo povoados: Santo Antonio da Patrulha, São Francisco de Paula, Capela de Nossa Senhora da Oliveira da Vacaria.
As aventuras do primeiro tropeiro não pararam por ai. Mais tarde, em 1735, foi convocado pelo governo português para defender as fronteiras portuguesas por terra, enquanto o Brigadeiro José da Silva Paes prestava apoio marítimo. O governo português tinha conhecimento de que os espanhóis pretendiam ocupar toda a área que ia até a ilha de santa Catarina, e era preciso garantir a presença portuguesa.
Cristóvão aceitou o desafio e com 160 homens partiu para o Sul, sustentando a entrada do canal de Rio Grande por cinco meses, até que o Brigadeiro Silva Pais chegou com suas tropas por mar. No ponto onde Cristóvão de Abreu havia se instalado com seus homens, e onde o brigadeiro desembarcou, foi fundado o quartel e vila de Rio Grande. E seria ali que, em 1755, morreria Cristóvão Pereira de Abreu, o homem que colocou o Rio Grande do Sul no mapa econômico do Brasil.
As duas rotas originais estabelecidas por Cristóvão de Abreu perderam importância quando se passa a explorar diretamente a região das Missões, e se passa a utilizar um caminho que leva diretamente à essa área, partindo de Vacaria e indo direto a Cruz Alta, então na fronteira entre Portugal e Espanha.

Os números
Uma vez estabelecidas as rotas de transporte, as tropas se multiplicaram e o comércio de gado deslanchou. A preferência era pelos muares, já que mulas e burros eram mais adequados para o transporte em uma região montanhosa como Minas Gerais. Mas também se exportava gado vacum e cavalos.
Estabelecer um número exato de animais exportados é quase impossível. Há relatos falando em mais de 50 mil animais, com grande predominância de muares, na metade do século XVIII.
As tropas saiam do Rio Grande do Sul em setembro ou outubro, época em que, graças às chuvas, encontrariam melhores pastos pelo caminho. Prosseguiam até Curitiba, onde ficavam por algum tempo, engordando o gado. De lá, partiam para Sorocaba, o grande centro de comércio de gado, a tempo de participar das grandes feiras que se realizavam entre abril e maio.

O dia-a-dia
O tropeiro era um homem acostumado às intempéries. É difícil definir sua origem. Havia paulistas, reinóis, nascidos no próprio Rio Grande que se dedicaram ao tropeirismo nessa primeira fase. Alguns deles enriqueceram, e se tornaram verdadeiros “empresários do transporte”.
Ao partir de Viamão, Cruz Alta ou dos demais centros de envio de tropas, sabia que teria dias duros pela frente. Ao final de cada dia de trabalho, cobria a carga dos animais com couro, e deitava-se no chão, sobre um pedaço de couro, ao ar livre, no chamado encosto, o pouso em pasto aberto. Em alguns pontos, encontrava abrigos construídos – os ranchos. Neles, o rancheiro oferecia alojamento para os homens, cobrando apenas o milho e o pasto consumidos pela tropa.
Enquanto o gado comia, o tropeiro preparava sua alimentação.
Sua alimentação se baseava no toucinho, feijão preto, farinha, pimenta do reino, café e fubá. O feijão tropeiro misturava feijão quase sem molho com pedaços de carne seca e toucinho, e era servido com farofa e, quando havia, couve.
Entre os animais, destacava-se a “madrinha”, com a crina toda enfeitada com fitas. Era o cavalo, égua ou mula mais calma, bastante conhecida pelos demais animais, que era a cabeça da tropa.
Dessa maneira seguiam em uma viagem que levava meses, quase sempre acompanhando o roteiro dos rios e atravessando os campos abertos, desafiando o perigoso Rio Pelotas na divisa entre Rio Grande e Santa Catarina, pousando por algum tempo nos Campos de Curitiba até chegarem à feira de Sorocaba.

O fim de um ciclo
A atividade de tropeiragem teve seu auge ente 1725 e o final do século, quando a atividade mineradora começou a declinar. Nessa época, entretanto, um novo produto permitiu que o Rio Grande do Sul continuasse a desempenhar o seu papel de fornecedor de outros centros produtores brasileiros. Era o charque, que começou a ser produzido na região de Pelotas por volta de 1780. Com ele, os rebanhos gaúchos encontrariam uma nova destinação.
Entretanto, os tropeiros continuaram a percorrer os caminhos do Sul, ainda que em menor escala. A tropeiragem sofreu um grande baque com a instalação das ferrovias, no final do século XIX. Manteve-se, contudo, em menor escala, até o a década de 50 do século XX.

