jueves, 19 de marzo de 2009

Início dos Sete Povos das Missões




Ao final do século XVII, devido aos constantes conflitos de fronteira entre Portugal e Espanha, os jesuítas resolveram concentrar a população indígena convertida numa área onde estivesse mais segura, e escolheram, para isto, a zona localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul.

Os habitantes das diversas reduções jesuíticas foram transferidos para essa região, dando origem aos "Sete Povos das Missões": São Francisco de Borja (fundado em 1682), São Nicolau (1687), São Luiz Gonzaga (1687), São Miguel Arcanjo (1687), São Lourenço Mártir (1690), São João Batista (1697) e Santo Angelo Custódio (1796). Algumas dessas povoações situavam-se em locais que haviam sido anteriormente ocupados por reduções jesuíticas, mas que tinham sido abandonadas devido aos ataques de bandeirantes.

Com a formação dos Sete Povos, a obra dos jesuítas atingiu o seu apogeu. A agricultura e a pecuária desenvolveram-se e, em 1691, um missionário informava que "tantos bois, vacas, terneiros e cavalos (há) em nossos campos que tu em muitos lugares, nada mais vês, de tanto gado gordo e bonito".

Mais adiante, comentava que "dentro dos aldeamentos o Padre Missionário distribui, gratuitamente, duas vezes ao dia, a carne que os índios precisam", deixando claro que os animais eram criados para abate.

Não era apenas com a conversão e alimentação dos índios que os jesuítas se preocupavam. Vindos da Europa, onde havia um considerável desenvolvimento do artesanato, os padres procuraram incutir nos indígenas uma mentalidade que valorizasse o trabalho manual.

O aprendizado de uma profissão era constantemente incentivado e, desde a infância, os índios eram orientados para a escolha de uma atividade agrícola ou artesanal. Além de habituarem os nativos ao trabalho, os jesuítas procuravam com isto tornar as missões auto-suficientes, independentes das possessões portuguesas e espanholas que as cercavam, e que sempre olhavam com cobiça seus índios e seu gado.

É difícil, porém, estabelecer o grau de relacionamento comercial entre as missões e as possessões espanholas (a que estavam legalmente vinculadas). Segundo Lugon, autor da obra de maior fôlego sobre o assunto, as reduções exportavam diversos artigos, dentre os quais peles, couros curtidos e arreios, para Buenos Aires, Corrientes, Santa Fé, Assunção e Vila Rica; e importavam produtos manufaturados e metais.

Ainda de acordo com Lugon, a importação de manufaturados quase cessou, assim que as oficinas das missões foram convenientemente aparelhadas, permanecendo somente a importação de metais.

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