Homenagem
Uma merecida homenagem a esses homens foi prestada entre março e maio de 2006, quando uma equipe de 18 profissionais saiu com 26 animais da cidade de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, rumo a Sorocaba. Promovida pelo programa de televisão Globo Rural, a Tropeada percorreu o 1.270 quilômetros em 66 dias, repetindo a rota dos tropeiros pelo Caminho Novo de Vacaria. A tropa saiu de Cruz Alta e passou por Carazinho, Passo Fundo, Lagoa Vermelha, Vacaria e Bom Jesus no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, passou por Lages, Marombas e Mafra. Seguiu pela Lapa, Rio Negro, Palmeira, Castro e Piraí no Paraná. Cortou terras de Itararé, Itapeva, Buri, Alambari, Itapetininga, Araçoiaba da Serra e chegou a Sorocaba, em São Paulo.
No caminho, fazendas antigas, museus, belíssimas paisagens marcaram o percurso daquele que foi, um dia, o caminho pelo qual o Rio Grande foi se tornando brasileiro – o Caminho dos Tropeiros.

A outra identidade da história política Farrapa




Enquanto a disputa pelo poder central arrasta a república para práticas cada vez menos limpas, no rincão mais ao sul do país, a Semana Farroupilha demarca a disputa pela identidade política da região. Da direita agrária sugadora dos recursos do estado a extrema-esquerda que nem participa do processo eleitoral, a hegemonia ideológica é motivo de peleia porteira adentro. Embora o restante do país não o perceba, se avizinha o 20 de setembro, data mais importante da história do Rio Grande do Sul.

Em meados de 1835 estala a guerra contra o Partido Conservador, caramuru, aliado do Rio de Janeiro. Cerca de um ano depois, o general da cavalaria farrapa Antônio de Souza Netto, comanda a tomada de Porto Alegre. Com a vitória contra as tropas do Império luso-brasileiro, Netto e seus oficiais proclamam a República Rio-Grandense. A historiografia discute se a república foi um golpe de propaganda ou um caso pensado. Hoje, 171 anos depois, isto pouco ou nada importa. Sabemos que a história é feita de saltos, rupturas e descontinuidades. O gesto político do comandante das tropas farroupilhas deu vazão a um turbilhão político que até hoje pode mudar a correlação de forças no estado mais ao sul do Brasil.

Não há condições de aqui fazermos um debate histórico profundo, mas, algumas referências têm de ser citadas. A proclamação da República libera sentimentos e alianças diretamente relacionadas à formação política e étnica dos territórios lindeiros ao Rio Grande. Esta parte da história, além de não ser reivindicada pelos altos conselheiros do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), tampouco foi visto na minissérie global A casa das sete mulheres.

As fronteiras atuais do país com a ex-província Cisplatina foram demarcadas somente em 1828. Os exércitos do Norte, comandados pelo general uruguaio Juan Antonio Lavalleja, tinham como meta a reconquista das Missões Orientais, território onde hoje se encontram os 7 Povos das Missões Guaranis (do lado oriental do Rio Uruguai). Conseguindo pouco mais que um empate militar, a delegação da Banda Oriental assina com o Império do Brasil o tratado de demarcação definitiva. Lembrando, isto aconteceu apenas sete anos antes da deflagração do conflito na Província de São Pedro.

Um outro fato do lado de lá da fronteira foi fundamental para os rumos da Guerra e da Revolução Farroupilha. Após a traição do caudilho Fructuoso Rivera, o cacicado dos povos Charruas e Minuanos aposta todas as suas chances históricas na República Rio-Grandense. Estas duas nações, constitutivas da pampa e do tipo humano do gaúcho original, tiveram participação estratégica no projeto político mais ambicioso da região em toda a sua história. Antes, haviam sido duplamente traídas. Primeiro durante a chamada Gesta Artiguista, ou segundo o seu nome mais político, na Liga Federal dos Povos Livres.

O próprio ex-capitão dos Blandengues, José Gervasio Artigas fora traído pelo patriciado de Montevidéu, cuja aliança com os comerciantes centralistas do porto de Buenos Aires, provocara seu banimento e exílio para o Paraguai. O grosso de sua cavalaria era composto pelos ginetes charruas, exímios lanceiros dotados de um senso de organização composto por conselheiros e chefes militares eleitos. A segunda traição foi realizada pelo Brigadeiro Rivera, homem leal aos interesses imperiais portugueses na pampa. Este chefe político e militar, no Uruguai recém independente, convocou os caciques para uma trégua. No local marcado, suas tropas preparam uma emboscada, dando vazão a um dos maiores genocídios da história da América Latina.

Os sobreviventes do massacre de Rivera cruzaram a fronteira ainda viva, rumando ao norte. Poucos anos depois, se somam na tropa republicana. A composição étnica do exército farroupilha reflete os anseios dos mais oprimidos. Quando da guerra, de cada três peões-soldadoss farrapos, um era negro ou indígena. A identidade da Pátria Grande não pára aí O próprio idioma falado, era muito mais parecido ao portunhol, ou dialeto bajano, ainda existente nos mais de mil quilômetros da fronteira com o Uruguai. O português era a língua franca dos negros e de somente parte da oficialidade-estancieira. Além do portunhol, os idiomas indígenas (charrua, minuano, guarani e tape) eram correntes na tropa e nos acampamentos farrapos.

A outra identidade olvidada é a dos afro-descendentes, cuja expressão bélica foi o esquadrão de cavalaria dos lanceiros negros. Comandados pelo oficial republicano e abolicionista Joaquim Teixeira Nunes, o Gavião, a rendição incondicional dos negros em armas foi exigência de Osório e Lima e Silva para o acordo de paz. Outra vez traídos pelos escravagistas mais preocupados com o preço do charque do que com as instituições republicanas, a derrota se consuma na ?batalha? dos Porongos. Nesta localidade, o corpo de Lanceiros Negros foi dizimado, sem armas, surpreendidos pelo abandono da posição defensiva de David Canabarro. Este seguira a orientação de ?diplomatas? gaúchos como Vicente da Fontoura, o mesmo que assinara o ?tratado? de Ponche Verde pelas costas, criando o fato consumado da ?derrota honrosa?.

Aprofundando-nos além dos episódios pontuais, vemos na história esquecida justamente a identidade política que não se quer deixar circular. A presença de negros e indígenas foi fundamental para o ambicioso projeto federalista comandado por Artigas, congregando as Províncias Unidas do Prata sob a estrutura política da Liga Federal dos Povos Livres.

Avançadíssimo para seu tempo, o programa era embasado em uma grande mobilização de massas, abolicionista e com reforma agrária incluindo as nações indígenas e os afro-descendentes. A extensão da Liga englobava as hoje províncias argentinas de Corrientes, Entre Ríos, Paraná, Misiones, a totalidade do Uruguai, partes do Paraguai e mais de um terço do atual território gaúcho. A expressão nativa e africana não constituía a bucha de canhão das guerras, como foi o caso do exército brasileiro e antes das bandeiras de São Paulo. Mas sim o próprio Estado-Maior da Liga Federal, e particularmente dos conselheiros de Artigas.

Recuperar o debate da presença indígena e negra no seio do maior movimento de cultura nativa e regional do Brasil, o MTG, é essencial para o resgate da ala liberal-radical da República Rio-Grandense, de orientação federalista e contra a escravidão. De tão polêmico e perigoso, o assunto é simplesmente ignorado pela grande mídia local. Isto porque, refletindo a moldura institucional da oligarquia gaúcha, aliada aos grandes capitais (locais, nacionais e transnacionais), os quatro maiores grupos de mídia do Rio Grande do sul não podem permitir vazar um sentimento desta ordem no grosso da população.


Em um mundo globalizado, disputar as raízes da própria história não é pouca coisa. Para um país como o Brasil, cujo controle da comunicação reflete o domínio de enclave de alguns quarteirões do Rio de Janeiro e de São Paulo, o assunto pode ser o pano de fundo para um novo pacto federativo. Ganhando substância, como a renegociação ou moratória da dívida do Rio Grande, a memória pode virar munição para virar uma conjuntura morna e sem interesses estratégicos de fundo.

No ano que cumprimos 250 anos do martírio do cacique guarani Sepé Tiaraju, uma leitura substancial da epopéia Farroupilha é necessária. Esta Revolução gaúcha, mesmo com todas as suas contradições e mazelas, teve cara, cor e cheiro dos povos constitutivos deste pedaço de mundo. Esta identidade, caso seja resgatada pelos seus próprios protagonistas, pode reescrever a história do Rio Grande nas próximas décadas.

Lição Bíblica




Marcos 3.1-19

1 De novo, entrou Jesus na sinagoga e estava ali um homem que tinha ressequida uma das mãos.
2 E estavam observando a Jesus para ver se o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem.
3 E disse Jesus ao homem da mão ressequida: Vem para o meio!
4 Então, lhes perguntou: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la? Mas eles ficaram em silêncio.
5 Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu -a, e a mão lhe foi restaurada.
6 Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos, contra ele, em como lhe tirariam a vida.
7 Retirou-se Jesus com os seus discípulos para os lados do mar. Seguia -o da Galiléia uma grande multidão. Também da Judéia,
8 de Jerusalém, da Iduméia, dalém do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidom uma grande multidão, sabendo quantas coisas Jesus fazia, veio ter com ele.
9 Então, recomendou a seus discípulos que sempre lhe tivessem pronto um barquinho, por causa da multidão, a fim de não o comprimirem.
10 Pois curava a muitos, de modo que todos os que padeciam de qualquer enfermidade se arrojavam a ele para o tocar.
11 Também os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e exclamavam: Tu és o Filho de Deus!
12 Mas Jesus lhes advertia severamente que o não expusessem à publicidade.
13 Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele.
14 Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar
15 e a exercer a autoridade de expelir demônios.
16 Eis os doze que designou: Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro;
17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer: filhos do trovão;
18 André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Zelote,
19 e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu.

Ocorre uma segunda cura na sinagoga de Cafarnaum e de novo num dia de sábado (1:21). A esse enfermo, cuja mão está ressequida, o Senhor pede que faça precisamente aquilo que é incapaz de fazer. Mas, ao começar a obedecer, ele dá prova de sua fé, e é esta fé que permite ao Senhor curá-lo. Observemos a dureza de coração dos que estão presentes. Em lugar de se alegrarem com o homem que foi curado e admirar o poder do Senhor, esses homens malvados tomam esse milagre como pretexto para tentar matá-LO. Ele, porém, prossegue com Seu ministério de graça, e a multidão, composta praticamente de estrangeiros de Tiro e Sidom (e até de edomitas), continua afluindo a Ele para ouvi-LO e obter a cura.

Depois Ele escolhe doze discípulos e os nomeia "para estarem com ele e para os enviar a pregar" (3:14 - compare com João 15:16). Estar com o Senhor Jesus: que imenso privilégio e, ao mesmo tempo, a condição indispensável para poder ser enviado em seguida. Como executar qualquer serviço sem que antes tenhamos recebido a direção do Senhor? (Jeremias 23:21-22).

Neste Evangelho, cada um dos doze discípulos é mencionado individualmente, com a finalidade de nos fazer recordar que um servo deve depender direta e pessoalmente de Seu Senhor para receber orientação e ajuda.

sábado, 14 de marzo de 2009

Períodos de la vestimenta gaucha

1. Ultimo tercio del siglo XVIII (1770-1780) a principios del siglo XIX (1810-1820), época en que se termina el comercio del cuero y empieza el de la carne salada; el paso de la caza de hacienda cimarrona al del engorde de ganado.
Hacia 1789, el naturalista marino guatemalteco Antonio de Pineda y Ramírez del Pulgar, describe así al hombre de campo:
"Una bota de medio pie, unas espuelas de latón (bronce) de peso de dos o tres libras, que llaman nazarenas, un calzoncillo con fleco suelto, un calzón de tripe azul o colorado, abierto hasta más arriba de medio muslo, que deje lucir el calzoncillo, de cuya cinta está preso el cuchillo flamenco; un armador, una chaqueta, un sombrero redondo de ala muy corta con su barbiquejo, un pañuelo de seda de color y un poncho ordinario es la gala del más galán de los gauderios...". "Si es verano, se van detrás del rancho a la sombra y se tumban, si invierno juegan o cantan unas raras seguidillas que llaman de cadena, o el Pericón o el Malambo, acompañándose con una desacordada guitarra que siempre es un timple..."

2. De 1820 a 1870, época de caudillos y guerras intestinas; momento de las grandes inmigraciones. Al respecto Emeric Essex Vidal en las "Ilustraciones Pintorescas de Buenos Aires y Montevideo" (Londres, 1820), dice: "Los mayordomos, capataces o propietarios, y en general todos los que pueden comprarlo, usan un jubón, chaleco, calzones, calzoncillos, sombrero, zapatos y poncho. Sus peones, en cambio, usan solamente el chiripá, que es un trozo de burda tela de lana atada a la cintura con una cuerda. Muchos de ellos no llevan camisa, pero usan sombrero, calzoncillos blancos, un poncho y cortas botas hechas de cuero de potro y ternero; otros usan para este fin cuero de gato montés. Como no hay barberos, se afeitan muy pocas veces y éstas con su cuchillo; generalmente usan largas barbas. Las mujeres van descalzas y son muy sucias. Sus vestiduras consisten comúnmente, de una camisa sin mangas sujeta por un cinturón a la cintura; muy a menudo, no tiene más que la puesta...."

3. 1870 a 1920 aprox., época de la industrialización, comienzan los alambrados en los campos; época de bombacha y bota fuerte; paso del saladero al frigorífico.

Lição Bíblica




Marcos 2.18-28

18 Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?
19 Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar.
20 Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão.
21 Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotura.
22 Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.
23 Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam espigas.
24 Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados?
25 Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros?
26 Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam com ele?
27 E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado;
28 de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado.

Se a palavra que distingue o Servo perfeito é "imediatamente (ou logo)", a dos judeus incrédulos é "por quê?" (v. 7,16,18,24). Ao ser interrogado acerca do jejum, o Senhor Jesus explica que se trata de uma manifestação de tristeza e que, conseqüentemente, não seria apropriado enquanto Ele estivesse com os Seus. Não devia ser a Sua vinda um motivo de grande alegria para todo o povo, como o anjo havia anunciado? (Lucas 2:10). Então Jesus aproveita esta oportunidade para reforçar o contraste entre as regras e as tradições do Judaísmo com o Evangelho da graça que é disponível gratuitamente, o qual Ele tinha vindo lhes trazer. Por desgraça, o homem - e não só o judeu - prefere as formas religiosas à graça de Deus porque elas lhe permitem gozar de uma boa reputação aos olhos de outras pessoas, ao mesmo tempo em que ele continua fazendo a sua própria vontade. Em contrapartida, o versículo 22 dá a entender que o cristão é um homem completamente renovado. Se seu coração está mudado e é um novo gozo que o preenche agora, seu comportamento exterior deve, necessariamente, ser também transformado.

Os fariseus censuravam os discípulos por colherem espigas no dia de sábado. O homem sempre se desvia do propósito que Deus lhe tem dado. O sábado era uma graça concedida a Israel, mas este povo transformou-a em jugo tal que ampliou ainda mais sua escravidão moral, como disse Pedro em Atos 15:10: "um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós".

viernes, 13 de marzo de 2009

El gaucho

En Argentina se festeja el Día Nacional del Gaucho el 6 de diciembre. Existen más de 50 etimologías para esta palabra que designaba a una etnia que, en el siglo pasado, era considerada de lo más bajo de las clases sociales, y luego de las guerras de la independencia tuvo una pequeña reivindicación, por su coraje. Se considera que la palabra tuvo variados usos según las épocas:
Vagabundo o vagamundo (1642)Changador (1734)Gauderio (1746)Gaucho (1771)Guaso (1789)Camilucho (1798).
Gauderio: palabra de origen portugués con la que se designaba a los campesinos andariegos de Río Grande do Sud (Brasil) y Uruguay; eran hombres increíblemente dúctiles en el manejo del caballo y la hacienda. La palabra "gauderio" pasó al Río de la Plata, donde no era conocida y sirvió para designar al paisano de nuestros campos: "étnias de indios y colonizadores..." según Mariano Polliza.
El Señor Antonio Palmeira, visitante de nuestro sitio, nos hace llegar la información de la palabra Gauderio
[Del español platense gauderio.]S. m. 1. Holganza, juerga, gaudio. 2. Vadío, malandra. V. vagabundo (7). 4. Zool. V. vinchuca (insecto que transmite el mal de Chagas). 5. Brasilerismo. Noreste. Parásito ( individuo que no trabaja, habituado a vivir o que vive de los demás). 6. Brailerismo. Rio Grande del Sur. Aquél que acompaña a cualquier persona, abandonándola luego para seguir a otra. 7. Bras. Rio Grande del Sur. Perro errante, sin dueño. 8. Lusitanismo. Ladrón (2). Adj. 9. Lusitanismo. Se dice de gauderio (5, 6 y 7). [Cf. gauderio, del verbo gauderiar.] Gauderiar3. Brasilerismo, Rio Grande del Sur: Tornarse gaudério; andar errante de casa en casa, sin ocupación seria; flautear, gauchar.Y del Diccionario de Argentinismos, neologismos y barbarismos, del Dr. Lisandro Segovia (obra publicada en 1911 bajo los auspicios de la Comisión Nacional del Centenario) consta:GauderioM. Nombre que parece haberse dado en otro tiempo al gaucho. En Brasil, gorrón, parásito.Dicionário Aurélio Eletrônico - Século XXI - versão 3.0, novembro 1999 (versión digital integral del Novo Dicionário Aurélio-Século XXI, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, publicado por Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro)Diccionario de Argentinismos, neologismos y barbarismos, con un apéndice sobre voces extranjeras interesantes, del Dr. Lisandro Segovia, Imprenta de Coni Hermanos, Buenos Aires, 1911.



Huajcho: palabra que significa huérfano. Se designaba así a los solitarios y salvajes hombres de las pampas argentinas "con sus pelos largos hasta los hombros, la cara negra por el viento, sombrero de fieltro, chiripá y botas sacadas de los cuartos traseros "Gaucho actual de Tafí del Valle (tafinisto)" de las yeguas, un largo facón en la espalda sostenido por el cinturón y comían carne asada como dieta principal a veces acompañado por un poco de mate o algún cigarro..." descripción de Charles Darwin hacia 1834 (Juan Manuel de Rosas: de Lynch).
.Históricamente el nombre "gaucho" data desde las invasiones inglesas momento en que el elemento campesino de a caballo participaba en la lucha por su tierra. Uno de los primeros en organizarlos fue el Brigadier Grl. Don Juan Manuel de Rosas, un "curtido hombre de campo, tanto o más gaucho que sus propios hombres...", quien los unió para lograr la gobernación de Buenos Aires entre 1829 y 1837.
Extractado de " Raíces de mi Tierra Litoral " - Subsecretaría de Cultura de la Pcia de Sta Fe, en coordinación con el Ministerio de Educación y Cultura. Año 1992.

Su Historia
La palabra gaucho nos hace pensar en un hombre de campo, tostado por el sol, vestido de manera peculiar y siempre a caballo.
Jinetes de pantalones amplios llamados " bombachas ", camisa, casaca corta , pañuelo al cuello, relucientes botas y sombrero. Para nosotros. que admiramos su cinturón recubierto de monedas y los adornos de la cabezada del caballo, ese hombre que trabaja en la campaña, es el gaucho, aunque también lo oigamos llamar paisano o peón.




Los Primeros GAUCHOS :
Hacia el año 1600, aparecen en el Litoral los GAUDERIOS o CHANGADORES. Estos fueron los primeros gauchos. Pocos años después los encontramos ya en la campaña bonaerense.
El ganado cimarrón tuvo mucho que ver, con la presencia del gaucho en estas tierras. En efecto, había por entonces en las desiertas llanuras pampeanas, miles de cabezas de vacas y caballos salvajes , sin dueños, denominados cimarrones. Y esos hombres que luego se llamaron gauchos empezaron a alejarse hacia la campaña donde podían subsistir sin mayor esfuerzo, pues con ese ganado de nadie satisfacían sus necesidades de sustento. Para comer bastaba con faenar un animal; lo demás lo brindaba la naturaleza : no les hacía falta nada más. De este modo empieza a dibujarse la imagen del gaucho libre , sin trabajo ni vivencia fija , recorre a caballo grandes distancias y duerme al descampado sobre su recado cuando lo sorprende la noche en la soledad de la llanura. Lleva una vida nómade y apartada de las ciudades.
Por entonces , las autoridades dan permiso a los dueños de tierras para realizar VAQUERIAS , es decir, para recoger y faenar el ganado cimarrón. El gaucho trabaja en ellas y debido a las expediciones que tienen que hacer para buscar el ganado , se van alejando cada vez más de los centros poblados y se diseminan por las pampas. Fueron pues los primeros paisanos que fundaron una sociedad campesina.
Sabemos que hacia 1661, el gaucho deambula de rancho en rancho (así se le decía a su rustica casa) , con sus infaltables lazos y facones , vestido con calzoncillos blancos , chiripá , poncho y sombrero. Tales prendas y los aperos de su caballo son los únicos bienes del gaucho , para quién la sociedad se reduce a la familia y a los compañeros de pulperias.
Su primitiva casa era un miserable refugio , pero a medida que se afinca , el gaucho levanta el rancho de paredes de barro y cubre la puerta con un cuero. Ese rancho pobre y pequeño que todos dibujamos en los primeros grados de la escuela. Como le bastaba matar una vaca o novillo para alimentarse , comía casi exclusivamente carne - asada y sin sal - , porque ésta era muy cara. Del animal sacrificado solo aprovechaba un trozo de carne y el cuero de las patas para hacerse un par de botas para canjearlo por yerba , galletas , etc.
Tal tipo de existencia continuó hasta que a principios del siglo XVIII el ganado cimarrón había disminuido tanto por causa de tales matanzas, que las autoridades dejaron de otorgar permisos para vaquear.
Las botas de potro y las espuelas de plata o hierro fueron típicas de nuestros gauchos. Aún hoy los paisanos se enorgullecen al lucirlas. La bota de potro , abierta en la punta , se hace con el cuero de la pata del caballo , que es muy flexible. La abertura ( por donde pasó la tibia del animal ) permite al gaucho estribar con los dedos.



Comienzan los cambios :
Cuando se fundó la ciudad de Buenos Aires se repartieron las tierras , las más extensas y alejadas se llamaron ESTANCIAS. Al principio, los límites entre una y otra eran simplemente los ríos y arroyos, aunque a veces se construyeron zanjas divisorias.
Durante el Virreinato comienzan a crecer las estancias en " Tierra adentro ", o sea , en lugares aún más apartados y hasta poco antes en poder de los indios.
Las autoridades apoyaban su instalación para evitar la merma de ganado provocada por la vaquería, pues, si los animales tenían dueños ellos , se encargarían de cuidar que subsistieran. Las nuevas estancias ocuparon buenos terrenos , altos con declive para que el agua de lluvia no se estancara y provistos de aguadas naturales. Los deños no la dirigían personalmente sino que delegaban el mando en mayordomos y capataces.
En ellas vivían en pobbres ranchos los esclavos y los gauchos que trabajaban como peones. Como esas estancias tampoco tenían cercos , era necesario "aquerenciar" el ganado , es decir aprovechar la costumbre de éste de permanecer en un sitio determinado. Para lograrlo, durante tres o cuatro meses se los arreaba hacia lugares apropiados. Como tales rodeos iban constituyendo el ganado de la estancia.
El aumento del número de estancias causó otra modificación en las costumbres del gaucho comenzó a abandonar la vida nómade y a conchabarse para trabajar. El era quien mejor sabía realizar las nuevas tareas que la estancia requería , formar rodeo, castrar y marcar hacienda. Sin embargo, en cuanto reunía el dinero que necesitaba para comprar sus "vicios" (yerba o tabaco) volvía a la vida libre, por esta razón se los llamaba también " arrimados " .
Pero con tales transformaciones se le hará más difícil mantenerse como el diestro jinete dueños de la llanura. En efecto, ya en las primeras décadas del siglo XIX, las estancias mejoran sus instalaciones y aumentan su personal, porque cada vez se intensifica más la exportación del cuero y el interés por la explotación de la carne vacuna. Se inicia asimismo el cultivo de los campos y la mejora de las razas por cruza con animales importados.
Abandonado el antiguo rodeo, el gaucho debe entonces adaptarse a la situación; ya no domina con su rápido lazo el ganado salvaje , ahora cuida la hacienda mansa de las estancias.

El gaucho en las guerras de la Independencia:
Cuando el país llamó a sus hijos para luchar contra España , después del 25 de mayo de 1810 , los gauchos ingresaron en las filas patriotas. La audacia , la habilidad para cabalgar y el enorme conocimiento del suelo , hicieron de él un excelente soldado.
Guío a los ejércitos nacionales a través de nuestro territorio y con ellos peleó en el Alto Perú a las órdenes de Belgrano o con San Martín en Chacabuco y Maipú.
En el norte del país otros hombres defendieron con gran destreza y valor las fronteras de nuestra patria naciente , se les llamo los " gauchos de Gúemes " .

El Gaucho y los Caudillos :
Más adelante , también participaron en las guerras civiles al lado de los caudillos. Por una parte, el gaucho sentía al caudillo como a un hombre con sus mismos gustos y parecidas costumbres.
Pero hubo además otras causas que empujaban a los gauchos a unirse a estas tropas.
Ya desde principios del siglo XIX , a raíz de una ley expedida en 1815 , se dispuso que quien no tuviera propiedad legítima sería considerado sirviente , y todo sirviente que no llevara consigo la papeleta de conchabo de su patrón , que era válida sólo por tres meses , era declarado vago. La persecución que originó esta ley, convirtió a muchos gauchos en hombres al margen de la sociedad; ante esta situación los gauchos encontraron que, junto a ls caudillos estaban protegidos.
Entre huir de la justicia hacia las tolderías de los indios o engancharse en las filas de un caudillo, muchos prefirieron esto último ; de ese modo aparecen peleando junto a Artigas , Ramírez y López en el Litoral , con sus propios caballos y armas , organizados en grupos pequeños que atacan en forma imprevista.
Durante el federalismo , el gauchaje se dividió , unos fueron partidarios de Rosas y se alistaron en sus filas , mientras otros se plegaron a las tropas unitarias. A la caída del Restaurador , volvemos a encontrarlos al lado de Urquiza.
También en el oeste , en las provincias de Cuyo y en la Rioja , caudillos como el Chacho Peñaloza y Felipe Varela , contaron con el decidido apoyo de los campesinos.

El gaucho desaparece
Todos los hechos señalados y los que van a producirse desde 1850 , transforman poco a poco al gaucho en paisano.
Por esa época comenzaron a alambrarse los campos para señalar sus límites y los propietarios de ganado se volcaron en contra de los gauchos que mataban animales ajenos. Muchos se vieron condenados a viajar por los caminos bordeando los campos sembrados , con la amenaza constante de ser apresados sin la papeleta de conchabo , el certificado de trabajo , y sufrir calabozo o cinco años de milicia.
A esto se suma la inmigración, miles de campesinos extranjeros se afincaron en la campaña. Como se adecuaban mejor al trabajo de la tierra , desplazaron al gaucho. Fue entonces cuando éste debió elegir su futuro , algunos no aceptaron perder su forma de vida sin sujeciones, otros quedaron en las estancias trabajando como peones.
Entre el gaucho de las vaquerías y el paisano de este momento, no hay tanta distancia en años como en el cambio que se produce en el personaje.
El gaucho fue el hombre típico de nuestros campos y también la causa de discusiones y polémicas. Muchos escritores y ensayistas lo pintaron como holgazán , vago y bandido. Otros en cambio , exageraron sus virtudes y exaltaron su vida libre y sin ataduras. Hoy se tiende a comprender que la existencia del gaucho fue consecuencia del ambiente y de la época en que vivió.




La vestimenta del gaucho
La figura del gaucho no puede separarse de su vestimenta. Así como la llanura fue su ambiente y el caballo su medio de movilidad , el traje lo individualizó.
Recortado contra el paisaje pampeano , parado en la puerta de su rancho o empeñado en un juego de taba o bebiendo en la pulpería , el gaucho es ese hombre callado que hace sonar con orgullo , al caminar , las espuelas que lleva sobre su botas de potro.
Muchos pintores de la época sintieron la necesidad de retratarlos en distintas actitudes. En todos esos cuadros resulta admirable el porte del gaucho , luciendo sus calzoncillos amplios y con grandes bordados calados que asoman debajo del chiripá y que sujetan a su cintura con un cinto.
Del mismo modo, lo vemos trabajando en el corral, protegido por un poncho de lana de brillantes colores, que a veces usa recogiéndolo sobre el hombro a manera de capa , o enroscado en el brazo , como para pelear.
Pero imaginémoslo también vestido de fiesta , luciendo con orgullo su chaleco abierto , prendido con dos botones , que deja ver los pliegues de la camisa ; o bien bailando un cielito , enfundado en la casaca corta que adornaba con botones de plata y con lujosa rastra en la cintura. Protegía su nuca con el pañuelo serenero que coronaba con un sombrero de copa alta. Esta es la figura que todos recordamos a través de dibujos y otras evocaciones gauchescas , pero hay diferencias entre la ropa que usaron los primeros gauchos y los de épocas posteriores , el chiripá reemplazó al primitivo pantalón corto de tipo andaluz y el tirador tachonado de monedas y patacones de plata , reemplazó al cinto.
Por otra parte, el cuchillo , en lugar de usarse sujeto al costado izquierdo o adelante , se empezó a colocar sobre los riñones , enganchado al tirador , como lo llevan actualmente nuestros paisanos.

Los trabajos del gaucho :
El gaucho y su caballo son casi una misma imagen , nada hacía el gaucho sin su caballo y nadie montaba como él . Mostraba en ello una naturalidad que sólo puede conseguir quien desde niño prefiere cabalgar antes de caminar.
Caballo , lazo , rebenque y boleadoras lo acompañaban en todas sus andanzas.
Los primeros gauchos cazaban vacas con el lazo o las boleadoras para sacarles el cuero. Mas tarde, cuando ingresaron a las estancias , el trabajo aumento y se hizo más variado.
El gaucho entonces, no tuvo rival en el rodeo , ni en la doma , ni en la yerra , y fue un experto en enlazar y pialar.
En la yerra enlazaba a la presa con verdadera maestría , bien afirmado sobre el recado , revoleaba el lazo con movimientos precisos y luego arrojaba en dirección del animal. Este quedaba aprisionado por la cuerda de cuero para que otro gaucho pudiese pialarlo , es decir , sujetarle las manos y voltearlo.
También era hábil en el rodeo , que en esta época consistía en reunir al ganado en un lugar para revisarlo , separar animales para la compra y la venta o vigilar su estado.
Con las boleadoras su puntería también era infalible , podía bolear un ñandú o un novillo a grandes distancias.
Las boleadoras , el lazo y el rebenque , junto con el cuchillo , fueron para el gaucho herramientas de trabajo y también armas. Basta recordar que durante las Invasiones Inglesas y la Reconquista , los ingleses cayeron atontados al ser enlazados o boleados por los gauchos .
Y con el rebenque , que lleva adentro de la funda de cuero bien trenzado una barra de metal , podía matar de un solo golpe. Nunca se separaba de él.
A todo esto debemos agregar que el terreno no poseía secretos para el gaucho. En una sola ojeada reconocía una huella , o seguía un rumbo guiado por árboles o pastos. Se orientaba también por la posición de los astros o algunas aguadas , y su finísimo oído apoyado en la tierra lo ponía sobre aviso de la proximidad de los indios. Estos magníficos guías , que podían conducir sin dificultades a los viajeros a través de la pampa se llamaban " baquianos " , y de ellos se dijo que eran " la brújula de la pampa " . Durante las guerras de la Independencia , fueron muy útiles al ejército criollo , pues nada más que por el movimiento de los animales o los casi invisibles desgarrones en las plantas , podía informar del paso del enemigo y hasta decir cuántos hombres eran.

Las diversiones : La taba , las carreras de caballos y de sortijas, las payadas, el pato, la riña de gallos, la caza de avestruces, los juegos de naipes, fueron todas diversiones de los gauchos.
La pulpería era su principal centro de reunión y el lugar donde pasaban muchas horas probando su suerte en juegos de azar , mientras alguno punteaba en la guitarra un melancólico yaraví y otros se convidaban con aguardiente.
El pulpero atendía a sus clientes detrás de una fuerte reja , que dividía el negocio, porque a menudo había peleas y no era cuestión de que le destrozaran la mercadería.
Estos establecimientos eran también almacenes y tenían frente a la casa una cancha para el juego de carreras , que fue uno de los entretenimientos favoritos del gaucho.
En las carreras intervenían dos jinetes , que iban en camisa ,descalzos y con una vincha en la frente para sujetar el cabello.
Montaban en pelo a sus caballos y mientras los espectadores hacían sus apuestas se preparaban para la largada. A la orden de los jueces partían al galope a través de los 300 ó 400 metros , que debían recorrer. Las riñas de gallos fueron otro pasatiempo predilecto. En este juego se enfrentaba a dos gallos especialmente entrenados para la pelea y se los hacía luchar hasta que uno de ambos moría.
Aunque hoy nos desagrada la crueldad de esta diversión , los gauchos se entusiasmaban y eran capaces de apostar todo cuanto tenían.